#Demanda chinesa por fórmulas infantis se torna global

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Um grupo de 40 turistas chineses fez todas as compras esperadas em uma recente viagem í  Europa: lenços de seda, relógios suí­ços, bolsas caras e, é claro, leite em pó para bebíªs em grande quantidade.

Avançando as prateleiras dos supermercados na Alemanha, os compradores chineses colocavam meia dúzia de latas grandes nas sacolas, disse um dos turistas. “Uma mulher me disse, ‘Se fosse mais fácil de carregar, compraria mais; é bom e barato aqui’”, disse o turista Zhang Yuhua, 60 anos, que comprou duas latas.

Os chineses estão comprando leite em pó para bebíªs em todos os lugares que vão fora da China. Isso levou í  escassez em pelo menos meia dúzia de paí­ses, da Holanda í  Nova Zelí¢ndia. A falta de oferta é um lembrete de como os padrões de consumo dos chineses – e suas crescentes preocupações com segurança alimentar e ambiental – podem ter impactos de amplo alcance em bens diários crí­ticos em todo o mundo.

Grandes redes varejistas, como Boots e Sainsbury’s, na Inglaterra, agora limitam as compras individuais a duas latas de fórmulas infantis por compra e os oficiais da alfí¢ndega em Hong Kong estão agora impondo uma restrição de duas latas, ou quatro libras (1,8 quilos) aos viajantes – com as violações enfrentando multas de até US$ 6.500 e dois anos de prisão.

Oficiais em Hong Kong estão tratando os contrabandistas de leites para bebíªs como criminosos que traficam os tipos mais ilí­citos de drogas. Em abril, a polí­cia alfandegária anunciou que uma “operação anticontrabando” resultou na quebra de tríªs “sindicatos”, na prisão de 10 pessoas e na apreensão de quase 220 libras (quase 100 quilos) de fórmulas infantis no valor de US$ 3.500.

A obsessão dos paí­s chineses com o leite em pó estrangeiro, que surgiu da falta de confiança nas marcas domésticas, está estimulando um movimento nacionalista “compre China” entre alguns oficiais.

Nesse míªs, uma agíªncia do governo anunciou que começou uma investigação sobre a fixação de preços na indústria de leite em pó para bebíªs; as metas da investigação incluí­ram algumas das maiores companhias estrangeiras. Os oficiais também anunciaram procedimentos mais rí­gidos de inspeção na indústria e editoriais de organizações de notí­cias estatais disseram que esperavam que os fabricantes de leite em pó chineses melhorariam seus padrões visando “derrotar” as companhias estrangeiras.

Os viajantes que forem pegos chegando í  China com grandes quantidades de leite em pó para bebíªs precisarão evitar os oficiais da alfí¢ndega chinesa, que estão agora impondo limites mais rí­gidos nas importações de fórmulas.

“A segurança do leite em pó é a preocupação número um entre as mulheres grávidas e famí­lias com bebíªs recém nascidos”, disse o diretor executivo e co-fundador do site Babytree.com, o maior fórum online para pais chineses, Allen Wang. “As pessoas estão perguntando aos amigos, ‘O que vocíª recomenda? Como vocíª armazena marcas estrangeiras? Vocíª pode me ajudar se viajar para o exterior?’”.

As preocupações com as fórmulas infantis domésticas começaram em 2008, quando seis bebíªs morreram e mais de 300.000 crianças ficaram doentes por beber leite contaminado com melamina, um composto quí­mico tóxico. Em resposta a isso, muitos chineses começaram a comprar leite em pó para bebíªs importados. Porém, desde esse ano, tem havido relatos ocasionais de distribuidores ou varejistas na China adulterando o leite em pó estrangeiro com fórmula chinesa, de forma que muitos consumidores chineses começaram a comprar seu leite em pó diretamente no exterior.

Uma pesquisa da Pew Research Center mostrou que 41% dos chineses disseram no ano passado que a segurança alimentar era um problema muito sério, comparado com apenas 12% em 2008.

“Como podemos continuar confiando no alimento feito na China após ler todas essas histórias horrendas sobre questões de segurança alimentar?”, disse Tina, 28 anos, residente em Guangzhou e mãe de um bebíª. “Somos pais de nossas crianças e ninguém pode nos acusar por querer o melhor para nossos bebíªs. Não é que não amamos nosso paí­s – só não queremos correr riscos”.

