#A culpa é do leiteiro!

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Minha esposa, milhares de vezes, corrige minha forma de expressar opiniões, pois sempre busco não magoar ou não ser muito direto nas minhas afirmações. Pensava eu, que agindo desta forma promovia a possibilidade de reflexão ao meu ouvinte, seja ele um amigo, cliente ou colega de trabalho.

Ao ler as reportagens do Jornal O Popular do dia 26/11 pp. aqui de Goií¢nia, onde sérios e preocupantes resultados de pesquisas e palestras de técnicos ligados ao setor leiteiro foram apresentados, percebo que as meias-palavras que emitimos, de nada adiantam se desejamos promover realmente um choque refletivo ou crí­tica construtiva.

Passam-se os anos, e desde a década de 60 quando criança ouvia dos meus avós a mesma frase robótica, o que a torna quase cromossí´mica: – O Brasil é o paí­s do futuro.

Não recordo de quem é esta outra afirmação, mas ela é cada vez mais verdadeira: «O que fazemos de errado durante o dia, o Brasil é tão bom que se recupera í  noite». E vale aqui esta observação inteligente, para o nosso setor de leite.

Até quando vamos ficar «passando a mão na cabeça» e escutando «choradeira» de leiteiro.

O dito é sempre o mesmo: – O leite não dá!

Caramba… eles possuem o direito de serem chorões, e são. Desinformados, alienados, medrosos, covardes, mas a incompetíªncia atinge as pessoas do seu meio e isto sim é demais. Os milhares de técnicos capacitados e com vontade de serem ouvidos pelas pessoas que estão reclamando da atividade leiteira, para ajudá-los a se tornarem empresários do setor, é enorme. Se recebessem tal oportunidade, verí­amos então, estes í­ndices ridí­culos e vergonhosos serem eliminados e terí­amos sim, progresso e riquezas sendo geradas.

Um sem fim de palestras, convenções, simpósios, cursos e seminários são disponibilizados diariamente para quem deseja melhorar suas «roças,» como estes «gigolí´s de vacas» gostam de denominar o local onde expõem í  subnutrição as suas vacas, que fornecem heroicamente í  custa de autofagia, uns mí­seros 4 litros/dia, extraí­dos com mãos sujas, massageadas com «baba» do bezerro, inúmeras vezes com cuspe e outras tantas limpas com os píªlos da cauda, embarrados ou embebidos de urina da lactante.

Para estes extrativistas, que prejudicam o Brasil, deveria haver um congresso destinado a desenvolver técnicas de como se tornar mais incapazes e inúteis í  economia do mundo, e por fim darem o lado aos que buscam dias melhores.

Como o nosso Brasilzão é capaz de aguentar não só corrupção alarmante, ainda necessitamos como cidadãos e muito mais como técnicos, fingir que tudo está andando muito bem na pecuária brasileira.

Refletindo sobre os exploradores de vacas, se todas as vezes que eles reclamassem, alguém os chamassem de incapazes e despreparados, quem sabe no dia em que uma empresa de assessoria ou um técnico lhe visitasse, procederiam diferente, talvez até pensar na possibilidade de existir sim, capacidade de melhorar.

Sinceramente, meu amigo Marcelo Carvalho e Leovegildo, sei que há possibilidades de didática evolutiva, mas o que estamos necessitando é um tratamento de choque. Vejam que os eventos técnicos estão recheados de gente ávida por trabalho e desenvolvimento, mas o que percebem estes jovens técnicos ao saí­rem das universidades, é que terão que lidar com dinossauros e trogloditas, soberbos por possuí­rem um pedaço de terra e se acharem os donos do mundo por este motivo.

Não devemos pedir ajuda ou socorro ao governo para quem não faz nem a lição de casa. Não devemos proporcionar mais recursos financeiros para aqueles que sequer sabem quanto gastam no seu orçamento familiar, quiçá na propriedade como um todo. Se o mí­nimo, que é somar os gastos do míªs, eles não conseguem. Por estes motivos é que eu gostaria de entender como afirmam que a atividade não remunera adequadamente.

A ajuda técnico-gerencial está disponí­vel sob os mais diversos meios, a estes que desfazem diuturnamente do setor, só que eles devem desejar serem ajudados, e é aqui que a «mula empaca». A maioria esmagadora, como mostram as pesquisas, não desejam, e sequer buscam serem pessoas melhores para sua famí­lia, grupo, cidade ou paí­s.

Convivemos com custos e í­ndices técnicos em nossa pecuária leiteira, que passam ao mundo a pior imagem possí­vel de desenvolvimento.

Vacas produzindo 4 ou 5 litros/dia, 50% dos produtores entregando abaixo de 200 litros/dia, ridí­culo uso da inseminação artificial, uso de touros de corte em vacas de leite, cruzamentos com raças sabidamente impróprias para produzir leite, incapacidade administrativa, falta de gerenciamento, subnutrição dos animais, ignorantes que compram um proteinado e misturam com sal branco para reduzir consumo, tem ainda o famoso «sopão» (concentrado + água) que servem para as vacas na hora da ordenha, para que o mesmo seja chupado rapidamente ao invés de ingerido junto ao volumoso, como indicam as boas normas nutricionais.

Tem ainda aqueles que possuem um pedaço de terra, mal cuidada, erodida, sem cobertura vegetal, povoada com vacas de gambira, criando uns gabiruzinhos, e que só vão í  roça na hora da ordenha. Estes elementos, muito mais abundante do que se imagina, que certamente não vão ler artigos como este e vossas pesquisas, é que desastrosamente contribuem para os í­ndices de ineficiíªncia que são divulgados.

Vejam que tais atitudes, não dependem de incentivos governamentais, financiamentos, etc. São fatores que competem única e exclusivamente í s pessoas. í‰ uma decisão de vida, um desejo, o querer ser útil, querer se tornar um empresário ou produtor eficiente ou seguir sempre engrossando as fileiras dos que atrasam o paí­s.

Por tudo isso, revisando os fundamentos mais profundos das palavras verdadeiras que recebo em meu lar, é que estou convicto de que não devemos abandonar todo o processo de gerar e levar continuamente o conhecimento ao nosso setor, mas reafirmo minha posição que devemos ajudar quem deseja.

Para os derrotistas e desinformados é que cabe o í´nus da prova de que a bovinocultura de leite não remunera corretamente. Apenas palavras infundadas, sem embasamento algum, não convencem os que estão sérios, profissionalizados e investindo na atividade. Estes sim, é que servem de exemplo í  nós e ao paí­s.

Pouquí­ssimas atividades comerciais se perpetuam sem análise justa de custos, escala e eficiíªncia. E a nossa, certamente não seria exceção í  regra.

Algum administrador já disse: – Para mim existem apenas dois tipos de pessoas aqui na empresa, as que fazem poeira e as que comem poeira. O meu time é o primeiro, mas cada um possui a liberdade de escolher o seu.

Por fim, como sempre deve haver um culpado, num ano em que por competíªncia de outros brasileiros, encontramos e fizemos justiça, condenando-os, aqui coloco na cadeira dos réus mais este, e pasmem que não é o mordomo é o leiteiro, cuja definição na Wikipédia deveria constar como: – aquele sujeito que mói vacas para extrair seu suco.

Abraço

Luis Einar Suñé

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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