Goiás é considerado zona livre da febre aftosa há 20 anos e há 15 detém o certificado concedido pela Organização Internacional de Epizootias (OIE)
O status é resultado de um conjunto de esforços da Agrodefesa e da conscientização dos produtores rurais ao longo desse período sobre a importância da vacinação do rebanho.
Os altos índices de imunização do gado goiano, que se aproximam dos 100%, contribuem para isso. Na primeira etapa da campanha contra a doença, realizada em maio último, em 21 milhões de animais (todo o rebanho), a marca atingida de vacinação foi de 99,72%.
De acordo com o presidente da agência, Arthur Toledo, nos últimos cinco anos, Goiás figura no topo do ranking nacional dos estados que ostentam os maiores índices de cobertura vacinal, ficando sempre entre os três primeiros. “Foi através dela e dessa grande parceria entre o Governo de Goiás por meio da equipe de defesa agropecuária, os produtores rurais e suas organizações, nós conseguimos conquistar esse status sanitário que é fundamental”, refere-se à vacinação.
Ele explica também que a Agrodefesa fiscaliza rigorosamente as condições de armazenamento e a temperatura das vacinas que são aplicadas nas propriedades rurais do Estado, desde quando as doses entram no território goiano até a chegada às lojas agropecuárias, para evitar que percam a capacidade de imunização.
Outra medida importante é em relação ao trânsito interestadual de veículos que transportam gado. Dezessete postos fixos da Agrodefesa responsáveis pelo monitoramento constante estão distribuídos nas divisas de Goiás com outros estados. Além de verificar a documentação necessária, como notas fiscais e Guias de Trânsito Animal (GTAs), sobre a origem e destino do rebanho, os fiscais agropecuários avaliam a aparência dos animais e, em caso de suspeita, acionam a Unidade de Atenção Veterinária mais próxima para um diagnóstico mais apurado.
“É um trabalho que se faz há bastante tempo, muito eficiente. É a primeira etapa onde se estabelece um processo de vigilância contra a entrada de animais que eventualmente tenham a doença. O controle interno é muito bem feito”, avalia. Arthur anuncia que a vigilância surpresa realizada pelas bases volantes será ampliada. Atualmente são seis e serão 15. As outras nove devem entrar em funcionamento até esta sexta-feira, dia 13.
Segurança alimentar
O reflexo desses cuidados pode ser observado na qualidade da carne bovina goiana, entre os principais produtos da pauta de exportação. “Grande parte do que acontece em termos de cadeia agroalimentar é provocada pelo nível de exigência do consumidor, que quer saber a origem do produto que está consumindo. Hoje Goiás produz quase 1 milhão de toneladas de carne bovina e isso foi fomentado principalmente pela possibilidade de exportação. Nós respondemos pela produção de 10% da carne bovina brasileira e exportamos em torno de 26% da nossa produção. E só é possível manter essa saúde financeira se tivermos saúde animal. É em prol disso que nós trabalhamos para a saúde das pessoas e dos animais. Esse é um projeto que nos dá uma saúde financeira boa tanto de renda no campo quanto na cadeia produtiva toda e para arrecadação do Estado”, enfatiza.
Graças ao certificado concedido pela OIE, Goiás exporta carne para a União Europeia e ambiciona também conquistar o amplo mercado norte-americano com o produto in natura, após o anúncio do fim do embargo de 15 anos ao Brasil. “Essa é uma questão de credibilidade. Quando países da Europa adquirem carne ou qualquer outro produto, isso já credencia o país exportador”, diz.
Exames
O último foco da doença foi registrado em 1995, no município de Santa Bárbara de Goiás. Para se certificarem da ausência de circulação viral no Estado, os profissionais da Agrodefesa realizam periodicamente a coleta de material nos bovídeos, que é analisada em laboratório. A febre aftosa é causada por um vírus e altamente contagiosa, podendo ser transmitida para humanos – não há registro em Goiás. Os sintomas são febre alta e afta (razão do nome) e os animais podem morrer.
Atualmente, apenas Santa Catarina obteve o título de área livre da doença sem vacinação. “Hoje nos perguntam muito se é possível ter área livre da aftosa sem vacinação. Certamente estamos muito próximos disso. Essa é uma decisão que vai depender muito mais da estratégia de mercado e da capacidade que Goiás tem de se proteger do trânsito interestadual e de possíveis focos de fora. Goiás é uma ilha no Brasil. Nós temos seis estados vizinhos, todos também são de área livre internacional e essa decisão tem sido negociada em bloco”, afirma o presidente. Três estados brasileiros pertencem a uma “zona tampão” pois ainda não alcançaram a certificação. São eles: Amazonas, Pará e Roraima. No entanto, mais de 90% do rebanho brasileiro estão concentrados nas demais unidades da federação.
Vacinação
A segunda etapa da vacinação contra a febre aftosa será encerrada no dia 30 próximo. Todo rebanho bovino e bubalino, de até 24 meses, deve ser vacinado. Também devem ser vacinados contra a raiva todos os animais herbívoros, incluindo, além dos bovídeos, equídeos e caprídeos, com idade de até 12 meses, dos 120 municípios considerados de alto risco para a doença no Estado, cuja lista pode ser encontrada no site da Agência Goiana de Defesa Agropecuária.
A estimativa é imunizar 10 milhões de bovídeos, de um rebanho estimado em 21 milhões de cabeças. A Declaração de Vacinação deve ser encaminhada para a Agrodefesa até o 5º dia útil após o fim da campanha, o que pode ser feito online, no site da Agência, ou mediante formulário impresso, modelo também disponibilizado no mesmo site: www.agrodefesa.go.gov.br.
Os que deixam de vacinar ou declarar são penalizados pelo descuido ou negligência. A multa é de R$ 7 por cabeça e no caso de reincidência, R$ 14. O pecuarista também terá que fazer a vacinação assistida por fiscais da Agrodefesa, além de ter a propriedade interditada e pagar multa de R$ 60.
Online
Por meio do Cartão Rural, uma das ações do Programa de Inovação e Tecnologia do Estado de Goiás – o Inova Goiás – o pecuarista pode emitir a GTA e o Documento de Arrecadação Fiscal sem se deslocar até o escritório da Agrodefesa, uma garantia de que ele está em conformidade com a questão sanitária e o Fisco. O registro do rebanho feito eletronicamente facilita o trabalho.
O pecuarista Maurício Velloso, que possui propriedades em Porangatu e Santa Terezinha de Goiás, reconhece os esforços desenvolvidos pela Agrodefesa de conscientizar os produtores rurais nos últimos anos. “Ela (Agrodefesa) passou a fazer o produtor a enxergar que é apenas uma ferramenta do próprio produtor na condução do processo de sanidade do rebanho como um todo e apenas esse processo garante bons resultados, principalmente no mercado externo. A manutenção da vacinação não diz respeito a uma obediência à lei estadual. Na verdade, é o único seguro que o pecuarista tem de garantir o seu patrimônio, o rebanho, seja de corte ou de leite”, avalia.
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