O setor leiteiro do Uruguai continuará crescendo, mas possivelmente a um ritmo anual menor. Nos últimos 24 meses, o volume de leite produzido aumentou quase 25% e o crescimento foi quase sem endividamento.
O setor leiteiro uruguaio é hoje o exemplo de integração e crescimento produtivo por excelíªncia na agropecuária local. Grande parte do crescimento é apoiado pelas denominadas mega-fazendas.
Para muitos analistas, esse tipo de produtor está com uma taxa de crescimento que manterá os dois dígitos. Porém, também há outro tipo de produtor que há algum tempo estão com a produção parada e não estão dispostos – seja por sua idade avançada ou pela falta de liquidez – a seguir o ritmo que demanda sustentar um crescimento como o que vem ocorrendo.
Até agora, o setor leiteiro cresceu sem endividamento, mas, esse último segmento de produtores seria o que está consumindo capital próprio e, se tem dívidas, é a curto prazo. «Nos anos 80 e 90, cresceram com créditos mais brandos, com dois anos de graça, com quatro ou cinco amortizações que permitiram uma mudança no sistema de produção. Hoje, para mudar o sistema de produção, como exige o momento, esses créditos não estão na praça e não está no í¢nimo de muitos produtores de leite fazer empréstimos convencionais», disse o presidente da Cí¢mara Uruguaia de Produtores de Leite, Horacio Leániz.
«í‰ provável que o ritmo de crescimento se desacelere», disse o assessor da Associação Nacional de Produtores de Leite, Daniel Zorrilla. Há duas razões fundamentais para que isso ocorra. «Financeiramente, a coisa começará a complicar e custará mais seguir nesse caminho ao ritmo que vínhamos crescendo. Em segundo lugar, porque esse crescimento ocorreu, praticamente com aumento na produção individual das vacas e por meio de incorporação de concentrados nas dietas. Esse processo está chegando a um limite. Certamente, de agora em diante, terá que crescer aumentando o número de vacas em ordenha, que é o que não ocorreu nos últimos anos. í‰ provável que o crescimento seja mais lento, ainda que superando a média anual que vinha sendo registrada até o momento (8%).
Há alguns limitantes do ponto de vista reprodutivo para seguir crescendo. «Há de melhorar os indicadores e há limitantes quanto í intensidade com que se faz a recria», disse Zorrilla. Esse é um elemento que «precisa se resolver, mas que certamente não se fará com a velocidade com que se fez essa incorporação de concentrados na alimentação de vacas leiteiras», admitiu ele.
Segundo dados do Instituto Nacional de Leite (Inale), até o míªs de agosto foram enviadas í s plantas 169,5 milhões de litros, um volume que já é 12,8% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior.
A reportagem é do El País Digital