Este comportamento é atípico para o período do ano, tendo em vista que a oferta de leite está relativamente restrita, devido í menor produção de pastagens. Entretanto, colaboradores do Cepea afirmam que a margem de lucro dos laticínios está menor há alguns meses, em função da valorização da matéria-prima, enquanto no mercado de derivados lácteos não houve reação dos preços, por conta do desaquecimento das vendas. Para o pagamento de julho, a expectativa da maior parte dos agentes é de nova queda.
O preço bruto pago pelo leite ao produtor caiu 2% em junho (referente í produção entregue em maio), indo para R$ 0,8561/litro na média geral (ponderada pelos estados de RS, SC, PR, SP, MG, GO e BA). Na comparação com junho/11, houve queda de 5,5%, em termos reais, ou seja, considerando-se a inflação do período.
Enquanto os preços pagos pelo leite aos produtores recuaram em quase todas as regiões analisadas pelo Cepea, os custos de produção seguem em alta, impulsionados pelo encarecimento da alimentação concentrada. O farelo de soja registrou valores recordes em algumas regiões acompanhadas. Com isso, o índice de custo de produção calculado pelo Cepea atingiu, em maio, o maior patamar desde o início da série, em janeiro de 2008. Em relação a maio/11, o Custo Operacional Efetivo (COE) registrou alta de 8%. Este cenário de redução da margem de lucro do pecuarista leiteiro tende a desestimular avanços na produção de leite.
Para o pagamento de julho, referente í produção entregue em junho, o Cepea apurou que 53% dos compradores de leite que participam da pesquisa (responsáveis por 77% do volume de leite amostrado) tíªm expectativa de nova queda nos valores. Quase 37% dos representantes de laticínios/cooperativas (que respondem por 19% do volume de leite) acreditam em estabilidade de preços, e apenas 10% dos agentes (responsáveis por 4% do volume amostrado) esperam elevações.
O índice de Captação de Leite do Cepea ficou praticamente estável entre abril e maio, com leve alta de 0,3%. Em Minas Gerais, principal estado produtor, houve recuo de 1,5%; já em Goiás, o índice subiu 3,6%. Segundo agentes, a recuperação da captação de leite no estado goiano ocorreu em função do clima ainda favorável em maio para o desenvolvimento das pastagens: boa quantidade de chuvas e temperaturas elevadas naquele míªs. Na Bahia, houve queda de quase 4%; o índice no estado ficou cerca de 20% abaixo do registrado em maio/11.
No Sul do País, o índice recuou em Santa Catarina e no Paraná; já no estado gaúcho, a captação de leite começou a aumentar. Em maio, houve aumento de quase 4% no Rio Grande do Sul. A expectativa é de que a produção de leite no Sul aumente nos próximos meses com a chegada da safra de inverno, sendo que o pico deve ocorrer em agosto. Agentes afirmam que a estiagem provocou atraso no plantio das pastagens, mas as condições climáticas já são favoráveis ao desenvolvimento.
AO PRODUTOR: Em junho, os preços recuaram em todos os estados que compõem a média geral – a maior delas foi verificada em Goiás, onde o preço estava mais elevado nos últimos meses. Houve redução de quase 5% no valor bruto (considerando-se frete e Funrural) no estado goiano, passando para R$ 0,8723/litro. Em Minas Gerais, o preço caiu 2,7%, com média de R$ 0,8679/litro. Em São Paulo, a baixa foi de 2,4%, com média de R$ 0,8738/litro.
No Rio Grande do Sul, o recuo foi de 2,2%, com a média passando para R$ 0,8333/litro. Em Santa Catarina, a queda foi de 2%, a R$ 0,8028/litro. No Paraná, a média de preços foi de R$ 0,8247/litro, baixa de 1,2% entre maio e junho.
Na Bahia, houve redução de 1,2%, com média de R$ 0,8573/litro. Já no Ceará, os preços se mantiveram praticamente estáveis, a R$ 0,8694/litro. No Espírito Santo, o preço médio foi de R$ 0,8824/litro, alta de 2,5% frente a maio. No Rio de Janeiro, os preços subiram ligeiro 0,5%, indo para R$ 0,8853/litro. Em Mato Grosso do Sul, a elevação foi de 0,4%, com média de R$ 0,7728/litro.
http://www.midianews.com.br