Bovinocultura leiteira em Rondônia, desafios e oportunidades, foi tema de uma palestra promovida pelo Sebrae-RO no dia 29 de outubro durante a II Mostra de Ciência, Tecnologia e Inovação de Rondônia, em São Miguel do Guaporé. O evento faz parte da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), promovida em todo o país durante o mês de outubro com o objetivo de se estimular e promover atividades de divulgação, de difusão e de apropriação social de conhecimentos científicos e tecnológicos.
A principal função da SNCT é mobilizar a população, em especial crianças e jovens, em torno de temas e atividades de Ciência e Tecnologia. Em 2012, Durante a SNCT o Sebrae promoveu eventos nos municípios de Ariquemes e Guajará-Mirim. Em 2013 a entidade tem promovido palestras e oficinas em Pimenta Bueno, Ji-Paraná, Porto Velho e na região do vale do Guaporé, nos municípios de São Miguel do Guaporé, Seringueiras e São Francisco do Guaporé.
O panorama da produção do leite em Rondônia é animador, pois o clima favorece a atividade que garante ao produtor uma renda fixa mensal, ainda que de valor oscilante. Jaru é o município com maior produção de leite em Rondônia, o maior da região Norte e o 17º no ranking nacional com a produção de 450 mil litros/dia. O preço médio anual de um litro de leite em Rondônia é R$ 0,61, ao passo que a média nacional alcança R$ 0,90. O baixo preço em relação aos demais estados deve-se à baixa produtividade e ao pequeno número de indústrias compradoras da produção. Cerca de 80% do leite produzido no Estado é exportado para São Paulo como queijo mozzarella.
Em Rondônia 80 a 90% dos módulos rurais desenvolvem atividades ligadas à pecuária. Grande parte delas produz gado de leite e pertence a agricultores familiares que têm desafios como o aumento da produtividade para tornar a atividade mais rentável. No entanto, para alcançar esse patamar é preciso melhorar a gestão das propriedades, recuperar as pastagens degradadas, aumentar o índice reprodutivo para a produção de leite de qualidade, entre outros. Segundo o palestrante Anderson Kühl, zootecnista da Emater –RO, o produtor rural que pretende continuar vivendo no campo precisa fazer da máquina de calcular um instrumento tão importante quanto às demais ferramentas do agricultor e completou “a renda da propriedade rural não tem que ser suficiente apenas para criar os filhos, ela tem que gerar dinheiro para se viver bem e com qualidade.”.
Para que o produtor rural torne-se um empresário rural e se mantenha competitivo é necessário que esse aprenda a anotar seus gastos para saber se a sua atividade gera lucro ou prejuízo. É preciso aprender a calcular o quanto custa cada litro de leite produzido na propriedade e lançar mão de novas tecnologias. Entre elas a recuperação das pastagens. De acordo com Kühl 60 a 70% das pastagens rondonienses apresentam algum tipo de degradação, no entanto é necessário o aumento da produtividade do leite, tendo em vista que estudos apontam o crescimento da produção com baixas taxas ao passo que o consumo per capito de leite, até 2020, cresce numa proporção maior. Caso a eficiência da produtividade não seja aumentada o país precisará importar leite. Além disso, prevê-se que se não houver uma modernização no modo produtivo para o aumento da produtividade cerca de 70% dos 38 mil produtores de leite rondonienses abandonarão a atividade. Uma das causas é a baixa lucratividade devido à baixa produtividade do atual modo produtivo e o aumento do preço da terra que traz como tendência a venda de propriedades para grupos interessados na produção de soja no Estado. “A tecnologia para o aumento da produtividade já existe e os que quiserem se manter no mercado terão que caminhar com ela. Além disso, para o aumento da lucratividade será necessário uma potencialização dos modos associativista e cooperativista para a realização de compras coletivas as quais oferecem melhores condições de preços de insumos para os produtores.”, afirmou o zootecnista.
Leandro Franco Rezende, especialista em manejo de pastagens, palestrante, falou sobre a aplicação das novas tecnologias de adubação e de manejo de pastagens. Ele alertou para o uso excessivo de herbicidas, pois pode ocorrer o extermínio de predadores naturais das pragas assim como explicou a respeito de técnicas empregadas para a recuperação de áreas de pastos. Confirmou a análise de Kühl no que diz respeito à necessidade da aplicação de cálculos para a boa gestão da propriedade e do controle constante das pastagens com a realização periódica da análise de solo para a reforma e recuperação das pastagens.
Os agricultores Ismael Costa Pereira e Ismair Bento, da região de São Miguel do Guaporé, produtores de leite, afirmaram que essas foram as melhores palestras que já assistiram devido à qualidade e a clareza das informações repassadas pelos palestrantes. Ismair disse ter o hábito de anotar seus custos e lucro, já Ismael disse ainda não ter esse prática, mas achou importante ser alertado a respeito dessa necessidade.
Em São Miguel do Guaporé também foram ministradas palestras a respeito de piscicultura e da atividade cafeeira como atividades da SNCT.
Fonte: Assessoria
