A produção de leite no Brasil deve crescer 3% em 2013, sobre volume estimado em 33,3 bilhões de litros neste ano, de acordo com o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Leite Brasil), Jorge Rubez.
A previsão positiva, após alta equivalente a 4,4% em 2012 – um ano crítico para o segmento, que sofre elevação de custos e perda de demanda -, se deve í contratação de mão de obra e investimentos em tecnologia, feitos por laticínios, além da venda de matrizes promovida por pecuaristas em busca de capitalização.
«A cadeia produtiva está interligada: a produção sofreu com a alta dos insumos e a indústria não conseguiu repassar essa elevação de custos ao consumidor. No entanto, os rebanhos estavam preparados para produzir leite. Então, o produtor defendeu-se vendendo matrizes e os laticínios, contratando mão de obra», analisou Rubez, em entrevista ao DCI.
No Estado de São Paulo, a indústria do leite registrou saldo de 5,8% da taxa de empregos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora menor do que em 2011 (11%), esse índice supera o de segmentos mais amplos, como o da indústria de transformação (2,9%), comércio (3%) e serviços (4,2%).
Alinhada ao nível de contratações do próprio segmento, a Cooperativa de Laticínios de São José dos Campos (Cooper), cujo quadro de funcionários era de 60 trabalhadores na fábrica, empregou mais dois laticinistas e outros dois auxiliares técnicos neste ano (aumento de 6,6%).
Além disso, a empresa investiu R$ 500 mil na aquisição de dois equipamentos destinados a uma nova linha de produto: leite em garrafa plástica. «[A diversificação] é uma forma de se obter mais lucro. Esse foi um ano difícil», disse a técnica em Laticínios da Cooper, Síªnia Silveira. Os custos com alimentação da cooperativa subiram 60%, neste ano, puxados pela soja e o milho.
A Cooper capta 70 mil litros de leite por dia, em 31 municípios, e destina 10 mil destes para a fabricação de derivados. Em janeiro de 2013, deve lançar novas sobremesas, seguindo a mesma estratégia de diversificação.
Em Descalvados (SP), o dono da agroindústria Letti, que capta 50 mil litros diários e beneficia exclusivamente o tipo A da bebida, Roberto Jank, investiu R$ 3 milhões em galpões, com capacidade para 400 vacas, e uma ordenhadeira capaz de «trabalhar» 60 animais ao mesmo tempo.
«A produção é feita por 40 funcionários. As máquinas vão melhorando, mas minhas contratações são estáveis», disse o empresário, que detém 1.500 cabeças de gado leiteiro e sofre alta de R$ 0,15 no custo da alimentação sobre o litro de leite produzido (de R$ 0,80 para mais de R$ 1) neste ano.
Custos contra preço
A elevação dos custos de produção do leite, provocada pela disparada dos preços da soja e do milho no mercado global, se contrapí´s a uma menor demanda do produto no varejo, em 2012.
Em novembro, pagava-se 20% a mais para produzir um litro de leite, na média nacional, vendido a 0,1% a menos (R$ 0,89, frete incluso) do que no mesmo míªs de 2011, calcula o Centro Avançado de Economia Aplicada (Cepea).
«Para dezembro, a expectativa é de aumento de produção, pois o produtor substituiu milho e farelo [soja] por outros produtos. Mas não vemos perspectiva de melhora de preço a curto prazo», observou a pesquisadora Aline Barrozo Ferro, do instituto.
«O produtor tem que buscar alternativas de insumos, como o farelo de algodão e a polpa cítrica», propí´s Rubez. «E a melhor tecnologia, na fazenda, é a genética.»
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