Dentro de dois anos, Mato Grosso quer estar entre os cinco maiores Estados produtores de leite do país. Por ora, ocupa o décimo lugar, com 707,1 milhões de litros anuais, e responde por apenas 2,3% do volume nacional. Para Rui Prado, presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a mudança de posição não será difícil de ocorrer depois que um estudo – «Diagnóstico da Cadeia Produtiva de Leite» – elaborado pelo Instituto Mato-Grossense de Economia Aplicada (Imea) apontou os principais entraves do segmento.
Durante um míªs, diversas equipes percorreram os 11 municípios mato-grossenses que concentram o maior volume de produção de leite e entrevistaram 380 produtores, 23 indústrias e dez cooperativas. A conclusão foi que 50 litros diários é a média da maioria das propriedades – 82% delas praticam a ordenha manual – e que os pecuaristas que chegam a entre 100 e 200 litros por dia são responsáveis por 28% da produção do Estado.
A baixa produção pode ser explicada pela alimentação do rebanho, quase exclusivamente í base de pastagens que passam por pouca renovação ou adubação e pela escassa assistíªncia técnica.
A avaliação é do professor Sebastião Teixeira Gomes, da Universidade Federal de Viçosa (MG), especialista no assunto e coordenador da equipe. «Não vejo impedimentos para a mudança, pois as propriedades são pequenas [32,5 hectares] e o Estado é um grande produtor de grãos», comenta. Gomes reforça que a silagem de milho e farelo de soja são fundamentais na dieta animal.
Rui Prado reconhece que o fornecimento de uma alimentação mais rica em nutrientes significa aumento no custo de produção, que hoje é de R$ 0,33 por litro, considerado suficiente para o preço de R$ 0,61 por litro pago ao produtor no Estado. Com a expansão planejada pelo segmento, a Associação dos Produtores de Leite em Mato Grosso (Aprosleite-MT) prevíª a necessidade de incremento de 32% no preço recebido pelo pecuarista.
Segundo Prado, os laticínios e cooperativas mato-grossenses demonstraram interesse no levantamento, «pois se deram conta do potencial desperdiçado», diz. O estudo do Imea aponta que apenas no ano passado 55% das cooperativas operaram 25% abaixo da sua capacidade (captação de 41,2 mil litros por dia) e 25% das indústrias processaram 221,1 mil litros diários, 11% menos que a capacidade das instalações.
Rui Prado informa que a meta inicial é implantar manejo e alimentação adequados nas propriedades, para garantir o sucesso do projeto. «Se Mato Grosso já deu certo com lavouras de soja e milho e com a criação de boi, por que não repetir o mesmo feito com o leite?», indaga.
Fonte: Sonda Brasil