Leite: produção mato-grossense tem potencial mas não tem incentivo

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Mato Grosso, estado que detém o maior rebanho de bovinos de corte do Brasil, mais de 29 milhões de cabeças, é apenas o 10° do ranking quando a seleção se refere í  produção leiteira, com participação de apenas 2,3% da produção nacional, ao ofertar anualmente 700 milhões de litros.Entre o potencial de produção agropecuária que o Estado possui – que pode abrigar também a expansão da atividade leiteira – há um grande desafio: o primeiro, de remunerar o produtor; e o segundo; de motivá-lo a buscar conhecimento. Por enquanto, o criador de vacas leiteiras vai contabilizando neste ano a certeza de que o valor pago pelo litro de leite está 30% abaixo do valor ideal.

O presidente da Associação de Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite/MT), Alessandro Casado, explica que o valor ideal ao produtor mato-grossense deveria ser de R$ 0,83 por litro, cifra que cobriria custos de produção e permitiria margens. “No entanto, a média neste ano tem sido de R$ 0,65, mas há produtores de pequeno porte e baixa produtividade que recebem entre R$ 0,55 e R$ 0,58 por litro. Em geral para aqueles que estão com a cotação do leite dentro da média estadual o ‘ganho’ por litro é de R$ 0,10. Como a maior parte dos produtores estaduais coleta até 50 litros/dia, a renda ao final de cada míªs é de cerca de R$ 150, valor que inviabiliza qualquer projeto de expansão. “E a primeira ação para que Mato Grosso possa dobrar a produção atual no médio prazo é por meio do ganho de produtividade, ou seja, aumentando o volume de leite extraí­do diariamente de cada vaca”, aponta o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Rui Prado.

Prado lembra que a cadeia do leite gera riqueza local no municí­pio onde é produzida. “Para se ter ideia de quanto temos de avançar, basta lembrar que a safra de soja tem receita de R$ 14 bilhões; a pecuária de corte, R$ 5 bilhões; e o milho e o algodão, R$ 4 bilhões cada um, ante uma receita de R$ 455 milhões vinda da cadeia leiteira. Temos de multiplicar isso por dez”, reclama.

DIAGNí“STICO – Ontem, a Famato, em parceria com órgãos que formam o Sistema Famato – como o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Sindicatos Rurais e o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) – e com a Organização das Cooperativas Brasileiras no Estado de Mato Grosso (OCB/MT), fez o pré-lançamento do 1° Diagnóstico da Cadeia do Leite de Mato Grosso, material que, como destaca Prado, mostrou o que até então era desconhecido, “o tamanho do potencial leiteiro do Estado, algo que não tí­nhamos condições de mensurar”. O trabalho do Imea atingiu 10 cooperativas, 23 indústrias e 380 produtores.

O potencial ainda é tí­mido, como destaca o ruralista. No entanto, com tantos dados reunidos – que vão da produção, passando pelo perfil de cada produtor, até o leite que chega na indústria ou cooperativa – “é possí­vel tornar a atividade estratégica e não mais marginal, como é. Já perdemos muito tempo e agora é possí­vel planejar ações macro em prol desta cadeia”.

Um dos dados que mais chamam atenção, assim como a baixa remuneração e o baixo ní­vel de investimentos aplicados í  produção, é que as 600 mil vacas que formam a bacia leiteira do Estado – considerando as várias etapas de produção de cada uma – geram em média 3,1 litros de leite por dia, enquanto a média nacional é de 3,8 litros/dia. Se forem consideradas as vacas que estão produzindo, essa média sobe para 6 litros diários, mas cada uma fica quase seis meses ‘seca’. “Acredito que a integração entre os produtores já promoveria a duplicação da produção”. Estimativas da Famato mostram que para Mato Grosso ultrapassar Minas Gerais, maior produtor de leite do Brasil, é necessário crescer cerca de 27% ao ano, pelos próximos dez anos. “Na teoria é fácil dobrar a produção, que se dá essencialmente por genética e alimentação”. A ajuda externa vislumbrada pela Famato seria a criação de uma polí­tica de apoio com juro zero para o pequeno produtor ter renda por meio do ganho de produtividade.

No universo abrangido pelo Imea, dos 380 produtores, a maioria, 195, produz até 50 litros dias. De 51 a 100 litros são 85 produtores; de 101 a 200 são 72; de 201 a 500 são 21 e acima de 500, apenas sete produtores.

ALERTA – O superintende do Imea, Otávio Celidí´nio, chama a atenção para a taxa de remuneração do produtor. “Esse valor corresponde a uma remuneração de 1,74% pelo capital investido. Incluindo o custo da terra, o retorno cai para 0,78%, no caso daqueles que produzem 50 litros/dia”. Para Celidí´nio os dados apurados deixam ní­tido que quanto maior é a produção, maior é a taxa de retorno. “Considerando os perfis de produção encontrados, podemos dizer que no Estado a remuneração é de 3,12% do capital investido na atividade, sem o custo da terra, e quando este item é contabilizado o retorno cai para 1,54%”.

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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