#Eficiíªncia de uso do Nitrogíªnio e do Fósforo: Um desafio para produção leiteira

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Devido ao aumento do consumo interno de leite, bem como as demandas dos mercados internacionais por esse tipo de alimento, a atividade vive um processo de intensificação com a consequente grande dependíªncia de insumos externos, principalmente, na forma de fertilizantes e rações.

A eficiíªncia de uso de um elemento demonstra o grau de utilização deste em um sistema produtivo. Essa eficiíªncia pode ser mensurada calculando-se o balanço de nutrientes. O cálculo também propicia a identificação das entradas e das saí­das o que auxiliará na tomada de decisão, visando í  eficiíªncia produtiva.

Os cálculos do balanço de nutrientes e da eficiíªncia de uso destes na pecuária brasileira é algo ainda novo, mas que deve ser fomentado, pois é uma das ferramentas mais poderosas que se dispõe para avaliação ambiental da atividade.

Um sistema ineficiente terá como resultados alto custo de produção, baixa rentabilidade, elevados impactos ambientais e passivos para a sociedade.

Os nutrientes em um sistema pecuário tíªm quatro destinos básicos: são importados pela unidade produtiva em produtos adquiridos, são exportados em produtos vendidos, permanecem na propriedade para serem reciclados e são perdidos para o meio ambiente. O balanço de nutrientes melhora a compreensão do fluxo de nutrientes para dentro e para fora da propriedade. Nutrientes bem manejados reduzem o uso de insumos, melhora a ciclagem de nutrientes e reduz o potencial de perda para o ambiente (Rasmussen et al., 2011).

Portanto, a avaliação da eficiíªncia de uso dos elementos aliada a proposição de práticas e polí­ticas resultará em sistemas produtivos mais equilibrados, com baixo impacto ambiental e melhor viabilidade econí´mica.

Apresentamos um estudo de caso no qual objetivou-se calcular o balanço de nutrientes e a eficiíªncia de uso do nitrogíªnio e do fósforo em um sistema de produção de leite.

O estudo considerou um Sistema de Produção de Leite no qual os animais eram manejados de forma semi-intensiva em uma área de 65 ha. Durante o estudo o Sistema possuiu 160 cabeças de animais. O número de vacas em lactação era de 85 (82% das fíªmeas). A produção total de leite no ano foi de 782.100 kg, sendo 19.553 kg de leite/ha e 9.201 kg de leite/vaca em lactação. Considerando o consumo de alimentos pelas vacas em lactação, 51% provieram de volumosos, 36% do milho, 10% do farelo de soja e 3% de fontes de sal. A densidade animal foi de 1,75 UA/ha.

Como entradas do Sistema considerou-se: a quantidade de fertilizantes quí­micos utilizados (kg) e a quantidade de alimentos (pastagens e grãos) consumidos pelos animais (kg). No perí­odo não foram adquiridos animais. As saí­das compreenderam: o total de leite produzido no perí­odo (kg) e os animais vendidos e abatidos (kg). Os estercos foram considerados como fluxo interno, sendo integralmente dispostos nas pastagens como fertilizante, portanto, não foram considerados como saí­das. As quantidades de nitrogíªnio e fósforo no leite foram calculadas, considerando as médias desses elementos nas análises do produto. A quantidade de nitrogíªnio e fósforo por quilograma de peso vivo foram 2,9% e 0,7%, respectivamente (Rasmussen et al., 2011).

As eficiíªncias de uso de nitrogíªnio e do fósforo foram definidas pela Equação 1.

em que:
EU- Eficiíªncia de Uso de Nitrogíªnio/Fósforo (%)
Sleite – Saí­da de Nitrogíªnio/Fósforo na forma de leite (kg)
Sanimais – Saí­da de Nitrogíªnio/Fósforo na forma de animais (kg)
Ealimentos – Entrada de Nitrogíªnio/Fósforo pelos alimentos (kg)
Efertizantes quí­micos – Entrada de Nitrogíªnio/Fósforo pelos fertilizantes quí­micos (kg)

Também foi calculada a eficiíªncia de uso do nitrogíªnio e do fósforo das vacas em lactação de acordo com a Equações 2.

em que:
EUL- Eficiíªncia de Uso de Nitrogíªnio/Fósforo das vacas em lactação (%)
Qleite – Quantidade de Nitrogíªnio/Fósforo no leite (kg)
Qanimais – Quantidade de Nitrogíªnio/Fósforo nos animais (kg)
Qalimentos – Quantidade de Nitrogíªnio/Fósforo nos alimentos (volumosos e concentrados) (kg)

