#Leite: A Revolução Ovelheira

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A criação de ovelhas de leite é uma atividade que remonta ao início da era agrícola, situada, talvez, há uns nove mil anos. Mas ela começou a delinear-se, só muito recentemente em Santa Catarina.

 

Um relevante fato histórico está ligado ao pastoreio de ovinos: o surgimento da aritmética.

 

Nós chamamos de calculus aquelas pequenas pedras que infernizam os nossos rins. Por que as chamamos assim? Porque são semelhantes às pedras dos rios, que os antigos pastores persas usavam para controlar os seus rebanhos.

 

À frente das porteiras, havia duas caixas. Numa, eram colocados tantos seixos quanto o número das ovelhas existentes no cercado. Quando os animais eram soltos, pela manhã, as pedras iam de uma caixa para outra, à passagem de cada cabeça que deixava a cerca. À noite, a operação se repetia, ao inverso, para que o pastor soubesse que todas as ovelhas haviam voltado.

 

Como os persas chamavam de calculus aquelas pedras redondas, limadas pelas águas, calcular passou a ser sinônimo de contar.

 

Produto altamente perecível, o leite não tinha como ser guardado, como o é hoje, depois de pasteurizado e posto em refrigeradores. Pois, foi exatamente essa durabilidade limitada que levou os povos da Mesopotâmia à produção de queijos.

 

Eu sempre busquei uma resposta para um fato que me intrigava: por que, neste Estado, éramos tão bons criadores de ovelhas de corte, e não tínhamos rebanhos leiteiros?!

 

Inconformado com essa realidade busquei motivar criadores de ovinos, e encontrei eco num pioneiro da atividade leiteira no nosso Extremo Oeste : Acary Menestrina. Para criar ovelhas de leite era preciso ter a usina processadora. E Acary era a chave. Feita a importação das primeiras matrizes francesas, da raça Lacaune, a ovinocultura de leite alastrou-se como fogo em palheiro, na região fronteiriça com a Argentina. E, passados apenas uns cinco anos, já fez de Santa Catarina o maior produtor brasileiro!

 

O leite de ovelha tem propriedades muito superiores ao de cabra e de vaca. Tem o dobro das gorduras, proteínas e vitaminas importantes, como a B1, a B2, a B6, a B12, a Tiamina, e muito maior quantidade de cálcio, fósforo, sódio, magnésio, zinco e ferro. Em síntese: é um leite muito mais saudável que os demais.

 

Os queijos dele derivados, como rocquefort, pecorino sardo, toscano e romano; azeitão e serra da estrela são, normalmente, os que atingem mais alto valor agregado nas prateleiras dos supermercados.

 

Além disso, os criadores de ovelhas de leite obtêm uma lucratividade muito maior do que os que se dedicam à bovinocultura.

 

Sabendo do início da implantação da ovinocultura leiteira, Beto Carrero, com sua enorme bagagem de viagens pelo mundo, e sua capacidade invejável de vislumbrar o futuro, ficou ansioso por conhecer os primeiros criadouros. Fomos a São Miguel do Oeste, e, de lá, até Anchieta, onde ele viu que um pequeno produtor rural, obtinha uma renda líquida mensal de dez mil reais, com apenas cinquenta ovelhas de leite.

 

Foi a última viagem que fizemos juntos. Uns quarenta dias depois, choramos todos, com muita dor, a sua morte precoce. Ainda lembro do que ele me disse, quando retornamos ao litoral: “essa coisa de criar ovelhas de leite vai ser a próxima revolução de Santa Catarina!”

 

Está sendo!

http://www.adjorisc.com.br/artigos/a-revoluc-o-ovelheira-1.1426653#.Uw3zhoVnhoE

 

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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