Tina disse que obtém 80% de suas fórmulas pelo correio de parentes na Nova Zelí¢ndia. Além disso, membros da famí­lia vão cerca de uma vez por míªs para Hong Kong para comprar fraldas e outros produtos para bebíªs. “A maioria dos meus amigos recorre a outras pessoas para trazer fórmulas para bebíªs de fora”.

Na China, mais mães estão amamentando devido aos recentes escí¢ndalos, mas a fórmula continua popular por várias razões, incluindo um marketing agressivo pelos fabricantes. Wang disse que pesquisas do Babytree.com mostram que cerca de dois terços das famí­lias chinesas com bebíªs usam fórmulas e as marcas estrangeiras comandam 60% do mercado. O Beijing News reportou em maio que as estatí­sticas mostraram que a quantidade de leite em pó estrangeiro que a China importa aumentou para 310.000 toneladas em 2009, mais de duas vezes a quantidade em 2008, quando o escí¢ndalo aconteceu. Em 2011, foram importadas 528.000 toneladas.

Os preços víªm aumentando com a demanda. Wang e a edição online do People’s Daily, jornal oficial do Partido Comunista, disseram que os preços das fórmulas infantis vendidas na China aumentaram em pelo menos 30% desde 2008. Algumas latas de 28 onças (793,79 gramas) custam mais de US$ 60.

Por questões de segurança e preço, os chineses querem cada vez mais comprar de alguém no paí­s de origem. Uma forma popular para fazer isso é a internet – empresários que tíªm lojas online pedem a pessoas que conhecem no exterior que enviem fórmulas í  China. Os pais chineses também pedem a amigos ou parentes que vão ao exterior que enviem ou tragam o produto.

Esse foi o caso de Zhao Jun, 30 anos, que em maio pediu a um amigo que ia em uma viagem a trabalho para a Inglaterra para comprar latas da marca inglesa, Cow & Gate, para sua bebíª. “Em meus cí­rculos, todas as mães que conheço compram leite em pó de fora ou compram em Hong Kong”.

Desde sua primeira experiíªncia com fórmulas estrangeiras, Zhao vem comprando muito mais Cow & Gate. Online, ela encontra estudantes chineses ou donas de casa no exterior que cobram pelo serviço de comprar as fórmulas e enviar í  China. “Normalmente, eu compro seis latas por vez”. Ela disse que os limites recentes nas redes varejistas brití¢nicas significam que ela tem que pagar a esses empreendedores uma sobretaxa e que seus amigos que voltam de viagens de trabalho no exterior trazem menos latas.

Os pais estão perguntando por que os fabricantes não podem aumentar a produção para suprir a demanda e alguns dizem que esses podem estar encorajando os limites de compras no exterior para forçar os chineses a comprar os mesmos produtos a preços mais altos na China. O International Formula Council, uma associação de fabricantes, não quis dar entrevista. A Mead Johnson Nutrition, uma fabricante americana, disse que apesar de ter plantas “estrategicamente localizadas” em todo o mundo, houve também “flutuações não caracterí­sticas na demanda dos consumidores – como a situação em Hong Kong no começo do ano”.

Ao mesmo tempo, Andrew Opie, diretor de alimentos do British Retail Consortium, disse que os limites nas lojas varejistas foram “feitos a pedido dos fabricantes”.

O limite determinado pelo Governo em Hong Kong entrou em efeito em 1 de março. Existem grandes sinalizações em chiníªs e inglíªs em ambos os lados da passagem da fronteira entre Hong Kong-Shenzhen, em Lo Wu, que alertam: “Quem sair com fórmulas em pó em excesso comete um delito”.

Em Lung Fung Garden, um shopping de rua que é na parada de metrí´ de Lo Wu, os empregados e gerentes de farmácias que exibem torres de latas de fórmulas disseram que o negócio despencou. “Antes venderí­amos todo nosso estoque”, disse um homem da Lung Fung Pharmacy. “Eu acho que o governo deve retirar o limite de duas latas”.

Os compradores chineses ainda estão enchendo o shopping e a maioria parece estar aderindo ao limite de suas latas. Uma mulher, no entanto, colocou tríªs latas da fórmula Friso Gold, a US$ 25 cada, em uma mochila preta.
Fonte: The New York Times

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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