#‘Precisamos atacar um ponto crucial: o créditoÂ’

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Em um cenário de seca prolongada, prejuí­zos amargados no campo, rebanho dizimado e pouca perspectivas de mudança do cenário atual, o secretário de agricultura do Estado José Teixeira Júnior, que assumiu a casa há cerca de 20 dias, após passar pela Superintendíªncia do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Norte e presidíªncia da Associação dos Criadores (Anorc), fala da necessidade de retomada “do crédito rural para fazer a economia do setor rural, a economia do semiárido, que está sufocada, voltar a ser oxigenada. Em entrevista í  TRIBUNA DO NORTE, Júnior Teixeira falou da situação vivida por outros setores da economia, como a carcinicultura, que sofre restrições ao crédito e se depara com a possibilidade de o mercado brasileiro ser aberto a importações de camarão. O secretário considera preocupante a abertura do mercado brasileiro para o camarão importado da Argentina.
Emanuel Amaral
José Teixeira Júnior, secretário de agricultura do RN

O setor produtivo cobra soluções para problemas diversos herdados dessa seca prolongada. Diante da sua experiíªncia como ex-presidente da Anorc e hoje secretário de Estado, como o senhor analisa a questão? Como o Governo do Estado atua para atender os pecuaristas, os pequenos e médios produtores rurais, que são os mais afetados?

A Secretaria de Agricultura tem um papel importante em fazer a sincronia de todos os setores, produtores, instituições, governo do estado, federal, municí­pios. Diante da união dessas forças para o combate í  seca, estamos trabalhando na questão do milho e já conseguimos junto ao governo federal ampliar a oferta nos meses de abril e maio, para cerca de 15 mil toneladas ao míªs, e esperamos que se prolongue para os demais meses. Estamos buscando parcerias para produção de a forragem. A secretaria de recursos hí­dricos está fazendo parcerias com o setor produtivo, cedendo máquina e os custos estão sendo absorvidos pelo setor produtivo para perfuração de poços, o que dá agilidade, economia para o Estado e um custo mais acessí­vel.

Essas são as soluções encontradas a curto prazo?

Essas são soluções emergenciais para que o nosso rebanho possa ter uma condição melhor e não tenhamos tanta mortalidade. Precisamos ainda atacar um ponto crucial: o crédito rural para fazer a economia do setor rural, a economia do Semirarido que está sufocada, voltar a ser oxigenada. Para isso, precisamos resolver a questão da dí­vida e a desburocratização do crédito rural para que os produtores rurais, junto com as instituições, governo do estado, federal, municí­pios, possam agir mais rápido.

Um dos efeitos da mortandade do rebanho, principalmente na região do Semiárido, conhecida pela produção do leite que abastecia o programa do Leite, foi bastante prejudicada. Como o Governo está trabalhando para que a distribuição do leite não continue a cair?

A questão da produção leiteira é afetada por dois problemas, não só a seca. Historicamente, o Programa do Leite sofre com o aumento dos custos de insumos ao longo do tempo, óleo diesel, gasolina, energia elétrica, milho. E o preço do leite não tem reagido, porque há uma oferta grande aqui e em outros paí­ses produtores é um estoque mundial de leite alto, isso congela o preço, enquanto outras commodities vão subindo. Somado isso í  seca, a crise no setor é forte. Mas estamos observando isso e espero que o setor tenha um pouco mais de compreensão, porque precisamos do diálogo para conseguir uma condição melhor para aumentar a oferta.

Como ampliar essa oferta? E, para quem é beneficiado com a distribuição, garantir que não falte?

Com o aumento da oferta do milho, poderemos direcionar uma cota maior para quem produz para o programa. Está nas nossas revindicações junto ao governo federal, a venda subsidiada do concentrado (soja ou a torta) e uma forma de conseguir alavancar por meio do barateamento dos insumos.

No ano passado, o setor canavieiro apresentou uma série de pedidos para que a queda na produção não ficasse mais acentuada. Passado um ano, nada saiu do papel. Por quais razões?

Estou aqui há 15 dias. Recebi a associação, o sindicato e cooperativa dos plantadores de cana, todas entidades ligadas ao setor. E a principal reivindicação é a decretação do estado de emergíªncia que não cabe ao governo do Estado e sim aos Municí­pios. Levei-os ao Comitíª da Seca, apresentei o pleito deles que foi prontamente aprovado e eles foram buscar junto aos prefeitos, com ata em mãos, para que possa sensibilizar para o decreto de emergíªncia e isso vai facilitar renegociar as dividas, obter todos os benefí­cios que quem está no semi-árido já recebe. Outro pleito está na área tributária e, como não é com a nossa secretaria, encaminhei ao setor tributário competente para analisar a questão da redução requerida, como isso pode afetar a receita dos municí­pios. Um terceiro ponto foi a questão da água, o pleito foi levado ao Semarh e será feito uma contrato de máquinas perfuratriz para o acesso a água. Iremos atender a criação da camara setorial da cana de açúcar que iremos dar andamento a partir da reunião do Afora esses pontos, a Secretaria de Agricultura tem um plano de emergíªncia especí­fico para o setor?

