Rio Grande do Sul aposta em um novo tipo de confinamento animal para produção de leite

Em 2015, o Rio Grande do Sul perdeu o posto de segundo maior produtor de leite do Brasil. Hoje, aparece atrás de Minas Gerais e Paraná, com um volume de 4,5 bilhões de litros por ano
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Em 2015, o Rio Grande do Sul perdeu o posto de segundo maior produtor de leite do Brasil. Hoje, aparece atrás de Minas Gerais e Paraná, com um volume de 4,5 bilhões de litros por ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para retornar à vice-liderança, precisa encontrar formas de aumentar a produtividade do seu plantel. Uma das possibilidades, já em testes desde 2011 em várias regiões do País, é o uso de um novo tipo de confinamento, o Compost Barn.
Diversos produtores gaúchos que já apostaram na prática acreditam que o sistema gera mais conforto e bem-estar animal com reflexos no aumento da produtividade. A experiência estará em discussão no 4º Fórum Itinerante do Leite, em Palmeira das Missões, em 25 de abril.
O pesquisador da área de Saúde Animal e Qualidade do Leite da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG), Alessandro de Sá Guimarães, explica que o Compost Barn, que pode ser traduzido por “estábulo de compostagem”, chegou ao Brasil depois de ser adotado por produtores norte-americanos dos estados de Virgínia e Minnesota, no início dos anos 2000.
O Compost Barn consiste em manter o rebanho leiteiro o tempo todo dentro de um galpão. O chão é coberto por uma “cama”, de serragem ou outro material orgânico de fácil disponibilidade, que também absorve a urina e as fezes dos animais. Pelo menos duas vezes ao dia, com o uso de um trator, essa cama tem que ser revolvida para facilitar a entrada de oxigênio e favorecer o processo de compostagem. Esse manejo ocorre quando as vacas são levadas para a ordenha.
A cama orgânica ajuda a evitar lesões de casco nos animais, ao substituir o piso de concreto usado no sistema de confinamento Free Stall. No Compost Barn as vacas não ficam retidas em baias e podem caminhar pelo galpão. Guimarães diz que o espaço que tem que ser disponibilizado é de 10 a 13 metros quadrados por animal, dependendo das características e do tamanho de cada raça. Os galpões também são equipados com ventiladores para aliviar o calor e manter seca a cama orgânica. De acordo com a Embrapa Gado de Leite, o investimento necessário para instalação do sistema varia entre R$ 3,5 mil e R$ 5 mil por vaca.
O veterinário Marcos Souza de Freitas, único produtor de leite a adotar o sistema até o momento no município de Santa Rosa, trabalha com o Compost Barn desde outubro do ano passado. Em quatro meses, já comemora o resultado. Atualmente, ele usa o galpão para acomodar 32 vacas Jersey – a capacidade máxima é para 60 animais. A produção média de cada vaca passou de 17 litros para os atuais 25 litros por dia. “No Compost Barn as tarefas são mais pontuais”, acrescenta.
Apesar de perceberem adesão crescente ao sistema tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil, pesquisadores e veterinários ainda não dispõem de números que deem a dimensão desse aumento. A Embrapa Gado de Leite deve concluir neste ano uma pesquisa sobre o Compost Barn no Brasil. O levantamento começou em 2014, focado em fazendas da região Sudeste. Apesar disso, foram enviados questionários eletrônicos para propriedades de todas as regiões brasileiras. “Queremos publicar um material com recomendações técnicas para orientar os produtores”, adianta Guimarães.
É por conta da ausência da comprovação de dados que o vice-presidente do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado (Conseleite/RS), Jorge Rodrigues, recomenda cautela a quem pensa em apostar na prática. “Podemos dizer que ainda é um investimento de risco, porque não temos o domínio dessa tecnologia. No Rio Grande do Sul tem muita chuva e sabemos que a umidade é um limitador”, alerta. Para Rodrigues, outro ponto que pode inviabilizar o sistema é a carência da matéria utilizada para a cama orgânica – geralmente, serragem. “O produtor tem que estar ciente de que vai ter que ter esse material sempre disponível”, adverte.
A professora de Medicina Veterinária da Unijuí, Denize Fraga, diz que tem crescido muito a opção pelo Compost Barn no Nordeste e Noroeste do Estado. “Em função de a soja ter se alastrado na região, os produtores passaram a procurar alternativa para o seu rebanho em áreas pequenas”, observa. Apesar da carência de estudos, este tipo de confinamento tem gerado resultados satisfatórios, segundo Denize. “É um sistema que proporciona mais conforto para o animal, porque reduz o estresse térmico, sobretudo no verão. É preciso ter em mente que a vaca necessita de água e alimento de qualidade, uma cama confortável e temperatura adequada.
Disponibilizados esses itens, ela atinge o máximo de conforto e gera mais leite e mais renda para a propriedade”.
O presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat/RS), Alexandre Guerra, diz que a produtividade é fundamental para aumentar a competitividade dos produtores gaúchos. “Por estarmos mais distantes dos estados consumidores, nosso custo logístico é maior; e tem ainda a questão tributária, que impacta a nossa produção”, comenta.
http://www.cenariomt.com.br/2017/02/13/rio-grande-do-sul-aposta-em-um-novo-tipo-de-confinamento-animal-para-producao-de-leite/

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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