Os pecuaristas mato-grossenses estão investindo mais em semiconfinamento nos últimos anos, conforme aponta o Panorama da Pecuária 2018 realizado pela Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) em parceria com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Enquanto em 2017 o percentual de pecuaristas que utilizavam esse sistema de engorda foi de 33%, em 2018 mais de 38% investiu na suplementação do gado.
Apesar de a engorda a pasto ainda deter a maior participação na forma de terminação em Mato Grosso, a busca por suplementar o rebanho tem crescido, favorecendo o melhor desempenho dos animais. Dados do IBGE mostram que em 2017, por exemplo, o gado mato-grossense foi o mais pesado do Brasil, gerando, em média, 266,76 quilos de carcaça.
No Panorama da Pecuária 2018, realizado durante o Acrimat em Ação de fevereiro a junho deste ano, foi constatado que tanto a terminação exclusivamente a pasto caiu – de 57% para 54,5% – quanto o confinamento – que saiu de 9% para 7,35% -, demonstrando que a técnica do semiconfinamento tem caído no gosto do produtor.
Para o diretor-técnico da Acrimat, Francisco Manzi, o aumento do semiconfinamento pode ser explicado com a busca pela redução no tempo médio de abate do animal. Enquanto o gado no sistema a pasto leva, em média, 28 meses após desmama para ser abatido, no semiconfinamento este tempo pode chegar à metade, ou seja, 14 meses.
“Além disso, o pecuarista esbarra no aumento do preço dos insumos para o confinamento, como o milho, por exemplo, contrastando com o preço da arroba que não tem remunerado os custos desse sistema. O risco é de um impacto negativo na rentabilidade do produtor. Hoje, o pecuarista tem pressa no abate e precisa manter a qualidade do animal. Nesse cenário, o semiconfinamento acaba se tornando uma alternativa mais viável para a engorda do animal”, analisa Manzi.
Na prática, os pecuaristas aproveitam o período chuvoso para a engorda a pasto, mensurando o peso do animal com mais regularidade para, no período da seca, investir na suplementação e, desta forma, padronizar o rebanho em termos de peso e acabamento de carcaça.
De acordo com o Imea, a tendência é que mais produtores passem a utilizar a técnica de semiconfinamento nos próximos anos, entregando animais mais pesados em menos tempo, sem ter que esbarrar no custo de produção mais elevado.