A diminuição dos custos de produção é um dos maiores desafios para a sustentabilidade da pecuária de leite. Segundo o diretor executivo da Agripoint e coordenador do portal Milkpoint, Marcelo Pereira de Carvalho, nos últimos dez anos o custo de produção de leite no Brasil se elevou de 0,15 centavos de dólar para 0,40 centavos. Parte desta elevação é creditada í valorização do Real frente ao Dólar, o que fez com que o país revesse suas pretensões do início da década de se tornar um grande exportador de lácteos.
Apesar de ser o sexto maior produtor de leite do mundo, o país não consegue atender plenamente o mercado interno. Pelo cenário atual, a autossuficiíªncia pode ser ainda mais comprometida pela expansão do consumo interno nos próximos anos. De 2000 a 2012 o consumo per capita de leite subiu de 124 litros de leite por habitante/ano para 170 litros habitante/ano.
O aumento está relacionado ao crescimento da renda do brasileiro que, segundo Carvalho deverá ser ampliada em 37% até 2020. Por outro lado, o mercado se torna cada vez mais complexo e vulnerável í s questões externas, como a elevação do preço do milho devido í seca ocorrida nos EUA. Este cenário, cada vez mais complexo, exigirá muito do produtor e das instituições governamentais. Carvalho afirma que será necessário melhorar o sistema de produção, simplificar o processo de tributação e realizar investimentos em capacitação profissional e infraestrutura para garantir competitividade í produção.
O coordenador do Milkpoint abriu as palestras do período vespertino de quinta-feira (22), do 11° Congresso Internacional do Leite, que está sendo realizado em Goií¢nia-GO. Também participou dos debates, o diretor do Departamento de Assistíªncia Técnica e Extensão Rural do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Argileu Martins da Silva. O diretor destacou a importí¢ncia da assistíªncia técnica para a atividade. De acordo com ele, os principais gargalos para o crescimento do setor são a falta de formação profissional apropriada, baixa rentabilidade do produto e difícil acesso í s linhas de financiamento disponíveis.
O ciclo de palestras desta quinta-feira foi encerrado com a exposição do diretor da Tetra Pak, Paulo Nigro. O executivo pautou seu pronunciamento no aumento do consumo dos produtos lácteos. Segundo ele, apesar do consumo no Brasil estar aquém do recomendado, o índice de penetração do produto já atingiu a totalidade dos domicílios brasileiros. «Não precisamos convencer o consumidor de que o leite é um alimento saudável, que trará benefícios para a saúde. A dona de casa já sabe disso», afirma.
Nigro defende que o setor precisa investir na agregação de valor ao leite e na diversificação de produtos. Um bom exemplo, na opinião do executivo, são os produtos aromatizados, os achocolatados. «Precisamos pensar no futuro do setor bem como aproveitar melhor o grau de aceitação dos produtos lácteos e o poder e penetração deste setor nos lares brasileiros», enfatizou.
Fonte: Assessoria