RIO DE JANEIRO, (Reuters) – Falta no Brasil e no mundo um código agroambiental que permita aos produtores crescerem com estratégia, afirmou nesta terça-feira o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, nomeado recentemente embaixador especial da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para o cooperativismo mundial.
«O avanço é notável mas falta estratégia, falta liderança e essa falta é global … o mundo não tem rumo», disse Rodrigues, que também é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, em evento paralelo í Rio+20 sobre segurança alimentar.
Rodrigues defendeu que o código para o agronegócio reúna regras para a integração de tecnologias, adoção de assistíªncia técnica para agricultores, certificação, rastreabilidade, preços, pesquisa, entre outras questões.
«Os números mostram que a agricultura está explodindo … a falta de estratégia leva a crescimento desordenado», acrescentou.
A ideia tem simpatia do diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Eduardo Soares de Camargo, um dos representantes do setor que estiveram presentes ao evento no Forte de Copacabana.
«A postura brasileira sempre foi a de defesa, mas aqui é diferente, os modelos tíªm que ser globais», disse Camargo, referindo-se também a propostas da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
íNDICE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTíVEL
Também presente ao seminário, a senadora e presidente da CNA, Kátia Abreu, defendeu a criação de um índice para o desenvolvimento sustentável do setor, que funcione como o IDH (índice de Desenvolvimento Humano), que é uma taxa de referíªncia para medir a evolução de indicadores sociais em todo o mundo. O índice de desenvolvimento rural será lançado formalmente após a Rio+20.
«Estamos acabando de formatar esse índice que pode ser usado em í¢mbito mundial para facilitar as políticas públicas, direcioná-las», disse a senadora. «São quatro pontos: economia, meio ambiente, social e mercadológica social», acrescentou.
A ideia do índice é também possibilitar a abertura de mercados para países que adotam práticas ambientais corretas.
«Não precisaremos desmatar mais porque a área que temos aberta dá para implementar tecnologia e ainda dobrarmos, triplicarmos nossa produção de carne e grãos usando a tecnologia que já temos hoje. Só não o fizemos porque isso requer recursos. A ONU impí´s recomendação que em 2050 temos que ampliar em 40 por cento nossa produção. Estamos tranquilos em relação a isso», afirmou ela.
Fonte: Reuters
http://www.milkworld.com.br/noticias/post/falta-de-rumo-na-agricultura-e-global-diz-embaixador-da-fao