Pasto de qualidade garante boa produção

Share on twitter
Share on facebook
Share on linkedin
Share on whatsapp
Share on email

 
A falta de planejamento adequado na produção, armazenamento e utilização dos recursos forrageiros, que resulta na inadequada nutrição alimentar dos animais, é um dos motivos da baixa produtividade apresentada pela maioria dos rebanhos de leite e corte.

Nesta época do ano, quando muitos produtores rurais começam a preparar o solo para o plantio, é fundamental que se busque orientação sobre todos os processos necessários para o sucesso das pastagens. O déficit hídrico é apenas um dos muitos fatores que podem impactar na qualidade da produção.

Enquanto o Brasil se destaca no aumento dos números da produção de leite, carne e agricultura, registra-se também a redução das áreas de pastagens, com melhoria da produtividade animal na pecuária, mas com alta taxa de lotação dos pastos.

O Censo Agropecuário de 2006 aponta que a área de lavouras no país aumentou 83,5% em relação a 1995, enquanto a de pastagens reduziu-se em aproximadamente 3%, confirmando um modelo de desenvolvimento do setor com expansão das fronteiras agrícolas.

Em relação ao Censo de 1995, a área de pastagens reduziu de 178 milhões de hectares para 172 milhões em 2006, enquanto a área de culturas expandiu de 52 milhões para 76 milhões. Em Minas Gerais, a redução na área de pastagem foi de 25 milhões em 1995 para 20,5 milhões em 2006.

“É provável que a redução das áreas de pastagens continue, sendo, a intensificação do uso dos pastos e a aplicação de insumos para aumentar a produtividade, inevitáveis”. A afirmação é do zootecnista e pesquisador da Epamig, Domingos Sávio Queiroz, para quem a utilização das pastagens ainda é feita em bases empíricas.

“Os pecuaristas não se apropriaram das tecnologias disponíveis na exploração de pastagens, como tem ocorrido na agricultura, o que explica a alta ocorrência de pastos degradados”, afirmou.

Domingos Queiroz aponta a baixa escolaridade e/ou limitação financeira como dificultadores de acesso às tecnologias sobre manejo alimentar e utilização de pastagens. De acordo com ele, o sistema de alimentação deve ser melhorado com foco no aumento da produtividade do rebanho, produzindo reflexos diretos no aumento da renda e na capacidade de capitalização do produtor.

Normalmente, segundo ele, os solos utilizados com pastagens são aqueles que apresentam alguma limitação, como baixa fertilidade natural, acidez elevada, topografia acidentada e má drenagem.

Por isso, apresentam baixa capacidade de suprir nutrientes, resultando em níveis de produtividade muito baixos. “Poucos produtores adotam a adubação dos pastos, por não reconhecerem nessa prática retorno financeiro, o que explica porque a maioria das pastagens encontra-se degradada ou em degradação”.

Uma maior variedade nas forrageiras

A eficiência das gramíneas tropicais para produção de forragem é muito alta. Sob condições de adubação, durante o período quente e chuvoso do ano, são obtidas produções suficientes para manter 7 a 10 vacas/ha.

É provável que 99% da área de pastagens do Brasil seja coberta por gramíneas, mais conhecidas como capins.

Na África a origem

O especialista e professor da Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), Adilson Aguiar, explica que, em sua maioria, a origem das espécies e variedades dos capins forrageiros é o continente africano, que tem um dos climas mais áridos e secos do mundo.

Segundo ele, no Brasil, os tipos climáticos que se assemelham aos das regiões de origem dos capins africanos são o semiárido, encontrado no norte e nordeste de Minas Gerais, no nordeste de Goiás e em quase todos os estados da região Nordeste do país, que têm índices pluviométricos entre 400 e 900 mm/ano, e o tipo tropical de savana, no bioma Cerrados, com 1.000 a 1.800 mm/ano.

Para o clima semiárido, Adilson Aguiar, diz que a espécie forrageira mais adaptada é a Cenchrus ciliaris, conhecida como capim-buffel ou buffel-grass. “Essa é a espécie mais adaptada a déficit hídrico do mundo tropical”.

Outra forrageira recomendada para as condições semiáridas são as variedades e cultivares Andropogon gayanus, conhecida como capim-andropogon. Outra espécie utilizada com relativo sucesso é o capim-urocloa – Urochloa mosambicensis -, apesar da alta susceptibilidade às cigarrinhas-das-pastagens”. Já para o bioma Cerrados praticamente quase todos os capins africanos se adaptam bem ao tipo climático predominante.

