Deficiências do setor leiteiro são tema da palestra do Presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA
A resposta é simples, porém extensa e desafiadora. Assistência técnica, mão de obra qualificada, pagamento por qualidade, logística, sanidade, redução do PIS/CONFINS, entre outros. Estas questões estão sendo debatidas, nesta quarta-feira (05/07), em Uberlândia (MG), pelo presidente da Comissão de Pecuária de Leite da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Rodrigo Sant’Anna Alvim. O representante da Confederação é um dos palestrantes da 15ª Interleite Brasil. O evento reúne técnicos e especialistas do setor lácteo para discutir melhorias, desafios e a competitividade brasileira e mundial.
Para Rodrigo Alvim, a atividade leiteira é muito complexa e por isso depende de muitos fatores para sua produção. Ele observa que muitos produtores são carentes de informação básicas para o sistema produtivo. “A baixa orientação técnica contribui para os baixos índices de produtividade e rentabilidade”.
Segundo informações do Censo IBGE 2006, as principais fontes de informação do pecuarista são: programa de televisão (40%), vizinhança (19,4%), curso do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR) (18,6%), treinamento (cursos, palestras) (11.8%) e outros (10.2%).
O presidente acrescenta que além das informações, 77.8% dos estabelecimentos rurais, neste setor, não recebem nenhuma orientação técnica. “Nós da Comissão trabalhamos com os produtores de forma a capacitá-los, por meio de um plano de trabalho. Fazemos visitas mensais e continuas”, ressalva Alvim.
Outra grande preocupação dos pecuaristas é a qualificação no campo. A população rural está diminuindo. Falta gente e sobra trabalho. Rodrigo Alvim fala que estudos feitos no Brasil e no exterior comprovam que o pagamento pela qualidade do leite é a ferramenta mais eficiente para melhorar a competitividade. “Isso se reflete na mão de obra qualificada e numa melhor produtividade”, complementa.
A logística também é um fator extremamente importante. O presidente comenta que a CNA criou o Índice de Vulnerabilidade de Transporte (IVT) para priorizar os municípios quanto à necessidade de investimentos na malha viária de estradas vicinais. “Enquanto a Argentina e Estados Unidos pagam em média de US$ 14 a US$ 23, respectivamente, em transporte de carga, o Brasil paga US$ 92. Isso mostra o tamanho dos custos”, exemplifica Alvim.
Para ilustrar o tamanho da deficiência logística, o presidente observa que de 2003 a 2013, as taxas de custos de logística no nosso País cresceram em 228,6%. Para se levar uma tonelada de carga de Sorriso (MT) ao Porto de Santos (SP) o custo é de 145 dólares. Do Porto à China, o custo é de 45 dólares. Um total de 190 dólares a tonelada. Enquanto para se levar a mesma tonelada de Illinois (Estados Unidos) ao porto de New Orleans (Estados Unidos) o custo é de US$ 25. De New Orleans para China, o valor é de 46 dólares. O custo total é de US$ 71. “O custo do Brasil é mais que o dobro dos Estados Unidos. É uma competição desleal”, finaliza Alvim.
Fonte: Assessoria de Comunicação CNA