O preço médio do litro longa vida teve alta de 17,53% em supermercados de Porto Alegre desde a Operação Leite Compen$ado, que detectou água, ureia e formol no produto. Nos últimos 30 dias, o aumento do leite ficou em 6,9%.
Levantamento realizado por Zero Hora em quatro redes de supermercados, envolvendo 13 marcas, aponta que o preço mais baixo do litro do leite longa vida na Capital é de R$ 1,89, enquanto o mais alto chega a R$ 2,99. O valor médio, que em 13 de junho era de R$ 2,32, subiu para R$ 2,48 na última sexta-feira, 12, data da apuração de ZH. Em 8 de maio, lotes das marcas Mu-mu, Latvida, Líder e Italac foram retirados de circulação em razão da adulteração.
Segundo as indústrias de beneficiamento e os supermercados, a principal causa da aceleração é a entressafra do produto.
– Há 30 dias, havíamos comentado que, até julho, o preço iria aumentar cerca de 10% em função do período de entressafra – explica o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antí´nio Cesa Longo.
Em nota, o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat), Wilson Zanatta, afirma que a redução da oferta do produto determinou aumento generalizado em todo o país, e não apenas no Estado. «O preço do leite subiu em todo o Brasil, determinado também pela entressafra, e não apenas no Rio Grande do Sul, em razão da descoberta de adulteração do produto pelos transportadores denunciados».
Mas em anos anteriores, não houve alta expressiva. Conforme dados do Centro de Estudos e Pesquisas Econí´micas (Iepe) da UFRGS, em dois meses (maio e junho) deste ano, houve alta de 12,68% em relação a abril, enquanto no mesmo período de 2012 houve um recuo de 0,55%. Nesses dois meses de 2011, avançou apenas 0,53%
Segundo Longo, a tendíªncia é de que, a partir de agosto, o preço estabilize, iniciando movimento de queda em setembro, após o fim da entressafra.
– Até o fim de julho, é possível que ainda haja mais uns 3% a 5% de aumento – projeta Longo.
Moradora da zona sul da Capital, a aposentada Lourena Scozziero garante não ter reduzido o consumo de leite após tomar conhecimento da fraude, mesmo diante da «grande variação de preço» que diz ter verificado.
– As marcas que a gente consumia não estavam na lista – conta Lourena.
Praticamente uma vez por semana, ela compra a quantidade que pretende consumir nos dias seguintes, pesquisando os preços entre suas marcas prediletas. No supermercado onde costuma comprar, no bairro Menino Deus, o litro do longa vida varia de R$ 1,94 a R$ 2,68.
O aumento nos supermercados reflete uma alta no valor que também ocorreu para o produtor. De abril a junho, o preço do leite padrão – valor pago aos produtores rurais – subiu 11,58%, saltando de R$ 0,77 para R$ 0,8592. Determinado pelo Conseleite, conselho formado por representantes dos produtores rurais e das indústrias gaúchas, o preço do leite padrão é usado como indexador para os negócios envolvendo o produto no Estado.
Variação do preço médio do leite longa vida desde a divulgação da fraude, em R$
8/5: 2,11
14/5: 2,21
13/6: 2,32
12/7: 2,48
A variação total no período foi de 17,53%
Em junho, o leite in natura ajudou a elevar o preço da cesta básica calculada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconí´micos (Dieese). As maiores elevações ocorreram em
Recife: 6,76%
Porto Alegre: 4,81%
Rio de Janeiro: 4,41%
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