A produção de leite informal cai no país, mas não deixa ainda inteiramente satisfeito o pecuarista Jorge Rubez, presidente da Associação Leite Brasil, entidade que conduz há anos a batalha contra essa “chaga†do setor
Números divulgados nesta quinta-feira (29/3) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a participação do leite industrializado vem crescendo em relação í produção total e alcançou 70% em 2011, contra 66% de há sete anos. Segundo o IBGE, o volume de leite industrializado pelos estabelecimentos sob inspeção federal, em 2011, cresceu 3,9%, passando para 21,692 bilhões de litros contra os 20,873 bilhões de 2010.
Leia o que diz Rubez: “O crescimento é positivo, porém ficou abaixo da média dos últimos cinco anos, quando registrou 5,2%, e muito aquém do pico anotado em 2008, de 8%.â€
A pecuária leiteira atravessou períodos de transformações profundas nos últimos anos. Fazendas tradicionais, principalmente no Estado de São Paulo, literalmente fecharam a porteira, e outras regiões, caso do Nordeste, adentraram com força no cenário. Em 2010, o Brasil produziu 30,5 bilhões de litros de leite, quinto maior volume mundial.
í‰ uma produção pujante, sem dúvida, para uma atividade que tem a nobre função de manter famílias no campo, evitando o íªxodo rural forçado, triste e histórico fení´meno que tem diminuído significativamente nos últimos anos.
Voltando a Rubez: “Um dos fatores que contribuiu para o aumento da produção total de leite é o profissionalismo do pecuarista que, mesmo convivendo com elevados custos de produção, competição de outras atividades commodities e fatores climáticos adversos, investiu na atividade. Comprou bons animais leiteiros, por exemplo,†diz.
Com toda razão, Rubez não fica satisfeito com o alto volume de leite ainda í margem da fiscalização e com os problemas que daí surgem, como a transmissão de doenças. Mas ele reconhece os expressivos avanços. Eu também, por conta de várias reportagens sobre leite que fiz pelos pastos mineiros, paulistas, paranaenses, goianos e nordestinos testemunhando o esforço e a preocupação dos pequenos e médios pecuaristas com amelhora do manejo, da genética e da sanidade. Eles correram atrás da eficiíªncia e ingressaram no mercado com força. Melhoraram de vida. Sua maior alegria é estudar os filhos e tíª-los de volta para a condução da fazenda. Presenciei isso em Lorena, no Vale do Paraíba, em Viçosa, Minas Gerais, em Chapecó, Santa Catarina, em Itumbiara (Goiás), em muitas cidades do Nordeste. Na década de 80, editei a revista Balde Branco (Leite Paulista) e andava por ao menos 10/15 municípios ao ano. O panorama é outro, a realidade mudou para melhor. í“bvio que há muito chão í frente.
Quero louvar aqui o Programa Balde Cheio, do professor Artur Chinelato, da USP, e de outros mestres, que deu uma reviravolta positiva na vida de sitiantes de mais de 600 municípios de todo o Brasil. “Eles recuperaram a autoestima e se encheram de esperançaâ€, afirma o professor, que visita pessoalmente essas pequenas propriedades para acompanhar de perto a lição de casa.
Fonte: Globo Rural