Rússia abriu o mercado #lácteo para o Brasil; empresas estão à espera

A agitação que a demanda extra da Rússia está causando no mercado de proteína animal do Brasil, depois que o País virou substituto preferencial das cotas sancionadas dos fornecedores europeus e americanos, agora está levando as indústrias lácteas a tentarem fechar os primeiros embarques até o final do ano
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A agitação que a demanda extra da Rússia está causando no mercado de proteína animal do Brasil, depois que o País virou substituto preferencial das cotas sancionadas dos fornecedores europeus e americanos, agora está levando as indústrias lácteas a tentarem fechar os primeiros embarques até o final do ano. Ao contrário das carnes, cujas portas estão abertas, os derivados de leite entraram no apetite dos russos nas últimas semanas, que liberaram as primeiras empresas e as negociações estão à mesa.

Itambé, Tirolez, Polenghi, Confepar e Brasil Foods (BRF) já estão aptas a exportarem, liberadas a toque de caixa pelo Rosselkhoznadzor – o serviço de inspeção federal. Outras oito ou nove companhias deverão ser autorizadas nos próximos dias, assim que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) concluir a análise dos documentos e condições de qualidade e enviar os ofícios à Rússia, informa o diretor-executivo da Associação Brasileira de Laticínios, Marcelo Costa Martins, que está na linha de frente nas tratativas entre o setor privado e os órgãos federais brasileiro e russo.

A Rússia abriu mão de algumas exigências imediatas, adequando o Certificado Sanitário Internacional (CSI). «O Brasil não precisará do documento de Zona Livre de Brucelose e Tuberculose, mas mantiveram as regulamentações quanto às condições físico-químicas, microbiológicas e de embalagem», diz o diretor da recém-formada entidade nacional, conhecida pelo nome fantasia de Viva Lácteos.

A flexibilização do governo russo, no entanto, não tem só a ver com a necessidade urgente de suprir seu mercado com leite, queijos, manteiga, soro, entre outros, no vácuo dos europeus, australianos e neozelandeses, «mas porque eles sabem que o Brasil está livre de problemas sanitários há muito tempo». Essa garantia é dada por Carlos Humberto Mandes Carvalho, presidente do Sindileite de São Paulo, um dos estados que tem mais a ganhar com a nova janela na eurásia, pois se não tem uma bacia leiteira significativa concentra muitas empresas processadoras.

O curioso é que o Brasil vem sendo um importador líquido de lácteos desde 2008, quando as vendas externas nacionais atingiram um ápice de US$ 540 milhões. Já em 2013 a balança comercial teve um déficit de US$ 478,2 milhões, ou seja, importou US$ 595,2 milhões (159,1 mil toneladas) e exportou US$ 116,9 milhões (42,4 mil toneladas).

Mas isso não tem muita importância, segundo Costa Martins, da Viva Lácteos, porque as importações, transformadas em litros, representaram apenas 3,2% da produção nacional. Produção essa – na captação do leite – que não teria acompanhando o alto consumo interno dos últimos anos, além do que sempre houve alguma pressão sobre os produtores para evitarem o excesso de oferta de leite, na visão do presidente do Sindileite SP.

Em 2014, a resposta no campo é mais positiva, «especialmente pelo crescimento dos estados do Sul», explica Mendes Carvalho, bem como os melhores preços pagos ao produtor e certa estagnação no consumo interno. A oferta de importados vem caindo. De janeiro a agosto caíram 21,2% em valores (total de US$ 291,4 milhões) e 33,6% em volume (total de 69,2 mil toneladas), na comparação com o mesmo período do ano anterior.

A posição externa da indústria láctea brasileira, até então dominada pelo leite em pó (em torno de 70%), queijos e creme de leite (concentrado e não concentrado), e basicamente alcançando apenas países do terceiro mundo pode ser reforçada mais diversificadamente. Tanto em produtos quanto em destinos. A entidade paulista que reúne as indústrias, aposta em queijos, manteigas e soro (basicamente usado na confecção de iogurte). A Polenghi e a Tirolez, por exemplo, são exclusivamente focadas em queijos e outros itens pasteurizados.

«A demanda russa veio na hora certa, pois temos mais leite para processar e uma indústria apta em qualidade e variedade», anima-se o presidente do Sindileite, que traça para o futuro um paralelo com a indústria de carnes. Há menos de 20 anos o Brasil não tinha posição relevante no mercado mundial de bovinos, frangos e suínos, o mesmo que hoje ocorre com o setor lácteo nacional.

Dessa nova realidade que se impõe via Rússia, a maior beneficiária será a mineira Itambé, líder tradicional nos embarques internacionais brasileiros. Terceira maior indústria láctea do Pais, com US$ 2 bilhões em faturamento em 2013, detém 50% das exportações, com um mix liderado amplamente por leite em pó integral e leite condensado. «Pena que leite condensado não é muito consumido na Rússia», brinca Ricardo Cotta, diretor de gestão e relações institucionais.

Mas a manteiga da Itambé já está sendo negociada com os russos, em fase mais adiantada que o próprio leite em pó, de acordo com o executivo, que destaca as modernas plantas industriais. Os contatos começaram antes mesmo da liberalização oficial.

Nesse movimentado momento, o mercado se deparou com uma situação no mínimo curiosa: a gigante de carnes e alimentos processados BRF vendeu sua área de lácteos à francesa Lactalis (dona da Parmalat), mas o processo de transferência dos ativos ainda não foi concluído.
Fonte: Giovanni Lorenzon, Rural Centro

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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