#Jovens agricultores retornam ao campo para reestruturar empreendimentos familiares

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Levantamento recente, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad/IBGE), revela que o rendimento da população brasileira apresenta ganho real de 16%. Índice superado pela agricultura familiar, que alcançou marca superior a 50% nesse mesmo quesito. Mesmo assim, há quem acredite que oportunidades de crescimento e progressão profissional estão concentradas somente nos grandes centros urbanos. Atraídos por esse conceito, alguns jovens rurais decidem migrar para as cidades, mas, com o passar dos anos e com o apoio das políticas públicas implementadas pelo MDA, decidem voltar e fixar raízes ao lado dos pais.

 

Na família Escher, residente da área rural do município de Campo Magro (PR), por exemplo, o êxodo rural deixou de ser realidade. Há quatro anos, Luciano Escher, 28 anos, optou voltar a viver no campo ao lado da família – dos pais e do irmão mais novo de 25 anos. A decisão ocorreu depois de viver seis anos na cidade. Período em que fez o curso superior de Desenvolvimento Rural e Gestão Agroindustrial, em Sananduva (RS), e trabalhou na Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado do Paraná, na capital Curitiba.

 

«Como morei a vida toda no sítio, sempre tive aquela vontade de procurar uma coisa melhor. E, antes, na minha concepção, eu saindo da propriedade para morar na cidade ia conquistar isso. Quando sai, não pensava em voltar, mas, passado algum tempo, percebi que não estava sendo uma pessoa feliz morando na cidade e trabalhando no setor urbano. Aí tomei a decisão de voltar para o campo, para propriedade da minha família», explica Luciano.

 

Ao regressar, Luciano e a família apostaram na profissionalização das vendas dos produtos cultivados e fabricados na propriedade de 22 hectares. Foi então que ele colocou em prática o conhecimento que havia acumulado. «Toda a gestão que a gente pratica em nosso terreno veio do que aprendi na faculdade», acrescenta. Unidos, eles estruturaram a comercialização e criaram a agroindústria: Orgânicos Escher. O empreendimento é especializado na produção de derivados de leite e vegetais – como manteiga, queijo, pães, geleias, além de comercializar algumas verduras. O investimento foi financiado por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). «Acessamos o crédito justamente para ampliar o empreendimento, para construir e comprar equipamentos que necessitávamos», completa.

 

Atualmente, a agroindústria vende produtos para feiras, mercados, restaurantes e lanchonetes de Curitiba, além do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) que é responsável pela compra de cerca de 40% de toda a produção. Neste ano, a família completará dois anos de comercialização para o mercado de compras institucionais do PAA. Somente em 2012, eles venderam aproximadamente sete toneladas de produtos. Meta que Luciano espera ser mantida. «É um programa de suma importância para a agricultura familiar porque concede uma redistribuição de renda muito grande», avalia.

 

Baiana também aposta na volta ao rural – A mudança de percepção e, consequentemente, de valorização do campo também foi vivida por Maria Natiele Rodrigues, de 19 anos. Natural da área rural do município de Barro Preto (BA), onde mora com os pais e a irmã mais nova de 13 anos, a jovem conta que quando criança tinha a certeza que permaneceria na área rural. Convicção que mudou ao entrar na adolescência e começar a frequentar a cidade para cursar o ensino médio, modalidade que não era ofertada no campo. «Comecei a ver as coisas que não via quando era criança. Comecei a ver as dificuldades que meus pais passavam. Sentia preconceito e tinha vergonha de dizer que era do campo. Com 16 anos, só pensava em sair daqui e levar meus pais. Queria fazer o curso de Direito, porque não havia oportunidades no meio rural.»

 

Natiele, como prefere ser chamada, voltou a ter esperanças quando frequentou o curso Jovem Empreendedor Rural, oferecido pelo MDA em parceria com a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), da Bahia. «Fui fazer sem expectativa e achei esperança onde não via antes. Voltei do primeiro dia radiante. Percebi que a realidade estava no campo e não na cidade», conta.

 

Investindo em conhecimento – Depois do curso, Natiele decidiu continuar se especializando em áreas ligadas ao meio rural. Hoje, frequenta aulas do curso técnico de Agropecuária, na cidade vizinha de Uruçuca, também na Bahia. Em janeiro de 2014, ela concluirá essa fase e já planeja ingressar na graduação de Agronomia. Os conhecimentos adquiridos já estão sendo usados para estruturar e expandir a plantação de hortaliças e frutas da família e também dos 65 agricultores familiares da região que integram a Associação dos Produtores da Pedra – organização presidida pelo pai da jovem.

 

Em três anos, Natiele revolucionou o sistema de comercialização do empreendimento ao formular e implementar um projeto de vendas dos itens produzidos pela associação para o mercado de compras institucionais do PAA. A iniciativa deu certo. Já no primeiro ano, a associação comercializou cerca de R$ 20 mil. No ano seguinte, 2012, o número passou para R$ 98 mil. Em 2013, o empreendimento comercializará R$ 193 mil, com a inclusão de 16 produtos.

 

Aquisição de terras – O próximo passo de Natiele será a compra de um terreno, já que seus pais não possuem terra própria, são arrendatários. Situação muito comum no município, segundo ela. A aquisição será feita por meio do Programa Nacional de Crédito Fundiário (PNCF), do MDA. «Antes tinha vergonha, mas hoje tenho orgulho de dizer que sou do campo Quero ter uma propriedade para os meus pais morarem, quero investir na plantação de cacau e também mudar o pensamento dos agricultores daqui, para que eles acreditem mais no meio rural», finaliza a jovem.

 

Conheça alguns dos programas desenvolvidos pela MDA para atender especialmente a juventude rural:

 

– Pronaf Jovem: que financia qualquer atividade geradora de renda, como projetos agropecuários, de turismo rural, de artesanato, implantação de pomar e horta;

 

– Nossa Primeira Terra, do Plano Nacional de Crédito Fundiário: estimula o empreendedorismo do jovem rural e a permanência dele no campo, com foco na sucessão da agricultura familiar;

 

– Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego no Campo (Pronatec Campo): parceria entre MDA e Ministério da Educação (MEC), é uma das linhas de ação adotadas pelo Programa Nacional de Educação no Campo (Pronacampo), do Ministério da Educação (MEC). Seu objetivo é elevar a educação e qualificar a formação de jovens e adultos por meio da expansão, interiorização e democratização da oferta de cursos de educação profissional e tecnológica para a população brasileira.

 

– Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) específica para o jovem: prestação de serviços continuados e selecionados de apoio e orientação

 

Fonte: Jornal Dia Dia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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