O preço médio pago pelo litro de leite aos produtores atingiu o maior valor em cinco anos, segundo o levantamento mensal realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-USP) relativo ao míªs de maio. A nova pesquisa que será divulgada no início da semana que vem, com base nos dados de junho, deve manter a mesma trajetória de alta acima de R$ 0,90 na média nacional.
No Rio Grande do Sul, os dados coletados pelo Conseleite também indicam aumento, com o valor de referíªncia fixado na casa de R$ 0,89 – variação de 35% na comparação com o mesmo período do ano passado.
No entanto, as cifras para o litro do produto acima do padrão de qualidade atingem cerca de R$ 1,02. O fato é considerado inédito pelo diretor executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Darlan Palharini. “Desde 2007, quando ingressei no sindicato, não me recordo dos valores terem ultrapassado a barreira de R$ 1,00â€, exemplifica.
Na avaliação da entidade que representa cerca de 90% dos laticínios gaúchos, apesar de agir positivamente para a renda dos produtores, o novo patamar comercial não tem determinado perdas expressivas para a indústria. Segundo Palharini, o reajuste tem acompanhado os repasses aos supermercados e, por consequíªncia, ao consumidor final.
Na outra ponta da cadeia, o assessor de Política Agrícola da Fetag, Airton Hochscheid, afirma que o momento é positivo para a recomposição das margens perdidas pelos produtores no ano passado em razão da estiagem. Entretanto, ele explica que nem tudo pode ser convertido em lucros. Isso porque o custo dos insumos, como o farelo de soja, além de complicações com as pastagens de inverno, elevou o custo de produção em 20% no período.
Entre os aspectos considerados pelos agentes de mercado para a elevação dos preços está a conjunção de quatro fatores – dólar em disparada, redução na captação, aumento do consumo e da cotação internacional do leite em pó, que saltou de US$ 2,3 mil para US$ 4,1 mil a tonelada em 12 meses. A produção gaúcha é de 10 milhões de litros diários – 35% destinado ao leite em pó, 55% í fabricação de UHT e o restante para os derivados.
Para Hochscheid, a impossibilidade de consumir leite em pó importado da Argentina e do Uruguai também se reflete na oferta interna. Além disso, no Estado, a captação de julho estimada acima de 10 milhões de litros por dia não atingiu a casa de 9 milhões. No entanto, segundo os especialistas, o fator não pode ser creditado í operação Leite Compensado, deflagrada no Estado pelo Ministério Público para investigar a adulteração do produto.
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