Mesmo com o procedimento, os nutrientes são mantidos na bebida. Técnica melhora a conservação do alimento, segundo os pesquisadores.
Uma técnica que diminiu o teor de bactérias presentes no leite sem alterar a composição química do alimento foi desenvolvida por pesquisadores do Departamento de Bioquímica do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo o bioquímico responsável pelo processo, Ricardo de Carvalho, a técnica é inédita no Brasil e também pode ser aplicada em outros alimentos.
A técnica consiste em colocar amostras de leite em cí¢maras de alta pressão, que eliminam as bactérias que contaminam o alimento. Para os testes, segundo o pesquisador, foram utlizadas bactérias Aeromonas Hidrofila, frequentemente presentes no leite e que podem causar infeccções gástricas e sintomas como febre alta e dores abdominais. Após alguns minutos dentro da cí¢mara, submetida a uma pressão quase 3,5 mil vezes mais alta do que a do nível do mar, a bactéria foi totalmente eliminada e os nutrientes do leite permaneceram.
Leite sem toxinas
Segundo Carvalho, essa técnica pode substituir o processo de pasteurização do leite, utilizado em indústrias, que submete o alimento í alta temperatura para eliminar bactérias. «í‰ comprovado que o calor não elimina todas as contaminações da bebida e além disso, reduz todas as propriedades do leite, como nutrientes importantes para o organismo humano», afirma.
O pesquisador afirma que o leite pasteurizado tem mais risco de ser contaminado, já que a alta temperatura não elimina as toxinas deixadas pelas bactérias. «No ambiente de alta pressão, além de matar as bactérias, conseguimos eliminar totalmente as toxinas, que causam as mesmas doenças para quem ingere o alimento», explica. No entanto, o leite deve ser submetido a pressão até seis horas após ser coletado, pois é o tempo de crescimento da bactéria.
Melhor conservação
A pesquisa, ao ser aplicada na industrialização, deverá melhorar o processo de conservação dos alimentos, principalmente dos mais perecíveis. Segundo Carvalho, além do leite, a técnica deverá ser testada também em carnes, queijos e sucos nos próximos meses, com a utilização de bactérias diferentes. O processo está em fase de registro de patente e ainda não tem prazo para ser aplicado em indústrias.
Fonte: G1