Durante a World Dairy Summit, da Federação Internacional de Lácteos (IDF), a repórter Claire Phoenix, do FoodBev, entrevistou o diretor executivo da Fonterra, Theo Spierings o qual falou sobre o mercado de leite, a Fonterra e oportunidades do setor. Segue a entrevista abaixo.
Como você vê a indústria global hoje?
Theo Spierings: A indústria global de lácteos hoje está em uma posição muito forte e eu vejo excelentes oportunidades de crescimento à medida que o comércio global e a demanda continuam aumentando ano a ano.
A demanda está sendo direcionada pelo crescente fortalecimento econômico e urbanização de mercados emergentes, como Ásia e América do Sul. À medida que a renda aumenta nesses mercados emergentes, os consumidores estão buscando por uma nutrição que dê suporte à saúde de suas famílias, e os lácteos têm um papel importante nisso.
Essa crescente demanda por lácteos não é somente entre as jovens famílias, mas, com a população envelhecendo na China e nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), existe uma demanda nutricional maior para consumidores mais velhos que buscam manterem-se ativos.
O aumento das rendas, junto com estilos de vida muito ocupados também significa uma maior demanda por alimentos convenientes fora de casa, como pizza e hambúrgueres, vendidos por restaurantes de fast food, que contribuem para a demanda global de lácteos.
Qual a posição da Fonterra na indústria global de lácteos?
Theo Spierings: Como o maior exportador mundial de lácteos, estamos bem posicionados para ajudar a suprir essa crescente demanda. A Fonterra já tem marcas bem estabelecidas de produtos voltados ao consumidor e negócios de ingredientes em mercados emergentes, como Ásia e América do Sul.
Estamos atualmente aumentando nossa produção na Nova Zelândia e em outros mercados. A produção de leite neste país deverá crescer em 2-3% por ano, mas a demanda global está aumentando muito mais rápido que isso e, se quisermos suprir esse crescimento, precisamos ser capazes de aumentar nossa oferta de leite no mercado doméstico e em outros mercados.
Nosso fornecimento global complementa a oferta de leite da Nova Zelândia e fornece leite fresco mais próximo aos mercados onde operamos. Os países onde estamos atualmente produzindo leite incluem China, Austrália, Sri Lanka e América Latina, e nossa estratégia é continuar aumentando isso.
Como você vê os consumidores alvo de hoje? O que eles estão procurando e como a Fonterra está suprindo essa demanda?
Theo Spierings: Com o maior acesso à informação, os consumidores estão se tornando mais conscientes sobre o que comem e sobre o valor nutricional dos alimentos. Eles estão demandando produtos nutricionais que apoiam a saúde e o bem-estar de sua família e nossa estratégia está focada em mirar nos três segmentos seguintes.
Primeiramente, a nutrição pediátrica é a categoria de lácteos de mais rápido crescimento do mundo, com os pais cada vez mais demandando produtos lácteos para dar suporte ao crescimento e desenvolvimento de crianças e bebês. Embora tenhamos um negócio substancial de produção de ingredientes de alto padrão para companhias multinacionais de nutrição infantil, também temos nossa marca Anmum, que já fornece nutrição saudável para mulheres grávidas e mães amamentando. Existem oportunidades para continuar estendendo nossa marca Anmum como uma nutrição confiável para mães e bebês, com a China e os países da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) sendo a prioridade. Já fizemos isso com sucesso na Malásia e na Indonésia.
Com o envelhecimento da população, particularmente na China e na Ásia, outro foco está no desenvolvimento de produtos lácteos que dão suporte nutricional para as pessoas mais velhas. Esses produtos estão designados não somente para fornecer uma dieta nutritiva, mas também para ajudar a aumentar sua mobilidade. Nossa marca para saúde dos ossos, Anlene, tem uma história genuína de sucesso nessa categoria e tem um papel na prevenção da osteoporose. Ela também dá suporte à flexibilidade das juntas e à saúde dos ossos, de forma que as pessoas mais velhas possam se manter ativas. Trata-se da marca rica em cálcio líder na Ásia, com participação significativa do mercado.
A terceira área de nosso foco está nos consumidores que estão comendo refeições fora de casa. Nossa divisão de foodservice opera em cerca de 50 países com portfólio de queijos, creme, manteiga, iogurte, confeitaria e bebidas designadas a suprir as necessidades dos chefs e cozinhas comerciais. Essa é uma área de negócios onde estamos vendo contínuo crescimento e nossas equipes de inovação terão um grande papel em dar suporte a esses planos de crescimento, particularmente à medida que o mundo demanda cada vez mais por alimentos convenientes.
De qual inovação do último ano você mais se orgulha?
Theo Spierings: O centro de pesquisa e desenvolvimento da Fonterra desenvolveu uma tecnologia patenteada líder mundial que nos permite fazer mussarela ralada natural congelada diretamente a partir do leite em apenas um dia, ao invés dos dois meses usados pelos processos convencionais de produção do produto.
Quando descongelada, a mussarela tem uma funcionalidade superior e estrutura de composição que dá ao produto características próprias de sabor, elasticidade e derretimento. Essa tecnologia está ajudando a Fonterra a suprir a crescente demanda internacional, principalmente de redes globais de restaurantes fast food, apoiadas por um crescimento nos restaurantes finos e de fast food regionais.
Quanto tempo levou seu desenvolvimento e quando o produto alcançará as lojas?
Theo Spierings: Essa tecnologia foi criada como um projeto piloto em 2005 e foi expandida em estágios desde essa época. A expansão mais recente é um aprimoramento de uma planta, de US$ 72 milhões, que será completado no meio de 2014. O produto já está disponível no mercado.
O que você espera alcançar no World Dairy Summit da IDF nesse ano?
Theo Spierings: Para a Fonterra, o World Dairy Summit é sobre conectar com a indústria e desenvolver uma abordagem única para os padrões de ciência e segurança alimentar em todo o mundo. Os consumidores de hoje querem cada vez mais saber sobre seus alimentos e de onde ele vem e nós, como uma indústria, precisamos garantir que a ciência que usamos forneça a eles a confiança de que seus produtos lácteos são saudáveis e de alta qualidade.
Onde você vê a indústria de lácteos dentro de 10 anos?
Theo Spierings: É animador pensar onde a indústria de lácteos estará nos próximos 10 anos. Temos uma população crescendo rapidamente e a demanda em 10 anos será mais forte do que nunca, com os lácteos se tornando parte vital da nutrição diária dos consumidores.
A maior oferta no mundo e a inovação de produtos terão papéis cruciais em suprir essa demanda, bem como em dar aos consumidores maior confiança nos produtos lácteos. Entretanto, nosso foco absoluto precisa continuar tornando os produtos acessíveis a todos, todos os dias.
Fonte: FoodBev
