Bolsonaro desconvida Venezuela e Cuba e quer visitar China

O governo do presidente eleito mandou desconvidar Cuba e Venezuela da lista de convidados da posse. O futuro governo faz diplomacia com o fígado.
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O governo do presidente eleito mandou desconvidar Cuba e Venezuela da lista de convidados da posse. O futuro governo faz diplomacia com o fígado. Esse tipo de coisa costuma terminar de uma entre duas maneiras: guerra se o país é levado a sério ou em vexame, se não é.

 
Manter relações diplomáticas não significa dar aval ao que se passa no país alheio. Se fosse assim, que complicação seria. Na conduta diplomática normal, seriam convidados os países com os quais se tem relação diplomática. Depois de feito o convite, mesmo que houvesse intenção de recuo, os chefes de Estado alheios não seriam desconvidados. Pois, o Brasil mandou desconvidar. Cria mal-estar. Como sinalização, tem força, e pode ser a intenção do governo. O que o Brasil ganha com isso eu não enxergo.
 
Claro, os países podem ter limites éticos mínimos, a partir dos quais não mantém relações diplomáticas. O parâmetro que o governo jair Bolsonaro (PSL) sinaliza estabelecer é o da democracia. Não deixa de ser intrigante para alguém que defende torturadores e a ditadura aqui mesmo no Brasil. Mas, talvez seja tardia conversão democrática. Bem-vinda, por certo.
 
Todavia, essa conversão tem quê de seletividade. O mesmo presidente que mandou desconvidar Cuba e Venezuela mandou recado de que quer visitar a China. Na quinta-feira, o presidente do PSL, Luciano Bivar, reuniu-se com o embaixador da China em Brasília, Li Jinzhang. Bolsonaro enviou recado de que pretende ir até lá, conforme Bivar disse ao blog da jornalista Andréia Sadi.
 
Aí eu não entendo mais nada. Aliás, claro que entendo, né. A China é uma ditadura comunista. Tanto quanto Cuba e mais que Venezuela. Regime de partido único. Herdeiro e versão atualizada de governos sobre os quais há bem fundamentadas acusações de perseguições e mortes de opositores, censura, o velho pacote completo.

 

O que faz Bolsonaro desconvidar Venezuela e Cuba e querer ir à China? Essa é fácil. Os chineses são os maiores parceiros comerciais do Brasil. Até novembro deste ano, são 58 bilhões de dólares em exportação. Segundo colocados, os Estados Unidos somam 26 bilhões. Na lista dos 30 a 40 maiores parceiros comerciais do País há também, na casa dos bilhões em exportações, Irã, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Vietnã, entre ditaduras comunistas, regimes militares e monarquias absolutas ditatoriais, teocráticas ou não.
 
Se o governo Bolsonaro quiser fazer da diplomacia uma trincheira pela democracia, cumprirá notável papel. Mas, é bom saber que a lista é extensa.
A intenção de visitar a China mostra que, mesmo ideologizada, a diplomacia de Bolsonaro não se descolou por completo do pragmatismo.
 
Até onde vai o liberalismo do governo Bolsonaro?
A futura ministra da Agricultura, deputada Tereza cristina (DEM-MS), disse que irá suspender a importação de leite do Mercosul. Os ruralistas dizem que a tarifa zero de imposto deixa os produtores brasileiros em desvantagem.
 
Essa conversa tem nome e se chama protecionismo. Na teoria, nada menos liberal, coisa que o governo Jair Bolsonaro (PSL) se propõe a ser na economia. Também na teoria. O que deixa os produtores brasileiros em desvantagem é o fato de não serem competitivos nessa área. Fosse competitiva, a tarifa zero seria vantajosa. Simples assim.
 
Por décadas, o Brasil protegeu a ineficiência de seu setor produtivo com protecionismo. Quando Ciro Gomes, ministro da Fazenda de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), tentou reduzir as barreiras, o setor industrial se insurgiu. Paulo Guedes, futuro ministro de Bolsonaro, também andou tendo trombadas com a Fiesp. Ontem e hoje, o setor produtivo gostou e gosta de subsídio estatal e protecionismo. O liberalismo fica na garganta.
 
Na teoria, dizem que impostos atravancam o crescimento. Mas, quando a tarifa é zero para importações, eles se insurgem. Sabe o impacto para o consumidor do fim da exportação de leite do Mercosul e da criação de barreiras alfandegárias? Leite mais caro. É o custo de sustentar ineficiência. Pesa mais para os mais pobres.
 

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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