Após dobrar a produção na última década, Rio Grande do Sul busca aprimoramento para alcançar novos mercados
Segundo maior produtor do leite no País, o Rio Grande do Sul sedia, pela primeira vez, o Congresso Internacional do Leite, promovido pela Embrapa Gado Leite em parceria com o Instituto Gaúcho do Leite (IGL). A abertura oficial do evento, que está na 13ª edição, ocorre na quarta-feira (29), às 9h30min, no Centro de Convenção da Fiergs, mas no dia 30, ao longo de todo o dia, a programação paralela já antecipa debates importantes para o setor, como tecnologia, sustentabilidade e gestão.
Receber a programação do congresso, que é itinerante, tem um significado especial para o setor lácteo gaúcho, explica o presidente da Associação Gaúcha de Laticinistas e Laticínios (AGL), Ernesto Krug. «É o segundo grande evento importante para a cadeia leiteira que recebemos no Estado», comenta. O primeiro foi o Congresso Panamericano do Leite, realizado em 2006, também na Fiergs. «Depois daquela ocasião, houve um crescimento muito acelerado da atividade no Estado.»
Até 2006, o Rio Grande do Sul era o terceiro maior produtor de leite do País, perdendo por pouca diferença para o Paraná. Naquele ano, os dois estados apresentavam volumes produtivos muito próximos: segundo dados do IBGE, o Paraná fechou aquele ano com a produção de 2,7 bilhões de litros, enquanto no Rio Grande do Sul a produção alcançou 2,63 bilhões de litros. A virada veio em 2007, quando a geração gaúcha passou para 2,94 bilhões de litros de leite e se tornou o segundo maior produtor em volume do País (em 2007, o Paraná manteve o mesmo desempenho do ano anterior).
De lá para cá, o crescimento do setor leiteiro gaúcho não parou mais. Entre 2004 e 2014, a produção passou de 2,39 bilhões de litros de leite por ano para 4,8 bilhões – aumento superior a 100%. Krug credita a taxa de crescimento aos debates do setor, como o promovido pelo Congresso Panamericano. «Existe um antes e depois de um evento como esse», classifica Krug. «Estamos trazendo 23 palestras, com os temas mais atuais e preocupantes do segmento.» Além da programação, o evento apresentará 164 trabalhos técnicos inéditos selecionados pela Comissão Científica do Congresso. Entre os principais assuntos a serem tratados nos próximos dias estão inovação, sustentabilidade, políticas públicas, gestão e sucessão da propriedade, assistência técnica e extensão rural, e governança.
A conquista de novos mercados para exportação do leite, no entanto, deve ser um dos temas centrais, permeando os demais. A questão vem ganhando cada vez mais projeção, e a perspectiva será debatida na primeira palestra realizada após a abertura oficial do evento. «Traremos uma visão de mundo e o contraponto brasileiro», detalha Krug, que defende maior qualificação do setor para a conquista do mercado internacional.
Passados dois anos da primeira operação leite compensado e um ano da criação do IGL, o presidente da entidade, Gilberto Piccinini, demonstra que hoje há um maior alinhamento entre os inúmeros atores que compõem o segmento lácteo no Estado. O foco das entidades que representam o setor é a ampliação do mercado, interno e externo. Para tanto, é preciso fortalecer parâmetros de qualidade, padronização de processos no campo e nas fábricas e desenvolver produtos competitivos.
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