A partir do contato com o setor, estamos tomando providíªncias, a primeira foi a decretação do estado de emergíªncia, a partir daí­ podemos tomar outras para beneficiar o setor.

Outro setor que não é atingido diretamente com a seca, mas também tem sofrido drásticas reduções no potencial produtivo é o camarão, que o Estado já foi o principal produtor e hoje o setor enfrenta dificuldades, inclusive de financiamento pelo Banco do Nordeste. Como o Governo se posiciona em relação a essa queda na produção da carcinicultura localmente?

A queda da produção do camarão decorre da crise mundial, inicialmente. Os preços internacionais caí­ram muito. O setor foi bastante criativo e resistente em se dedicar para o mercado interno, se adaptando aos custos para que esse produto fosse produzido, vendido a um preço que compensasse produzir e que a população tivesse acesso. Por outro lado, precisamos entender que o mercado do camarão no Brasil poderá voltar a competir com outros mercados e esse é um grande desafio, a vantagem da qualidade e sanidade do produto. íˆ importante investir nessas áreas.

Existe a possibilidade de abrir o mercado brasileiro para o camarão importado da Argentina. Como o senhor analisa a repercussão disso aqui no Estado?

í‰ uma medida de muita preocupação, não só pelo fato da competição para o mercado interno, mas devemos analisar a questão da sanidade. Quando estamos importando produtos de origem animal e vegetal de outros paí­ses estamos correndo o risco de trazer doenças que não existem no nosso. Quando eu disse que pela qualidade e pela sanidade podemos ser competitivos no mundo com o nosso camarão, esta é uma medida que vem de encontro a esse projeto maior de ser competitivo internacionalmente.

De forma global, qual é a análise que o senhor faz do setor agropecuário?

Estamos em uma área em que 93% do nosso estado está na região do Semiárido. Em todo o mundo, no semiárido a principal atividade é a pecuária. O nosso estado desenvolve essa pecuária com a produção de gado leiteiro e de caprinos e ovinos. Esse arranjo emprega muitas famí­lias. Somente no leite, são mais de 25 mil famí­lias produtoras antes da seca, hoje não temos qual os números essa atividade. Mas são mais de 100 mil pessoas envolvidas com essa atividade. Tem uma dimensão e importí¢ncia grandes e é preciso que se volte todas as atenções para o setor sobretudo no momento da seca e pensar agora para após a seca, na reconstrução desse cenário, dessas perdas. E não só o governo do Estado, todos os elos estejam mobilizados para isso.

Quais as projeções para 2013? Há uma luz no fim do túnel?

Precisamos pensar em fazer a recuperação do nosso rebanho e de nossas sementes que não existem tudo em grande escala e usando tecnologia avançada. A produção de sementes e mudas em laboratório, a produção das futuras matrizes que sejam usadas í s FIV, í s transferíªncias de embriões, porque não podemos pensar em repovoar o rebanho do Estado e do Nordeste com animais que venham de uma região fria que não se adapta ao clima semiárido. Do que sobrar da seca, temos que reproduzir em escala geométrica os animais que resistirem.

Em evento recente no Sebrae, o senhor pediu aos produtores um pouco mais de paciíªncia. í‰ possí­vel, diante deste cenário tão devastador, ainda ter paciíªncia?

Eu não pedi paciíªncia, que eu sei que eles já tíªm demais. Eu estou falando enquanto secretário de agricultura, mas ninguém pode esquecer que eu também sou um produtor rural. E entendo a situação de cada um daqueles que estavam ali. Eu fiz um apelo para mantermos um diálogo, porque é através dessa comunicação que iremos encontrar soluções. Eu fiz outro pedido a eles que foi compreensão, como secretário pois com 15 a 20 dias não tenho como encontrar essas soluções, como também o apoio da classe pois não adianta de nada esse diálogo, se eles não compreenderem que demanda tempo. Esse foi o apelo e espero contar com a colaboração do setor.
http://tribunadonorte.com.br/noticia/precisamos-atacar-um-ponto-crucial-o-credito/247635

 

 

 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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