Na Tabela 1 observam-se as entradas, saí­das e o balanço de nutrientes. Para ambos os elementos de cálculo o balanço foi positivo, ou seja, as entradas foram maiores que as saí­das, permanecendo no sistema 19.598 kg de N/ano e 2.745 kg de P/ano. Sabe-se que parte deste nitrogíªnio será perdida por volatilização e parte do fósforo pode ser imobilizada no solo, mas as quantidades restantes são altas. Isso é um indicativo que devem ser propostos ajustes ao Sistema a fim de reduzir seu potencial poluidor.

As entradas na forma de alimentos representaram a maior parte dos nutrientes. O balanço demonstrou uma sobra de 173 kg de N/UA e 24 kg de P/UA. Certamente, uma parte dessas sobras poderia ser utilizada pelos animais na produção de leite, reduzindo a necessidade de entrada de alimentos. Manejos nutricionais que propiciem o melhor uso das dietas terão impacto positivo sobre o balanço. Wang et al. (2000), observaram que alimentar vacas lactantes com base no ní­vel de produção ao invés de como um grupo único tem impacto positivo no balanço de P, podendo este ser melhorado em 9%.

A consideração dos resí­duos animais na recomendação de adubação das culturas irá promover a redução das entradas na forma de fertilizante quí­mico. Esses resí­duos não estão distribuí­das uniformemente no Sistema, com isso, o manejo deles deve ser implementado a fim de estabelecer o aporte de nutrientes nas áreas com maior demanda. As sobras de 302 kg de N/ha/ano e 42 kg de P/ha/ano indicam que há disponibilidade de nutrientes para as culturas. Kobayashi et al. (2010) obtiveram média para o balanço de nitrogíªnio de 378 kg/ha/ano e 97 kg/ha/ano para o fósforo.

As eficiíªncias de uso dos elementos são apresentadas na Tabela 2. Os resultados são semelhantes aos obtidos por outros autores. A eficiíªncia média das fazendas leiteiras holandesas para o nitrogíªnio foi 14% e para o fósforo 32% (Keulen et al., 2000). Kobayashi et al. (2010) a eficiíªncia de uso do nitrogíªnio foi de 25% e do fósforo 19%. Comparações entre estudos que avaliam a eficiíªncia de uso dos elementos devem ser feitas com restrições, pois as condições produtivas, culturais, ambientais e sociais são diversas; há grande variabilidade dos sistemas de produção; as entradas e saí­das consideradas no cálculo do balanço podem variar.

As eficiíªncias de uso do nitrogíªnio (20%) e do fósforo (23%) podem ser melhoradas utilizando-se manejos que consideram técnicas de nutrição de precisão, aproveitamento dos resí­duos como fertilizante e melhoria da produção de leite por animal. O aumento do número de cabeças a fim de aumentar a produção de leite poderá ter impactos negativos na eficiíªncia de uso dos elementos.

Os cálculos das eficiíªncias de uso dos elementos indicam a possibilidade de melhoria, considerando o conhecimento já disponí­vel. Estudos devem ser conduzidos a fim de aumentar a abrangíªncia dos cálculos por sistema produtivo e em um conjunto destes, conciliando os resultados com os de desempenho econí´mico.

REFERíŠNCIAS BIBLIOGRíFICAS

KEULEN, H. et al. Soil–plant–animal relations in nutrient cycling: the case of dairy farming system De Marke. European Journal of Agronomy, v.13, p.245–261. 2000.
KOBAYASHI, R. et al. Changes in the cycling of nitrogen, phosphorus, and potassium in a dairy farming system. Nutr. Cycl. Agroecosyst, v. 87, p.295–306. 2010.
RASMUSSEN, C.N. et al. Whole Farm Nutrient Balance Calculator: user’s manual. Cornell University: Ithaca, NY. 19p. 2011.
Wang, S. J. et al. Whole-herd optimization with the Cornell Net Carbohydrate and Protein System. III. Application of an optimization model to evaluate alternatives to reduce nitrogen and phosphorus mass balance. J. Dairy Sci., v.83, p.2160–2169. 2000.

Por Julio Cesar P. Palhares (Embrapa Pecuária Sudeste)

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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