Nove bilhões de litros de leite. í‰ com este número que Minas Gerais se destaca como a maior bacia leiteira do país. E, na 9ª edição da Superagro, feira realizada em Belo Horizonte entre os dias 29 de maio e 9 de junho, o destaque é para os debates em temas importantes como a gestão das propriedades de pecuária leiteira e os avanços na produção artesanal do queijo minas.
í‰ o ano do leite na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O desafio é estimular a produção e garantir preço para o produtor e competitividade internacional para reduzir as importações.
– Nós estamos com um custo muito mais elevado do que a Argentina, o Uruguai e a Nova Zelí¢ndia. Estamos com uma competitividade baixa que precisa ser melhorada para não perder o aumento do consumo de leite pela população – afirma Kátia Abreu, presidente da CNA.
Superagro
Cerca de dois mil produtores de leite de Minas Gerais marcaram presença durante a Superagro. Os debates dentro da Superagro mexeram com a diversidade produtiva de Minas Gerais, do leite para o queijo. Uma portaria editada em abril pelo Governo Federal abriu a possibilidade de vender legalmente o produto mineiro para fora do Estado. Até agora, 255 produtores já se candidataram e aguardam o processo de liberação.
– Fomentar o associativismo e o cooperativismo é uma forma viável de manter a regularidade de entrega do volume de produção para atender São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. í‰ para onde a maior parte dos produtos já ia clandestinamente e que agora vai legalmente – comenta Ana Helena Cunha, assessora técnica da secretaria de agricultura do Estado.
O queijo artesanal produzido com leite cru é um dos produtos mais tradicionais dos mineiros, herança da colonização portuguesa introduzido no Brasil no século XVIII. Em 2008, o modo de produção artesanal foi registrado como patrimí´nio imaterial brasileiro. Sem perder a tradição, os produtores avançam na modernização para atender as exigíªncias de segurança alimentar e agregar valor ao produto.
Queijo tipo exportação
Os produtores de queijo da ilha de Marajó, no Pará, querem ir mais longe. Almir Viera, coordenador do projeto Amazí´nia Ecoláctea, explica que já foi feito o processo técnico de identificação geográfica no Canadá, o que pode possibilitar a abertura do mercado mundial.
– Os dois queijos de Marajó, do tipo creme e tipo manteiga, foram conduzidos ao Canadá. Durante 12 meses investigamos os queijos e fizemos a denominação geográfica, baseados em fundamentos científicos. Uma vez que eles tenham a questão sanitária cumprida, o modo de fazer registrado e a conotação da autenticidade por meio da certificação universal, ele poderá entrar em qualquer parte do mundo – afirma Viera.
Há também um protocolo de cooperação técnica entre Brasil e França, assinado em 2011, que está estimulando a organização da produção de queijo no brasil.
– Na França há quase um tipo de queijo para cada dia do ano. São mais de 300 tipos. Nós também aprendemos com esse intercí¢mbio, pois é um sistema revolucionário. Acho que beneficiou muito os dois países — afirma Mylí¨ne Testut-Neves, conselheira agrícola da Embaixada da França no Brasil.
Balde Cheio
Orientar o produtor para o uso de técnicas e inovação de baixo ou nenhum custo, combinando e otimizando fatores de que ele já dispõe em sua propriedade. Esta é a base do Balde Cheio, programa de aumento da produção de leite com menores custos e maior qualidade. Criado pela Embrapa, foi implantado em Minas Gerais há seis anos pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg).
Pequenos produtores com pouco acesso í assistíªncia técnica e gerencial são os mais beneficiados e tíªm conseguido aumentar a qualidade e quantidade na produção de leite e, consequentemente, aumento da produtividade e dos lucros. Atualmente, o programa está presente em 210 municípios atraindo os jovens de volta para o campo e melhorando a eficiíªncia da pecuária leiteira.
– Temos exemplos de produtores que saíram de mil litros de leite por hectare ao ano de produção e hoje estão com até 40 mil litros de produtividade – diz Rodrigo Alvin, diretor da Faemg.
O produtor Marco Antonio da Cunha Campos foi um dos primeiros a adotar o programa Balde Cheio. E, para quem estava quase saindo da atividade pela baixa produção, com média de 30 litros por dia, hoje está com planos bem maiores: Já são 400 litros diários. Os planos são para dobrar esta produção. Segundo ele, o segredo é simples e eficiente: organização e autoestima.
FONTE: Canal Rural COM INFORMAí‡í•ES DA Faemg
http://www.agrosoft.org.br/agropag/225546.htm