Usos específicos

Criador de cavalo mangalarga marchador, no Haras Ishwara, onde a pastagem é formada por tifton e florona, o engenheiro agrônomo e especialista Maurício Araújo Ribeiro explica que, para as atividades mais intensivas de gado leiteiro e criação de equinos, têm sido priorizadas as gramíneas com melhor valor nutricional e teor de proteína.

Esse é o caso do grupo dos cynodons, que tem, entre outros, os tiftons, coast cross, vaqueiro e jiggs, e dos panicuns, com o mombaça, tanzânia, massai, aruana e outros.

Mauricio Araújo destaca que: “Tanto o os cynodons como os panicuns são muito bem aceitos pelos bovinos e equinos, e têm excelente valor nutricional, desde que pastejados na altura correta”.

No entanto, o engenheiro destaca que os dois tipos exigem fertilidade de solo e manejo bem técnico, além de um bom índice pluviométrico anual ou irrigação suplementar.

Já para o manejo mais tradicional de gado de corte ou leite, segundo ele, as variedades de capins aumentam significativamente. “Além dos já citados, inclui-se a família das brachiárias, que com exceção da humidícula e tanner grass, não são bem aceitas pelos equinos, podendo ser manejadas em sistemas intensivos, semi-intensivos ou extensivos, pois são um pouco mais rústicas, ou não tão exigentes em fertilidade de solo como os cynodons e os panicuns. Há também outras variedades como angola, andropogon e buffel.”

No semiárido, região de chuvas escassas, a palma se destaca como fonte de alimento

Numa região de estiagens prolongadas, como no norte de Minas, a palma forrageira é uma cultura bem adaptada, sendo alimento verde e suculento como alternativa para os rebanhos da região. A palma provê não apenas de nutrientes, mas também de um recurso escasso: a água. Apesar de ajudar na hidratação dos animais, o baixo teor de proteínas exige complemento alimentar para uma dieta balanceada.

De acordo com Adriano de Souza Guimarães, zootecnista e pesquisador da Epamig, apesar de os custos de implantação de uma lavoura de palma forrageira serem consideráveis, deve se enfatizar que esses são diluídos ao longo dos anos, por se tratar de plantas perenes, o que compensa o investimento. Segundo ele, o recomendado é que o produtor rural cultive pequenos canteiros, visando à produção de mudas para uso próprio na propriedade com o intuito de expandir, a médio e longo prazos, sua área de cultivo.

“A palma deve ser tratada como uma cultura nobre e produtiva, merecedora de investimentos especialmente em adubação, pois provê alimento e água em abundância para as regiões semiáridas”, disse Adriano Guimarães.

Nutrição

O zootecnista revela que o potencial de produção de leite/vacas em pastos tropicais sem suplementação concentrada ou com pequeno fornecimento de ração fica entre 8 kg e 12 kg de leite/vaca/dia e que o uso de animais mestiços, ao lado de sua adaptação às condições do ambiente tropical, proporciona a utilização de sistemas de produção de grande potencial de rentabilidade e ecologicamente mais desejáveis.

“Os genótipos compostos por 50% de holandês e 50% de zebu (F1 HZ) se adaptam às condições de criação em regime de pastagens no verão e suplementação volumosa no inverno, com produção de leite acima de 3 mil kg/lactação, sem comprometer a eficiência reprodutiva”. Segundo Domingos Queiroz, a produção dessas vacas é mais do que o dobro da média da produção de Minas Gerais, que é em torno de 1,4 mil kg/lactação.

“O diferencial do produtor que quer intensificar o uso do pasto é a habilidade para gerenciar o aumento de produtividade, convertendo o investimento no pasto em produto animal” – Domingos Sávio Queiroz – Zootecnista e pesquisador da Epamig

“Há manejos intensivos para gado de corte utilizando pivô central em pastagens de tifton e obtendo excelentes resultados” – Maurício Araújo Ribeiro – Criador de mangalarga marchador e engenheiro agrônomo

http://www.hojeemdia.com.br/noticias/for%C3%A7a-do-campo/pasto-de-qualidade-garante-boa-produc-o-1.345659

Mirá También

Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

Te puede interesar

Notas
Relacionadas