Os produtores de leite, pelo tempo que mourejam no setor, árdua tarefa de abastecer o mercado, ou seja, a sociedade consumidora, com o mais substancioso alimento, alimento de todas idades, categorias sociais, por preços sempre aviltados, abaixo, portanto, do custo de produção, estão na atual conjuntura, conjuntura de política de inclusão social, bastante badalada pelo governo, a carecerem de uma política especial, não essa de distribuir diretamente dinheiro para os milhões de patrícios í beira da penúria; mas outra assegurada pela constituição cidadã de Ulisses Guimarães, presidente da própria constituinte de 1988, que a elaborou, consoante reza seu artigo 187, pois, todos participam da faina laboriosa incorporadora de riqueza ao PIB. Ao assim procederem, ajudam a acionar o crescimento econí´mico do país, atualmente um tanto estagnado, estagnado não por culpa do setor primário, melhor, a agropecuária, pois esta incorpora, nesta safra, ora colhendo, 284 bilhões de reais, ao PNB, 10% a mais do que a colhida em 2012, segundo anuncio do próprio Governo, via Ministério da Agricultura. Agregando a ela, a produção leiteira, do último ano: 32 bilhões de litros, pode-se ter uma visão da força do Agronegócio, na construção da grandeza, progresso e bem estar nacional. Alem do mais, é preciso levar em conta que o processo de maturação, no setor secundário, por natureza, sempre foi mais demorado do que na agricultura, nela, é praticamente imediato; o danado é que, são gravosos, altamente perecíveis, sujeitos í variações abruptas de ofertas e de preços, em espaços curtos de tempos, por isso mesmo, carece o produtor de leite de proteção especial, como a prevista pela magna constituição, para não ser massacrado pela intermediação gananciosa; no entanto, a lei, até hoje, nunca saiu do papel, de sorte que, a inação do governo tornou a intermediação, a cada dia, mais abusiva. Desse modo, impera, na comercialização da produção leiteira, o principio da plutocracia, reino absoluto do mais forte: de um lado, poucos, mais instruídos, organizados, unidos, com alto poder de pressão, do outro, os leiteiros, pequenos, dispersos, desunidos, desorganizados, com baixo poder de barganha; desse modo, vendendo o leite resfriado, abaixo do custo de produção. Com efeito, entrega o precioso alimento, em média, a 75 centavos o litro, enquanto ele lhe custa um real e dez centavos. Impera, portanto, na lide leiteira, uma política de inclusão social, í s avessas, do menor, no caso, o pequeno produtor, responsável pela quase totalidade da produção nacional, para o cartel de laticínios, chefiado pela Nestlé, principal compradora de leite in natura. De forma que leitor, enquanto o governo procura, de um lado, melhorar a situação social de milhões de patrícios, por meio do paternalismo, subtraindo o PIB, os produtores de leite, são esmagados pelo cartel guloso, tornando seu capital selvagem e o leite, por corolário, amargo, sobremodo amargoso, por isto, clamam por política de inclusão social diferente, sem paternalismo, somando-se ao PIB, porém assegurando, preços justos í classe rural geradora da riqueza, consoante determina a lei. Em meio a isto leitor, uma novidade, enquanto esse processo espoliador, desumano de comercialização, medra impunemente aqui, na pequena Nova Zelí¢ndia, país da comunidade brití¢nica de nações, funciona, com força de progresso, processo de produção e comercialização legal, humano, onde o produtor tornou-se, de fato, de modo diferente daqui, agente e beneficiário de sua faina laboriosa, ao vender, de forma organizada, por meio do associativismo, sua produção já beneficiada, ao comercio distribuidor daquele país e ao mundo, pois exporta a maior parte de sua produção. O mesmo poderia estar sendo feito aqui, cumprisse o estado, tanto os postulados da lei, no que diz respeito a produção e organização dos produtores, como fazia a Embrater, em interação com os serviços estaduais de extensão, infelizmente, destruído pelo governo do