Nova referência para preço do leite em MG

Maior produtor de leite do Brasil, Minas Gerais terá a partir do próximo ano um novo sistema de preços de referência para o alimento.
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Maior produtor de leite do Brasil, Minas Gerais terá a partir do próximo ano um novo sistema de preços de referência para o alimento. O cálculo será feito por um grupo de acadêmicos e deverá nortear laticínios em relação aos valores a serem pagos aos produtores no Estado. A expectativa de quem está no campo é que a indústria passe a pagar mais pelo leite, sem que esse aumento chegue ao consumidor.
O cálculo dos preços de referência – dos leites de qualidade intermediária, superior e inferior – será feito por uma entidade que será oficialmente formada esta semana, o Conseleite. Será um conselho com representantes dos criadores de gado leiteiro, de cooperativas de leite e dos laticínios que operam no Estado.
Dois professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e um professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP) terão a tarefa de analisar mensalmente os custos dos laticínios e os custos de produtores de distintos perfis. Vão agregar essas informações a dados do mercado e calcular preços referenciais para o leite a ser pago ao produtor.
Os preços devem começar a ser anunciados em fevereiro ou março do próximo ano. Será um valor de referência para o mês corrente e outro para mês seguinte.
O primeiro Conseleite do país foi criado no Paraná em 2003, e depois vieram os do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A ideia foi motivada por suspeitas constantes dos fazendeiros de que laticínios os exploravam, pagando preços aviltantes pela matéria prima.

Para a instalação do Conseleite em Minas Gerais, duas dezenas de laticínios do Estado, com portes e produtos variados, já repassaram, sob condição de sigilo, seus números para o grupo de acadêmicos. A ideia é que essa amostra reflita a realidade dos aproximadamente 800 laticínios mineiros.
Nenhum laticínio estará obrigado a pagar aos criadores de gado leiteiro os valores apontados como referência. Mas Celso Costa Moreira, diretor executivo da entidade que representa a indústria em Minas, o Silemg, diz que certamente todos passarão a levar os números em conta e que serão preços que a indústria poderá suportar. De acordo com ele, o Conseleite terá um impacto na qualidade do produto mineiro.
«Hoje muitos laticínios que não são tão exigentes pagam pelo leite com mais ou menos qualidade o mesmo valor», afirma Moreira. «Com o Conseleite, teremos o preço do leite padrão e o produtor com leite de melhor qualidade receberá um valor maior, e vice-versa.» Ele aposta que isso será um estímulo decisivo para o aumento da qualidade de toda a cadeia leiteira em Minas Gerais. E que abrirá mais portas do mercado externo para derivados de leite do Estado.
Minas Gerais produz ao ano cerca de 9 bilhões de litros de leite – quase um terço de toda a produção nacional. São 223 mil produtores. O faturamento anual dos laticínios é de R$ 10,5 bilhões.
O que tem servido de referência para os preços pagos aos produtores mineiros é o índice calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), da USP. O Cepea usa informações de cooperativas e laticínios. Mas produtores de Minas Gerais afirmam muitas vezes que o índice é insuficiente como fonte de referência.
Um dos objetivos do Conseleite em Minas é que produtores, cooperativas e laticínios passem a ter uma referência calcada em informações mais detalhadas do Estado e que todos referendem.
«Acredito que os novos preços de referência no Conseleite serão acima dos preços que o Cepea tem publicado», diz Eduardo Pena, presidente da Câmara Técnica da Pecuária de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg). «Vamos poder cobrar preços melhores da indústria, mas vamos também que cumprir contrapartidas», afirma referindo-se à qualidade.
Os acadêmicos que estão envolvidos na implementação do Conseleite mineiro são José Roberto Canziani e Vânia Guimarães – ambos professores do Departamento de Economia Rural da UFPR – e Fernando Curi Peres, professor aposentado da USP.
Canziani disse ao Valor que avalia que no curto prazo, os novos preços de referência poderão fazer com que os milhares de pequenos produtores de Minas, que hoje não têm muita informação nem muitos argumentos para discutir com laticínio para o qual fornece, passem a receber um valor maior pelo seu leite.
Para ele, nesse primeiro momento, a indústria talvez reduza um pouco o valor pago ao grande produtor – remunerando de forma mais equilibrada seus fornecedores. São ajustes na cadeia, mas que nada afetam o preço ao consumidor, afirma. No médio prazo o que se espera é que todo o setor de leite em Minas ganhe e que a produção possa aumentar», afirma o acadêmico.

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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