Empresário pode transformar a processadora de alimentos protéicos em uma companhia alimentar mais segmentada
SíƒO PAULO – O novo presidente do conselho da BRF (BRFS3), Abilio Diniz, eleito na última terça-feira (9), pode dar um novo direcionamento para a companhia formada pela fusão de Sadia e Perdigão. De acordo com o Bank of America Merrill Lynch, o empresário pode transformar a processadora de alimentos protéicos em uma companhia alimentar de multi-categorias, como a Nestlé.
«Comparando a BRF com a Nestlé e a Danone, concluimos que margens mais baixas são as principais razões para o menor retorno sobre patrimí´nio da companhia brasieira», de acordo com os analistas Fernando Ferreira e Isabella Simonato. Isso ocorre por conta do mix de vendas das duas companhias, já que na BRF, 40% são alimentos processados, contra 70% da Nestlé.
Na opinião dos analistas há 4 medidas que podem ser tomadas para que a BRF se transforme em uma Nestlé: reduzir exposição ao leite pausterizado, investir pesado em novos produtos, aproveitar a liderança de mercado para aumentar os preços e reduzir a dependíªncia de mercados do Japão e Rússia.
Fabricante de alimentos BRF pode virar uma Nestlé, indaga Bank of America Merrill Lynch (Getty Images)
Eles destacam que o BRF tem grande potencial para ser mais lucrativo no mercado doméstico, já que tem entre 55% a 70% de participação do mercado doméstico. «Tem marcas muito fortes com Sadia e Perdigão, e uma rede de distribuição sem comparações, todos agindo como grandes barreiras aos competidores», afirma o time do BofA.
Lá fora, solução é ir í s compras
Replicar esse modelo no exterior, porém, seria custoso. A BRF estima R$ 10 bilhões em novas receitas com fusões e aquisições no exterior. «Acreditamos que uma boa parte do negócio vai ser difícil para a BRF encontrar, e acreditamos que vai ser mais longo e mais custoso para atingirmos nossos objetivos», acreditam os analistas.
No momento, os analistas não indicam a ação, preferem manter a recomendação em neutra, com preço-alvo de R$ 47,00 – uma alta de 4,12% frente o último fechamento. «A companhia tem potencial, mas será extremamente custoso e desafiador transforman a companhia, especialmente seus negócios externos», avisa a equipe do banco.
Empresa tem que diversificar
A própria história da Nestlé deve ser um «guia» para a BRF: na última década, houve um aumento drástico na lucratividade com a diversificação dos produtos. Nenhum tipo de produto supera uma participação de 14% nas vendas totais da Nestlé, mas 82% da BRF vem de dois segmentos: produtos processados e produtos suínos.
A Nestlé também é mais diversificada geograficamente. Enquanto o Brasil representa 59% das receitas da BRF, a América do Norte é a principal fonte de receitas da Nestlé, com 27% do total, enquanto a Europa ocidental é responsável por 25% – depois de uma estratégia de diversificação nos últimos anos. «Mas isso pode ser uma oportunidade para a BRF, que emerge como um player global», destacam.
Margens se beneficiarão de inovações
A nova estratégia pode ser positiva por conta do aumento de margens da companhia, já que a BRF costuma mostrar margens entre 10 e 12% e a Nestlé tem margens entre 15% a 19%.
A companhia então deve buscar um mix de venda mais lucrativo, procurando aumentar ainda mais os produtos processados. Em 2012, a BRF começou a investir pesado em inovação, principalmente por conta das restrições ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econí´mica) – o que deve permitir que a companhia melhore as suas margens, na visão do BofA.
http://www.infomoney.com.br/brasilfoods/noticia/2727432/com-abilio-comando-brf-pode-tornar-nova-nestle-diz-bank