Visão simplificada da gestão financeira de propriedades leiteiras

Administrar é decidir o que fazer e o que não fazer, tomar as decisões adequadas quanto à tecnologia a ser adotada, mudanças no sistema produtivo, correr riscos.
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Administrar é decidir o que fazer e o que não fazer, tomar as decisões adequadas quanto à tecnologia a ser adotada, mudanças no sistema produtivo, correr riscos. Para esta tomada de decisões, é preciso olhar as diversas áreas da fazenda: produção, comercialização, pessoas e finanças. Podemos até complicar este foco, mas se começarmos pelo básico, naturalmente a necessidade de decisões e informações mais detalhadas irão surgir, ou não também. Embora todas estas áreas tenham pontos interdependentes e comuns, neste artigo trataremos especificamente a gestão financeira.
A gestão empresarial pode ser conceituada como «a busca de um significado conceitual dos modelos e das técnicas, através das pessoas, via um conjunto de comportamentos e aplicações práticas, voltados e sustentados pela ação». Na prática deste conceito, há a reunião da racionalidade da administração com a intuição/pragmatismo da liderança, em outras palavras pode-se dizer que gestão = administração + liderança. 


A parte da administração trata das técnicas, dos recursos tangíveis, dos processos, das regras e do uso das tecnologias. A parte da liderança trata das atitudes, dos comportamentos, das intenções, da motivação, da criatividade, da comunicação. Transportando este conceito para a área financeira, é preciso utilizar ferramentas administrativas para planejamento, organização e controle financeiro, mas também é necessária uma liderança que influencie as pessoas para que estas ferramentas sejam utilizadas.
Pode-se dizer que gestão financeira é o conjunto de ações e procedimentos administrativos, envolvendo o planejamento, análise e controle das atividades financeiras de uma empresa. Didaticamente, prefiro utilizar três conceitos distintos, associados aos objetivos que se pretende com a gestão financeira, que são os conceitos de custo, fluxo de caixa e balanço patrimonial.
Segundo a Teoria Microeconômica, as empresas têm como objetivo maior a maximização dos lucros a curto ou a longo prazo. Economicamente, a teoria dos custos é derivada da teoria da produção, e conceitualmente avalia a eficiência do sistema produtivo, daí as vezes as diferentes visões entre o «custo contábil» e o «custo econômico», mas um sistema de custos mostra ao gestor a eficiência da combinação de recursos pelo seu sistema produtivo. Assim, o custo de produção é dado pela soma dos produtos entre os preços de cada um dos fatores de produção e a quantidade utilizada. Fornece informações como o lucro ou prejuízo, dentro de um determinado período de tempo.
Lucro Total = Receita Total – Custo Total
Entretanto, se ao final destas contas chegarmos a um resultado positivo, não significa necessariamente que haja disponibilidade de dinheiro. Quem fornece esta informação é o controle de fluxo de caixa, que é o registro das entradas e saídas de dinheiro, e ele nos informa ainda o saldo que tenho disponível, quanto de dinheiro tenho hoje, ou preciso levantar em determinado tempo.
Por estes dois conceitos, nota-se que o controle de dados deve ser diferente, pois para o calculo do custo é preciso saber o que foi gasto no processo, e no controle de fluxo de caixa, o que entrou e/ou saiu de dinheiro em determinado dia ou período.
Por fim, tem-se o balanço patrimonial, que, utilizando uma definição dada por um produtor rural, ele nos «mostra como está a saúde financeira da fazenda». É um levantamento de tudo que a fazenda tem em determinado dia, e para o mais comum é o final do ano agrícola, ou dia 31 de dezembro. Neste dia, faz-se uma relação de todos os bens que a fazenda tem, e o que ela tem a receber, e da mesma forma, tudo que ela tem para pagar. O que ela tem, chamamos de «ativo», e o que ela tem para pagar de «passivo». Entre estes dois, há ainda uma classificação quanto ao tempo de um ano: se for dentro de um ano, circulante; se for mais de um ano, longo prazo. Tomando-se tudo o que tenho, e pagando tudo que devo, o que restar é o patrimônio líquido.
O ativo é realizado primeiramente com um inventário da propriedade, e informa como são aplicados os recursos, sem importar de onde eles vêm. Essas aplicações se materializam na forma de bens e direitos. O passivo por sua vez, é tudo que eu tenho para ser pago (tudo que devo); diz qual é a origem dos recursos que a fazenda está usando. Se de terceiros, próprios ou ambos. e já o patrimônio líquido, é representado pelo capital próprio da fazenda. É a diferença existente entre o ativo total e o montante de recursos externos (Exigível Total, ou Passivo Circulante + Exigível Longo Prazo).
Enfim, a gestão financeira não é apenas a gestão de custos, ou apenas a gestão de entrada e saída de dinheiro do caixa. É preciso algo a mais para que ela seja eficiente. Uma gestão baseada apenas em custos pode até gerar resultados num primeiro momento, mas dificilmente ele se sustenta por muito tempo. Por fim, algumas considerações a respeito da gestão financeira:
• Utilizar dados e informações para tomada de decisão, caso contrário é perda de tempo ficar fazendo coleta de dados e cálculos;
• Confiabilidade e aplicabilidade dos dados: os dados precisam ser confiáveis, e seu sistema de coleta deve ser compatível com a estrutura da fazenda e pessoas que irão coletar ou fazer uso do mesmo;
• Metodologia de custos: aplicabilidade do cálculo é mais importante do que a metodologia adotada, mas o conceito correto é fundamental para evitar cálculos errados e interpretações que podem complicar ainda mais a realidade da fazenda;
• Se preocupe com o que você faz: minha série histórica é mais importante do que os dados referência, pois informa minha evolução ou não; dados referência como o próprio nome diz, são apenas um valor para utilizar na análise, mas o que faço, e consigo evoluir, não pode ser menos importante;
• Reduzir custo nem sempre: avaliar relação benefício/custo, pois nem sempre reduzir custo significa aumento de lucro, assim como o inverso também é verdadeiro;
• Balanço patrimonial: dar atenção ao balanço patrimonial: ferramenta simples, confiável;
• Falar a mesma língua: assistência técnica e produtor precisam compartilhar dos mesmos objetivos para a fazenda. 

Estes seriam alguns aspectos e conceitos simples, mas necessários a boa gestão. Já me deparei com sistemas de gestão financeiros complexos, que não forneciam resposta a questões como o custo por litro de leite, ou se havia disponibilidade de dinheiro em caixa, ou se o patrimônio aumentou nos últimos anos. A não resposta a estas questões é um convite a reflexão e repensar quanto ao atual sistema de gestão financeira.

 
 
https://www.milkpoint.com.br/radar-tecnico/gerenciamento/visao-simplificada-da-gestao-financeira-de-propriedades-leiteiras-104136n.aspx

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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