Associação de pesquisadores assegura melhoramento genético para produtores rurais aderirem a investimentos de inovação
O que há de mais moderno em termos de melhoramento genético bovino será aplicado em Goiás. Promessa nesse sentido foi manifestada oficialmente ontem, em protocolo firmado pelo vice-presidente da Associação Nacional dos Criadores e Pesquisadores (ANCP), Carlos Viacava, e a Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), Clarismino Luiz Pereira Júnior. O ato histórico contou com o aval do presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Ricardo Yano. Viacava veio a Goiânia proferir palestra sobre Melhoramento na prática, dentro da programação da 50ª Expo-Goiânia e 8ª Expoinel.
A ANCP nasceu na Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto. Com o protocolo firmado com a AGCZ, a idéia é criar de imediato um núcleo da Associação no Parque Agropecuário de Goiânia. A partir de sua instalação nesta Capital, os conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis serão transferidos para os criadores de Goiás.
Na área do nelore a entidade já conta com o Programa Nelore Brasil, que objetiva justamente o melhoramento genético animal. O programa é respaldado pelos pesquisadores da USP. O nelore domina o rebanho goiano de 22 milhões de cabeças e se destina em sua totalidade para o abate. Segundo o presidente da AGCZ, Clarismino Júnior, haverá isenção aos criadores que aderirem ao programa.
AVANÇOS GENÉTICOS
Carlos Viacava, que já respondeu pela Secretaria Geral do Ministério da Fazenda e pela diretoria da Cacex no governo João Figueiredo, é criador em São Paulo. Em sua gestão na Associação dos Criadores de Nelore do Brasil, Viacava adotou o Programa de Melhoramento Genético da Raça Nelore em 1988. A proposta nasceu em Ribeirão Preto com os criadores Cláudio Sabino Carvalho e Newton Camargo, interessados em colocar à disposição dos pesquisadores da USP dados de seus rebanhos, para que fossem desenvolvidas pesquisas com DEPs, que propicia efeito direto e materno, e melhoramento genético animal.
Numa análise abrangente, Carlos Viacava vê avanços genéticos na pecuária brasileira nos últimos anos e também nas áreas de manejo e nutrição. Ele ressalta os esforços da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na área de pastagem. Enfatiza que o processo evolutivo ocorreu nos trópicos devido à contribuição da tecnologia. O capim Brachiaria ocupou espaço e a soja se adaptou bem ao clima tropical. Antes parecia inconcebível proeza desta natureza.
Viacava observa que nos últimos 25 anos dessas iniciativas arrojadas da Embrapa, a «visão da carne ganhou novos conceitos com a qualidade». Segundo ele, o Brasil passou da condição de importador de carnes processadas da Irlanda e Argentina para exportador. «Hoje, o País exporta mais de Us$6 bilhões de carne», constata, apesar do protecionismo americano e japonês. O Brasil, no entanto, disputa metade do mercado de carnes, tornando-se um dos quatro principais exportadores. Os patrícios vão desbravando as fronteiras nacionais. E a pecuária bovina também já se firma no Pará. Em sua visão otimista, ressalta que os produtores brasileiros estão competindo, atualmente, com os americanos na produção de soja. O milho segue no mesmo caminho.
A adoção da integração lavoura e pecuária é reconhecida como «altamente positiva» por Carlos Viacava. Lembra ele que a idéia do sistema nasceu em Goiânia. Adotou-se então um sistema considerado revolucionário da sustentabilidade ambiental. A terra passou a ser melhor reaproveitada e, assim, os agropecuaristas ocupam menos espaço.
CONCURSO LEITEIRO
O torneio leiteiro envolvendo o gado da raça Gir começou, ontem, no Parque Agropecuário de Goiânia. A meta dos produtores é bater o recorde de 64 quilos por vaca ao dia, ocorrido na Mega Leite em Uberlândia, Minas Gerais, em setembro deste ano. A expectativa é grande e os cuidados com os animais se desdobram. Primeiro, numa alimentação de ração balanceada. O clima quente de Goiânia levou os criadores a implantarem nos pavilhões sistemas de refrigeração que operam 24 horas por dia.
Com relação ao gado da raça Guzerá as expectativas são menores. O torneio começou um dia antes, na segunda-feira (21), também às 14 horas. Dez ordenhas estão previstas, das quais três diárias, ou mais precisamente às 6 horas, 14 horas e às 22 horas. Segundo expositores, a intenção com a participação do Guzerá no concurso leiteiro, é divulgar a raça por sua aptidão leiteira. No Estado, afinal, são poucos selecionadores, mas ocorreram melhoramentos genéticos, segundo lembra a veterinária da ABCZ, Vanessa Barbosa. É ele quem acompanha todos os passos desse animal na 50ª Exposição Agropecuária.
http://www.dm.com.br/texto/148771-rebanho-goiano-recebe-incentivo
