Produção Integrada de Sistemas Agropecuários, o Pisa, está mudando a vida de produtores de leite no Rio Grande do Sul. Trata-se de uma iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) – que por meio de uma cooperação institucional composta pelas universidades UFRGS e UFPR; pelo Programa Juntos para Competir, que envolve Sebrae, Senar e Farsul; e por parceiros locais – está capacitando mais de 700 propriedades rurais de cinco regiões do Estado: Vale do Taquari, Alto Uruguai, Centro, Noroeste e Planalto.
O programa foi criado para estimular a produção sustentável de alimentos seguros e de qualidade. “O que o Pisa busca é o equilíbrio entre produção e custo, ou seja, produzir mais com menor gasto possível, visando o aumento de renda ao produtor”, diz Ludovico Wellmann Da Riva, especialista do Sebrae, parceiro na capacitação dos produtores. A instituição trabalha com cinco pontos principais: organizar o sistema produtivo, um bom manejo do solo, gestão da propriedade rural, adequação à legislação ambiental e integração da propriedade rural. Este último item pode ser implementado com ações simples, por exemplo, utilização de dejetos de outras produções (como suínos e aves) para adubar as pastagens.
Maciel Schmtiz, produtor de leite em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, é um dos integrantes do Pisa. Ele ficou sabendo do programa pela prefeitura e resolveu participar. Dono de uma propriedade de 75 hectares, Schmtiz, a esposa e o pai se dedicam à criação de gado leiteiro, além da plantação de milho e soja. Há três anos, a família participa do Pisa e comemora os resultados. “Aumentei em torno de 20% a produção de leite e reduzi 20% dos custos”, diz Schmtiz.
O aumento da produtividade é atribuído às mudanças no manejo rotacionado da pastagem. “Eu deixava a grama ficar muito alta para colocar o gado e só tirava quando a pastagem estava no chão”, explica o produtor. Com a consultoria do Sebrae, ele aprendeu que o ideal é introduzir o rebanho quando a pastagem está a 30 centímetros da terra e retirar quando chega a 15 centímetros, o que ajuda a gramínea a se recuperar mais rápido. Hoje ele tem pastos com a grama permanente Tifton e planta aveia de verão, aveia de inverno e azevém. No inverno, o gado fica na aveia na parte da manhã, na grama permanente à tarde e num galpão à noite. No verão, eles ficam na aveia de manhã, descansam na sombra à tarde e pousam à noite na grama permanente.
A capacitação também lhe ensinou a balancear a alimentação. Schmtiz dava silagem e ração com grau 21 de proteína, uma ração mais cara. No entanto, os técnicos o instruíram a reduzir a silagem, a ração e colocar milho. A orientação surtiu efeito, as alterações no manejo não prejudicaram em nada a produção, pelo contrário, a produtividade aumentou. Há três anos, as 17 vacas holandesas da família tinham uma média de 17 litros de leite por animal dia. Atualmente, esta média é de 25 litros.
Outro avanço foi no acompanhamento da gestão. Hoje, tudo que Schmtiz compra é anotado e lançado num programa, que identifica qual é o lucro. “É interessante, sabemos tudo que estamos gastando e qual o custo do litro”, diz. Se em um mês a média de litros por vacas cai, dá para identificar o porquê. “Às vezes é a época do plantio da grama que está errado. Conseguimos corrigir, diminuir os erros e aumentar os acertos”, diz.
http://revistagloborural.globo.com/Empreender/noticia/2015/08/mais-foco-na-producao.html