#Produtor reclama de laticí­nio pelo desperdí­cio de leite

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Meu pai completará esse ano 64 anos de idade, grande parte deles dedicados í  produção de leite, seu ofí­cio desde sempre e provavelmente, para sempre! Durante toda minha vida ouvi dos vizinhos, dos leiteiros, dos amigos, parentes… que o leite mais asseado, o produtor mais cuidadoso com o rebanho, mais zeloso com os equipamentos, enfim, o leite mais gostoso pra levar pra casa é o que o meu pai tira!

Bom, desde que me entendo por gente, acho um absurdo ele receber em torno de 25% do valor do litro do leite encontrado nas prateleiras do supermercado. Mas isso é assunto para outro debate.

O que aconteceu nesse feriado me deixou profundamente indignada, e não tem a ver com esse valor, foi o descaso do LATICíNIO VIDA, que capta a sua produção há uns 10 anos, quando ele se mudou para a região, í s margens do Rio Caiapó, próxima í  ponte da GO-221, entre Iporá e Palestina de Goiás.

A produção não é grande, ele tem tirado atualmente, pouco mais de 150 litros por dia e por exigíªncia sei lá de quem, possui um tanque que mantém o leite resfriado, com capacidade para 500 litros. A cada dois dias um caminhão do laticí­nio busca a produção, dele e dos produtores da redondeza. Alguns vizinhos possuem tanques maiores, com capacidade para até 2 mil litros e esses normalmente recebem o leite dos que produzem menos e não possuem tanque para manter a produção resfriada.

Na última quinta-feira, 28/3, aproveitando o feriado, cheguei logo de manhã e meu pai, que já tinha terminado a «lida» com o leite, estava tentando falar no escritório do laticí­nio para saber se o caminhão iria naquele dia, já que a última coleta tinha sido feita no domingo e o tanque já estava cheio, somando a produção de segunda, terça e quarta-feira. O leite tirado naquele dia estava nos latões, fazendo revezamento com o tanque, para manter o resfriamento necessário.

Diante de várias tentativas de contato, todas frustradas, meu pai decidiu, já no iní­cio da tarde, levar o leite dos latões para um vizinho, que possui um tanque de 2.000 litros e, mesmo com o tanque quase cheio, o vizinho recebeu a produção dele, anotando para o laticí­nio a quantidade recebida. Na sexta-feira, a tradição religiosa impede a maioria dos produtores de tirar o leite, mas, segundo recomendações do próprio laticí­nio, o leite não pode ficar mais que 3 dias no tanque. Meu pai insistiu na tentativa de falar com o escritório, com o gerente, com o encarregado dos caminhões, com qualquer pessoa que pudesse esclarecer o que estava acontecendo, em vão!

No sábado, com uma produção ainda maior, nada de caminhão, nada de notí­cias, nada de atenderem os telefonemas, nada… O que fazer com o leite? Mais uma vez na tentativa de mantíª-lo conservado, colocou os latões no carro e levou para o vizinho. O tanque do vizinho, que também não estava recebendo o caminhão normalmente, estava cheio, mas o mesmo, acreditando que o caminhão viria naquela tarde, sugeriu ao meu pai que deixasse o leite lá, nos latões, o que foi feito.

No domingo, mais cento e tantos litros sem ter onde colocar, mais algumas tentativas de notí­cias do laticí­nio e nada… Eis que no iní­cio da tarde chega o caminhão. O motorista fez uma análise no leite e verificou que ele já não poderia ser levado, já não servia para consumo, anotou as quantidades, mais de 600 litros e disse que meu pai deveria jogar tudo fora, que o laticí­nio iria pagar, mas que não poderia colocar aquele leite no caminhão.

Meu pai acorda as 4 da manhã, mesmo com chuva, mesmo gripado, mesmo com dor nas costas, dor nos pés, mesmo nas madrugadas mais frias, para depois o laticí­nio simplesmente mandar jogar no buraco 600 litros de leite? E acha que é suficiente dizer: não se preocupe, vamos pagar!

E para piorar, como acontece todos os anos, a produção da quinta-feira santa é destinada a doação, atualmente destinada a ACCI (Associação de Combate ao Cí¢ncer em Iporá), termo assinado e passado ao laticí­nio na semana passada. E aí­? O leite produzido na quinta-feira foi para o buraco!!!

Revoltante! Nem questiono a incompetíªncia logí­stica do laticí­nio, imprevistos acontecem, não temos as melhores estradas, temos consciíªncia que os caminhões podem atolar, quebrar, estragar… Então atrasar um dia, dois é perfeitamente aceitável, mas uma semana inteira? E ainda pior, a não satisfação, simplesmente ignorar um produtor, que busca notí­cias, que busca informações do que está acontecendo é muita falta de respeito!

Se eles tivessem assumido a incompetíªncia desde quinta-feira, tenho certeza que meu pai não mediria esforços em colocar o leite no carro e levar logo cedo, para a ACCI ou para qualquer lugar, onde não faltariam pessoas sedentas por aquela produção. O leite seria totalmente aproveitado e não aconteceria o absurdo que segue nas imagens abaixo, que ele foi obrigado a fazer, já que não teve escolha.

Lamentável saber que, além do descaso do governo em deixar as estradas cada vez piores, além do preço mí­sero pago pelo leite, ainda nos deparamos com isso, com a incompetíªncia de pessoas desumanas, desrespeitosas com o próximo, que nos obriga a jogar no buraco (literalmente) a produção de tanto leite, de tanto esforço.

Ah, soubemos que todo o leite do vizinho, do tanque de 2.000 litros, também foi jogado fora e outros tantos na região!

 

Laticí­nios Vida dá explicações sobre desperdí­cio de leite

A respeito da manifestação da senhora Lia Peres, a empresa Laticí­nios Vida, envia a seguinte nota:

O Vida Industria de Laticí­nios informa que a logí­stica de coletas de leite a a granel é realizada por empresas terceirizadas, credenciadas e orientadas para coletar leite apenas dentro das normas legais de qualidade.
O atraso de coletas são pertinentes a precariedade das estradas, pontes, mata burros…. etc da região nesta época de chuvas, ficando o veí­culo transportador atolado e muitas vezes obstruí­do de rodar por até 48 horas, sem mencionar ainda, o fato das constantes quedas de energia elétrica, ocasionado transtornos para toda cadeia produtiva e como conseqí¼íªncia, a perca da qualidade do leite, atrasos, gerando um aumento brutal do custo operacional. Toda esta falta de infra-estrutura traz prejuí­zos e desgastes que infelismente recaem apenas í  empresa de laticí­nio.
Informamos ainda que a doação citada vai ser sim repassada a ACCI, normalmente como é feito todos os anos, conforme autorização do produtor doador.
Fonte: http://www.oestegoiano.com.br/

 

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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