As exportações de produtos lácteos do Uruguai em 2013 registraram uma queda de 1% em volume com relação a 2012, mas um aumento de 13% como consequência da valorização dos produtos no mercado internacional. A Venezuela foi o principal mercado em termos de valor para o Uruguai e, junto com o Brasil, representou 60% do valor exportado pela indústria de lácteos uruguaia.
Segundo dados do Instituto Nacional de Leite (Inale), em 2013, foram exportadas aproximadamente 245.000 toneladas, enquanto o valor final das exportações superaram os US$ 870 milhões, US$ 90 milhões a mais que em 2012, disse o presidente do Inale, Ricardo de Izaguirre.
Venezuela e Brasil seguem sendo os principais mercados, com 35% de participação da Venezuela e 25% de participação do Brasil no valor exportado. Em volume, esses dois países representaram 53% do total.
Por outro lado, os países que seguem em ordem de importância são China, que está em terceiro lugar (entre 10% e 11% do volume vendido) e em quarto lugar a Rússia, com 8% a 9%. Em termos de valor, as posições se invertem, ficando a Rússia em terceiro, com 11%, e a China com 9% do total do valor gerado pelas exportações de lácteos.
Essa situação ocorre pelas variações de preços dos produtos. O preço do leite em pó pago pela China não é dos melhores do mercado, mas esse país está adquirindo muita importância, sendo que nos últimos meses chegou a 20% de participação no valor vendido.
“Havíamos visualizado ao longo do ano que a China representava 10% dos volumes negociados, mas nos últimos meses registrou um fluxo comercial ainda maior”, disse Izaguirre. Ele disse que embora não se obtenham os melhores preços, é um mercado que está adquirindo importância de forma crescente no mercado mundial.
Além disso, deve-se considerar que o Uruguai está exportando para 60 países e que, por outro lado, também aparecem as exportações de produtos como leite longa vida, com mercados como Angola, Colômbia, México e Estados Unidos, onde a indústria uruguaia de forma muito acertada tem a intenção bem clara de ficar posicionada. “Trata-se de uma boa intenção além da força que tem a demanda da China”.
Tanto o leite em pó integral, como o desnatado, tiveram durante 2013 aumentos de preços importantes. O primeiro produto com uma cotação próxima aos US$ 5.000 por tonelada que, assim como a manteiga que chegou a esse valor, subiu cerca de 30% com relação a 2012. Por outro lado, os queijos iniciaram 2013 com preços de US$ 5.600 e seguiram estáveis, fechando o período em US$ 5.620 por tonelada.
Izaguirre ressaltou também os trabalhos que se desenvolveram em matéria de inovação, como é o caso do aproveitamento da secagem de soro de queijos, que era uma falha que existia. O mercado está utilizando bastante esse tipo de subproduto, como nas fórmulas para alimentação infantil, e o Uruguai está avançando nessa direção.
O vice-presidente da Cooperativa Nacional de Produtores de Leite do Uruguai (Conaprole), Wilson Cabrera, disse que 2013 se caracterizou pela agilidade dos negócios, sobretudo em matéria de exportações e em especial a venda de leite em pó. Destacou que durante o ano passado, concretizou-se o objetivo de consolidar uma corrente comercial para o mercado chinês e isso para a Conaprole é histórico.
Após serem montados sistemas de negócios com empresas chinesas, que são muito sérias, as vendas se agilizaram notoriamente, explicou ele. Da mesma maneira, espera-se em 2014 seguir fazendo bons negócios nesse mercado, disse Cabrera.
Izaguirre admitiu que o país tem que avançar nas gestões para conseguir uma posição mais vantajosa no mercado chinês em termos de impostos. O Uruguai precisa pagar um imposto de 10%, mas a NZ, por exemplo, tem atualmente um imposto de 5,8%, que irá se reduzindo até chegar a zero em 2020. Ele destacou que os lácteos do Uruguai têm uma aceitação muito boa na China no que se refere ao leite em pó, da mesma maneira que tem a manteiga na Rússia. “Conseguiu-se que a marca Uruguai tivesse um valor muito forte nesses mercados, mas falta avançar nesse tipo de acordo para ter benefícios já alcançados pela Nova Zelândia”.
Izaguirre disse que esse é um assunto que está na agenda do Governo e do setor industrial. Cabrera, por outro lado, disse que a cooperativa vem trabalhando em duas linhas de ação que são muito importantes. Por um lado, no desenvolvimento comercial desse mercado e, por outro, iniciando gestões para que em algum momento o país possa impulsionar um acordo com a China para baixar as tarifas.
A Nova Zelândia, por essa razão, tem uma vantagem, sobretudo nos primeiros meses do ano, que não afeta muito agora, porque se deve resolver no futuro, já que o setor leiteiro uruguaio está olhando com muita atenção para esse mercado, disse Cabrera.
Fonte: www.elobservador.com.uy