A troca de ativos entre o Grupo Marfrig e a BRF Brasil Foods começa a dar os primeiros resultados. A Seara Foods, empresa de aves, suínos e industrializados da Marfrig, já tem fabricação própria de pizza, aumentou seu portfólio de produtos com marcas de boa receptividade e estreia no segmento de margarinas.
A mudança na produção de pizzas ocorreu com a vinda da unidade de Lages (SC), na primeira etapa da transferíªncia em junho. Segundo o presidente (CEO) da Seara Brasil e diretor operacional (COO) da Seara Foods, David Palfenier, em entrevista í Agíªncia Estado, antes, por meio de parcerias (há dois anos com a McCain e no ano passado com uma empresa do Rio Grande do Sul), a empresa vendia de 100 a 120 toneladas/míªs somente de pizzas Seara. «Hoje já estamos produzindo de 900
toneladas/míªs – 700 toneladas (Seara) e 200 (Rezende). A unidade de Lages consegue atingir uma produção de 1,1 mil toneladas a 1,2 mil toneladas/míªs e temos potencial de chegar nisso», disse o executivo.
Com relação ao desempenho de vendas da marca Rezende, que completa hoje um míªs de comercialização sob a gestão Marfrig, Palfenier, apesar de não citar números, disse que a «demanda está forte e que na sexta-feira (27/07) tinham alcançado a meta do míªs». O otimismo se estende í s vendas de Doriana e Delicata, recebida na etapa de hoje (a terceira) do processo de troca de ativos.
«Elas são novidades no nosso portfólio e uma oportunidade muito grande, já que Doriana, principalmente, é uma marca muito conhecida e procurada pelos consumidores», declarou.
Palfenier explicou que, como o grupo não tem produção e nem fábrica de margarina, conforme o contrato firmado entre as empresas, a BRF vai fornecer os itens num prazo de 36 meses até a companhia decidir como fará a produção das margarinas. «Ainda não decidimos se teremos uma fábrica própria ou se será terceirizada. Mas dificilmente vamos fazer do leite uma categoria estratégica», afirmou, respondendo ao questionamento se de repente a Marfrig poderia ter ou investir em uma unidade de lácteos assim como a BRF possui.
Transferíªncias dos CDs David Palfenier comentou que o maior desafio no processo é as trocas dos CDs, o que até influenciou na decisão de transferir o CD de Duque de Caxias (RJ) somente em novembro – última etapa da troca de ativos. «Nesses estabelecimentos não há somente os itens que estão no contrato, há Sadia e Perdigão, o que dificulta a transação», explicou. Mas no geral, conforme o executivo, apesar das discussões normais que ocorrem no meio do processo, as soluções finais são «pensadas na proteção de clientes e consumidores.» «A transferíªncia, a integração e as capturas sinergias estão ocorrendo muito bem», ressaltou.
De acordo com o executivo, nesse segundo trimestre, no qual somente em junho teve início a troca de ativos, os benefícios ainda não serão sentidos, somente os investimentos em recrutamento e treinamento de funcionários e equipe de vendas, já anunciados anteriormente ao mercado nas etapas do processo. «Podem começar a entrar alguns resultados no terceiro trimestre, mas somente em 2013 vamos sentir totalmente a execução do negócio. O segundo trimestre foi de preparação, o terceiro será de integração, e o quarto trimestre, de execução», declarou Palfenier.
O executivo reiterou os guidances já anunciados anteriormente ao mercado. A Seara Brasil, com os ativos da BRF, ampliará sua participação no mercado de industrializados de 9% para 21% e aumentará a fatia de processados no faturamento total dos atuais 52% para 63%. Além disso, no mix de mercados, a empresa reiterou que terá uma exposição maior no mercado interno, já que os 95% da produção dos ativos recebidos são voltados para o país. «Passaremos dos atuais 63% (exportação) e 37% (mercado interno) para 52% (exportação) e 48% (mercado interno)», disse Palfenier. Além disso, a monetização dos créditos tributários gerados nas exportações passará a ser mais fácil com esses ativos.
Neste míªs, o executivo, que teve passagens pela ConAgra Foods e PepsiCo Brasil, completará seis meses atuando na Marfrig. Palfenier disse que tem tido o total apoio do presidente do Grupo, Marcos Molina dos Santos. «A alta alavancagem í s vezes distrai o andamento do operacional. Mas esse assunto já está sendo trabalhado pela companhia e a própria Seara está ajudando no processo de desalavancagem», completou.
Fonte: Agíªncia Estado. Por Suzana Inhesta. 1 de agosto de 2012.
