Um total de 400 produtores de leite estão sendo beneficiados pelo convênio firmado entre o Sebrae e a Secretaria de Estado da Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seapa) de Alagoas. Trata-se da fase II do programa Alagoas Mais Leite, que tem a duração de 24 meses e o objetivo de dar continuidade ao treinamento dos criadores no programa Balde Cheio, uma metodologia de transferência de tecnologia desenvolvida pela Embrapa. “O programa tem várias linhas de atuação e utiliza técnicas adequadas a cada realidade baseadas em quatro pilares: economicamente viável, tecnicamente possível, ambientalmente correto e socialmente justo”, explica o zootecnista José Sidnei Bezerra Lima, consultor do Sebrae e coordenador do Mais Leite em Alagoas.
A verba destinada à capacitação é de R$ 2,5 milhões, metade proveniente do Sebrae, outra metade da Seapa. O investimento também contempla o treinamento da equipe de consultores na metodologia do Balde Cheio. Em Alagoas são 12 profissionais com formação de técnico agropecuário ou em zootecnia. Os entraves para a produção de leite no Estado são os mesmos encontrados em quase todo o Brasil: falta de profissionalismo, falta de assistência técnica capacitada, problemas de qualidade do leite, falta de comprometimento de todos os elos da cadeia e déficit de infraestrutura – estradas, energia e água de qualidade.
Em Alagoas, a maior bacia leiteira do Estado encontra-se no semiárido, região que passa por escassez hídrica, com sucessivos anos de chuvas abaixo da média, o que torna a produção de leite um desafio. “Por outro lado, a seca traz benefícios para a sanidade do animal”, diz Lima.
No início, Zé Moreno teve dificuldade. «O maior desconforto foi me acostumar com o que os técnicos orientavam. Minha maneira de trabalhar antes era totalmente diferente», diz. Na época, o produtor tinha 13 vacas em lactação e tirava 95 litros de leite por dia. Hoje ele mantém nove daquelas 13 vacas e tira 198 litros de leite no mesmo período. A diferença era por causa da alimentação pouco balanceada e dada em horários não adequados. Só para se ter uma ideia, ele comprava palma forrageira a quatro quilômetros de distância e dava 1,5 tonelada por dia para o rebanho. Hoje, ele produz a palma na própria propriedade e dá 500 quilos por dia sem prejuízo para a produtividade das vacas.
“Os técnicos me ensinaram a forma de plantar a palma e, desde 2014, eu não preciso mais comprar”, diz Zé Moreno. A sobra de dinheiro permitiu ao produtor comprar gerador de energia, ordenhadeira mecânica e tanque de resfriamento. “Agora fiz um curso de inseminação artificial e comprei um botijão de sêmen”, finaliza.
Histórico
O Alagoas Mais leite surgiu em 2010 e sua primeira fase foi até 2013. Inicialmente foi um projeto do Governo do Estado, que investiu em infraestrutura – distribuição de tanques de resfriamento, construção de abrigos para tanques, doação de caminhões isotérmicos para organizações de produtores; melhoramento genético – doação de botijão com sêmen de animais provados para produção de leite; alimentação – implantação de unidades de multiplicação de palma forrageira em sistema de produção intensiva, visando o aumento de produtividade e assistência técnica; e cursos de capacitação em manejo, inseminação artificial, cooperativismo e assistência técnica para um grupo de 500 produtores, na metodologia do programa Balde Cheio.
http://revistagloborural.globo.com/Empreender/noticia/2015/07/mais-leite.html