#Novos investidores podem reativar produção da Leite Nilza em Ribeirão

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Dinheiro da venda poderá ser usado para quitar rombo trabalhista.
Dí­vida da empresa de laticí­nios chega a quase R$ 500 milhões.

O antigo laticí­nio da Leite Nilza, que foi lí­der de mercado de leite longa vida no Estado de São Paulo e que faliu em 2012 está recebendo compradores interessados em reativar a produção. Nesta quarta-feira (24) um grupo de investidores esteve na unidade de Ribeirão Preto (SP) para conhecer o parque industrial acompanhado do administrador nomeado em abril deste ano pela Justiça para cuidar do patrimí´nio da antiga companhia. Um recurso enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) pelos antigos proprietários ainda tenta reverter a quebra financeira da indústria.

A dí­vida da Leite Nilza está estimada em R$ 500 milhões – 4 mil fornecedores e pelo menos 700 ex-funcionários ainda esperam receber pelos serviços prestados, segundo Alexandre Borges Leite, advogado e administrador da massa falida da empresa.

Segundo Borges, o objetivo é colocar o antigo laticí­nio para funcionar e comercializar parte dos bens da Nilza. A companhia tem no Estado de São Paulo a fábrica de Ribeirão Preto e em Minas Gerais as unidades de Campo Belo – que está arrendada – e  Itamonte, além de imóveis em Alfenas e Quartel Geral. O patrimí´nio é estimado entre R$ 200 milhões e R$ 300 milhões, segundo Leite.

O maquinário de Ribeirão Preto continua recebendo manutenção e, segundo o administrador, poderá funcionar em tríªs meses após a compra de insumos e ajustes em máquinas. Os aparelhos da fábrica, no entanto, foram dados como garantia de dí­vidas com bancos e estão penhorados. Borges negocia um acordo com os credores para poder concretizar a venda.

“Nós temos hoje tríªs investidores com potencial para adquirir os ativos da Nilza e para poder solucionar o problema imediato nosso, que é a venda de ativos para poder liquidar algumas coisas do quadro geral de credores. Antes de ter algum tipo de entendimento nós precisamos ter alguma conversa com os credores extra concursais, dentre eles alguns bancos, porque, por mais que exista a empresa montadinha, aqueles equipamentos não são da Nilza, são de bancos. Então, tem que se fazer um acordo com os bancos para resolver isso de uma forma plausí­vel e viável”, explica.

A dí­vida que levou a companhia a falíªncia chega a quase R$ 500 milhões com débitos com 4 mil fornecedores, segundo o administrador. Do valor, cerca de R$ 10 milhões são com pelo menos 700 ex-funcionários que não tiveram os direitos trabalhistas pagos. A venda da Nilza poderia ser uma esperança para esses antigos trabalhadores, de acordo com Borges. “A nossa expectativa é pagar 100% dos credores trabalhistas nesse projeto e voltar a funcionar as fábricas, em especial Ribeirão Preto, que é a que está mais apta”, afirma o advogado.

Além disso, também estão sendo colocados í  venda sucatas e um leilão para a venda de caminhões e frotas de carro que contam com duas caminhonetes SUVs importadas que foram apreendidas de antigos donos está sendo organizado. A Nilza também tenta recuperar 200 tanques que estavam em fazendas de produtores de leite e expediu mandados de busca e apreensão para carros e caminhões que estão desaparecidos.

Outro projeto é desmembrar a área de 250 mil metros quadrados do parque industrial de Ribeirão Preto. O plano é dividir o terreno, 107 mil metros quadrados ficariam para a indústria, 43 mil metros quadrados são destinados í  reserva ambiental e 106 mil metros quadrados do lote seriam vendidos para empreendedores imobiliários. O pedido já está em análise na Prefeitura da cidade.

“Inicialmente nós estamos tentando alguém da área para retomar as atividades, mas se não conseguir a gente vai tentar ao máximo otimizar os ativos da empresa visando tentar amenizar o prejuí­zo que foi causado por essa falíªncia da Nilza”, conclui Borges.

