Escala é a saída. Já eficientes na agricultura, produtores de Carambeí, na região de Campos Gerais (PR), resolveram investir também no leite.
O caminho foi a criação de um condomínio, o MelkStad (nome em holandês que indica «cidade do leite») – que atualmente figura no nosso Top 100 MilkPoint, em 84º lugar.
Em 2012, eram três produtores, com 50 vacas. Hoje, são seis, com 600 em lactação. O objetivo é chegar a 1.800.
Conforto para as vacas, alimentação farta e contínuo controle das condições de saúde dos animais são pontos essenciais para um bom andamento do condomínio.
Diogo Vriesman, sócio e gestor da parte financeira e administrativa, diz que a saída para a produção de leite é a mesma da agricultura: escala e produtividade.
Vão ficar no mercado os grandes e os pequenos produtores. Os grandes pela escala. Os pequenos porque a própria família levará adiante o negócio, diz ele.
Os produtores da «cidade do leite», que inicialmente iam fazer investimentos separados nas próprias fazendas, viram na união uma possibilidade de redução dos custos fixos e vantagens na compra de insumos.
Ainda não participantes da produção de leite, os consorciados financiaram o projeto, que, quando completo, em 2019, deverá atingir investimentos de R$ 25 milhões.
O projeto, que já tem três barracões com capacidade para 900 vacas, deverá somar outros três na sequência.
Entre os ganhos do condomínio está a redução nos custos de mão de obra, o segundo maior item de peso no projeto, atrás da alimentação.
Além disso, os produtores ganham no preço, devido ao volume de leite repassado para as indústrias.
A produção atual é de 23 mil litros por dia, mas a meta é de 60 mil litros. Outra vantagem são a redução de preços e o prazo mais dilatado na compra de insumos
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CORAÇÃO
«O coração de um projeto como esse é a ordenha», diz Vriesman. Chamado de carrossel, tem capacidade para a ordenha de 50 vacas juntas e 350 por hora. Tem esse nome porque fica girando. A vaca entra e, quando completado o ciclo da coleta de leite, dá lugar a outra.
Os produtores do condomínio buscam incessantemente também uma outra marca: a produtividade.
Localizados em uma região que tem produtividade média de 25 litros, a «cidade do leite» já está com 37 litros.
Essa produtividade é atingida graças à avaliação dos animais. Ao entrar no carrossel, os computadores registram, além do desempenho da produção da vaca, eventuais necessidades, como alimentação e medicação.
São feitas três ordenhas por dia: às 3h, às 10h e às 18h. Para não perder a mão de obra especializada –e escassa na região–, o grupo só contrata casais, dando emprego a ambos. Às mulheres cabe a função da ordenha.
A necessidade de manter a mão de obra obriga também os produtores a bancar os custos de moradia e de alimentação dos trabalhadores, além de fazer convênios em escolas particulares para os filhos em idade escolar.
Ao avaliar o mercado futuro de leite e o retorno desse projeto, Vriesman diz que «esse é um investimento alto e tem de andar com as próprias pernas. Não é hobby».
«Nossa filosofia não é sermos os maiores produtores, mas os mais eficientes»
Fonte: Jornal Folha de São Paulo.