Setor nega baixa de estoque, mas admite disputa entre indústria e varejo
Além de caro, o leite está em falta nas prateleiras de alguns supermercados mineiros. Indústria e supermercadistas negam desabastecimento, mas os consumidores já perceberam que não está fácil encontrar todas as marcas no varejo e que a falta de reposição do estoque deixa buracos nas prateleiras, o que pode pressionar o preço por causa da redução da oferta. A queda de braço entre fornecedores e varejistas pode explicar as falhas.
“Não há nenhum problema em relação í produção. O que pode estar havendo é alguma rede de supermercado ter um entrave comercial com a indústria, o que não é uma coisa anormal, não é incomum, faz parte do mercadoâ€, explica o diretor executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado de Minas Gerais (Silemg), Celso Moreira.
O superintendente da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, tem discurso semelhante. “Não temos problemas com o abastecimento de leiteâ€, afirma. Ele diz, entretanto, que como o período é de entressafra, e há uma oferta menor do produto, pode haver uma queda de braço entre indústria e varejo na negociação de preços. “Acontece de o fornecedor querer aumentar o preço e o supermercado não aceitar, porque se subir mais, não vai vender. Aí, uma rede pode ficar uma semana sem aquela marca, até que as duas partes cheguem a um acordo comercialâ€, diz.
Nesta segunda, a reportagem percorreu seis estabelecimentos em Belo Horizonte e Contagem e em todos eles havia espaços vazios onde deveriam estar as caixas de leite para vender. Havia também um número menor de marcas do que o habitual. Em um deles, o repositor disse que uma determinada marca não era entregue há cerca de tríªs semanas. Em outro, o funcionário disse que a rede não conseguiu comprar o produto de um dos fornecedores tradicionais e, por isso, substituiu por marcas menos famosas.
A falta de produto está ligada ao período seco, que reduz as pastagens e afeta a produção do gado leiteiro. Com menos produto, em oferta, o preço sobe. O valor médio do litro em Belo Horizonte foi de R$ 2,37 em agosto, de acordo com pesquisa do Ipead/UFMG. Nos seis supermercados visitados pela reportagem, o preço do litro variou de R$ 2,08 a R$ 4,69. A chegada do período chuvoso, a partir de outubro, deve aliviar o problema da oferta, mas não deve derrubar os preços. Isso porque a demanda vem crescendo mais do que a oferta nos últimos anos e mesmo a alta da produção não será suficiente para levar ao excesso de oferta, que acabaria derrubando os preços.
http://www.otempo.com.br/al%C3%A9m-de-caro-leite-est%C3%A1-em-falta-nos-supermercados-1.710852