Tentativa de reverter a falíªncia
O advogado Marcelo Gir Gomes que defende a Airex, empresa que pertence a Sérgio Alembert e que administrou por último a Leite Nilza, afirmou que tenta reverter a decisão de falíªncia decretada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) em outubro de 2012. O desembargador do TJ Manoel Queiroz Pereira Calças entendeu que a empresa não teria mais condições de se reerguer.

Gomes tenta convencer os magistrados do STJ de que Sérgio Alembert teria condições de arrecadar R$ 45 milhões com parceiros e colocar a Nilza para produzir, gerando assim empregos. “Nós temos o nosso recurso e acreditamos muito nele. í‰ o mesmo argumento que se aplicou na Varig (empresa aérea que passou por processo de falíªncia) e conseguiu reverter a falíªncia, o do princí­pio social da empresa. Como pode uma empresa do tamanho da Leite Nilza ficar fechada? Imagina quantos empregos essa empresa iria gerar?”, questiona.

O plano é terceirizar parte da produção da fábrica para outras empresas que usariam as instalações para fabricar seus produtos. Gomes afirma que com a verba a Nilza pagaria a sua folha de funcionários e voltaria a produzir.

Ele também afirma que as dí­vidas trabalhistas seriam pagas com a venda de bens móveis, que não prejudicariam a produção da fábrica. “Todos os credores serão pagos, mas isso depende do administrador conseguir vender artigos para pagar as dí­vidas trabalhistas e demora um pouco. Eu não posso precisar quando isso vai acontecer”, disse.

Da liderança a quebra
Em 2004, a Leite Nilza surgiu da organização de sete cooperativas. Em 2006, ela foi comprada por Adhemar de Barros Neto, que iniciou um plano de expansão. Dois anos depois, a indústria de laticí­nios comprou as unidades de Itamonte e Campo Belo, em Minas Gerais, da Montelac Alimentos S.A.

No auge, a Leite Nilza chegou a processar 1,5 milhão de litros de leite por dia em suas tríªs unidades, que contavam com mil profissionais. Em 2008, mesmo ano das aquisições, veio a crise no setor leiteiro brasileiro e a dificuldade de obtenção de créditos bancários com os problemas financeiros no setor imobiliário dos Estados Unidos. Para rodar o seu passivo, a empresa pegou empréstimos com factorings e teve sua dí­vida aumentada.

Em março de 2009, as contas do vermelho fizeram a indústria entrar com o pedido de recuperação judicial. No mesmo ano, o proprietário da Airex, Sérgio Alembert, entrou como dono da Nilza e foram feitas as primeiras demissões. Foram desligados 550 funcionários nas unidades de Ribeirão Preto (330 funcionários) e Itamonte (220 funcionários).

Em janeiro de 2011, o juiz da 4ª Vara Cí­vel de Ribeirão Preto decretou a falíªncia da empresa após constatar uma série de fraudes no processo de recuperação judicial e na negociação de venda da companhia para a empresa Airex, que aparecia em seus registros com sede em Manaus (AM), o que também chegou a ser investigado.

Cinco meses depois, a decisão de falíªncia foi revogada e 40 funcionários foram recontratados para trabalhar na Nilza. Foram feitos testes no laticí­nio, mas a produção comercial não chegou a acontecer, segundo o administrador judicial responsável atual pela massa falida.

Com a fábrica sem funcionar, o Tribunal de Justiça de São Paulo decretou em 30 de outubro de 2012 a segunda falíªncia, que dura até hoje. O desembargador Manoel Queiroz Pereira Calças afirmou que a Leite Nilza não tinha faturamento nem exercia atividades desde 2010 e, portanto, não teria mais tempo e meios de se recuperar financeiramente.

“A organização está esfacelada. O perfil funcional da empresa desapareceu; apenas restam bens. í‰ evidente o estado de insolvíªncia da Nilza e impossibilidade de superação da crise econí´mico-financeira”, decidiu o magistrado.

http://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2013/07/novos-investidores-podem-reativar-producao-da-leite-nilza-em-ribeirao.html

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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