senhor Collor de Melo, ao desmantelar aquela empresa. A sua extinção, enfraqueceu os serviços nos estados, mormente, onde predomina a politicagem e, dessa forma, a organização, união, por meio de associações, já ensaiando, naquele tempo, os primeiros passos, no que diz respeito ao processo de compra dos insumos prioritários e venda da produção, em conjunto, esboroou no ermo sem termo. Com efeito, tudo voltou í estaca zero, precisa, portanto, ser reativado, a começar pela mobilização da rede de extensão rural, e, esse gesto altivo, está a carecer da disposição da senhora presidenta da república, criando, ao que parece, uma Agencia Nacional de Assistíªncia Técnica e Extensão Rural. Todavia, voltando í Nova Zelí¢ndia, considero oportuno historiar que, a FAEG promoveu várias excursões aquele país para conhecer a sua experiíªncia na área de laticínios, e, desenvolve-la aqui, com as devidas adequações, mas, ao que tudo indica, elas, as excursões, ficaram apenas no plano turístico. Acontece que um grupo associativo, de lá, resolveu implantar, na divisa da Bahia com Goiás e Minas Gerais, projeto similar, nos mesmos moldes, destinado a produzir, processar e vender direto, em Brasília e outros centros consumidores, a produção já industrializada. Essa experiíªncia pioneira pode servir de exemplo demonstrativo, espelho, para governo e produtores daqui, na montagem, de uma política de industrialização, de pelo menos a metade do leite, no município, e comercialização direta com a rede de supermercados, mercearias, padarias, exorcizando a intermediação gananciosa de, pelo menos, 50% da produção municipal, agregando mais valor, gerando serviços, trabalho e impostos, in loco. A nação tem vocação leiteira, por dádiva da própria mãe natureza, os milhões de pequenos produtores que fazem dela, uma das maiores fonte de riqueza deste país, gigante pela própria natureza, mesmo esbulhado, também, pelos corruptos, inimigos viscerais da democracia, continuam na luta renhida, a faina laboriosa alimenta a sua esperança, por esse motivo, clamam eles por uma política de preços justos, para sua produção leiteira. Os recursos do fundo constitucional foram instituídos para incentivar, racionalizar, beneficiar, tanto a produção como os seus protagonistas, libertando-os do malsinado processo impositivo de troca, onde o produtor, com a boca na botija, vem sendo alijado, por décadas. Embora construtores dessa imensa riqueza, foram sempre marginalizados, excluídos dos benefícios gerados por ela, parasitados pelo cartel espoliador. Isso sempre ocorreu, por falta de política maiúscula, como determina a própria constituição em seus artigos 174 e 187; falta de liderança classista, liderança essa, manietada, cerceada, pelo processo viciado de eleições, sem competição, alterní¢ncia, lembrando, muito mais, a era do totalitarismo soviético do que a novel democracia. Embora a lei devesse cavalgar os governantes, consoante Rousseau, os governantes cavalgam-na. A nossa gente, mesmo infí¢ncia e juventude, continuam vítimas da educação, pois o ensino da política: moral e civismo, ética na política, caminha ignorado, por quase todos patrícios, em plena aurora do terceiro milíªnio. Discorda leitor? Discordar faz parte, segundo Hans Kelsen, filósofo político, de origem Polonesa, do autíªntico jogo político, faça também seu brado de alerta contra a intermediação gananciosa. Hans, se fez cientista emérito do mundo, pela sua peregrinação, como professor, por várias universidades, entre as quais, HARVARD e Califórnia, faleceu em Berkeley, EEUU, em 1973. A democracia deve ser exercitada, a cada dia, mais e mais, e nunca escamoteada, uma só patota manipulando a classe, legislando em causa própria. A alterní¢ncia do poder, constituí sua marca registrada. Desse modo, os produtores estão a clamar por direitos lídimos, fundados no próprio jogo democrático, o sol brilhando para todos.
http://www.dm.com.br/texto/105996-produtores-de-leite-clamam-por-polatica-de-preao-justo