Substituindo importações

Substituindo importações Tempos difíceis os de hoje. Os jornais e as revistas só publicam notícias ruins derivadas do mensalão, petrolão, propinas, delações, cadeias. As pessoas que nos cercam só comentam sobre dificuldades nos negócios,
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Tempos difíceis os de hoje. Os jornais e as revistas só publicam notícias ruins derivadas do mensalão, petrolão, propinas, delações, cadeias. As pessoas que nos cercam só comentam sobre dificuldades nos negócios, na perda de emprego de um conhecido, na falta de perspectiva para o futuro. Nunca vivi tempo igual. As notícias do meu interior não são boas. As chuvas de março, sempre abundantes, fizeram pouca água e em alguns lugares mal molharam o chão. Os investimentos em atividades industriais estão escassos e não se tem notícias de nova fábrica que está sendo montada.
Lembrei-me do tempo em que eu era diretor de uma das empresas subsidiárias do BNDES e vivíamos o tempo do II PND (Segundo Plano Nacional do Desenvolvimento) e que tinha entre suas diretrizes a promoção do desenvolvimento através da substituição de importações.
Foi assim que certo dia, três empresários carregados de entusiasmo me procuraram pedindo apoio para um projeto industrial que desejavam implantar em Camaçari, na área reservada para o Polo Petroquímico. Eider de Araújo Rangel, Sebastião Matta e Cleantho de Paiva Leite tinham constituído uma empresa de participação denominada Cabo Branco. O paraibano Cleantho escolhera o nome Cabo Branco por este cabo abrigar, em João Pessoa, a Ponta do Seixas, o ponto mais oriental da Américas.
A ideiados empresários era produzir bicarbonato de sódio a partir do aproveitamento do gás carbônico produzido pela Nitrofértil, em Camaçari, fazendo o gás borbulhar numa solução de soda cáustica.
A soda em escamas seria fornecida pela Companhia Química do Recôncavo – CQR, usando tecnologia da belga Solvay. O bicarbonato era consumido em larga escala na fabricação dos antiácidos efervescentes Sal de Frutas, Alka Seltzer e Sonrisal e como aditivo na fabricação de biscoitos, totalmente importado pelo Brasil. A Solvay tinha uma fábrica do produto emZurzach, na Suiça, e foi convidada por mim a participar do negócio como sócia da Carbonor, empresa que seria criada para montar a unidade industrial, capitalizando o valor da tecnologia.
A Nordeste Química S.A. – Norquisa, presidida pelo general Ernesto Geisel, foi convidada para compor o capital votante tripartite e a Bndespar aportou capital preferencial na holding Cabo Branco. Sugeri aos três sócios do capital ordinário da Cabo Branco que procurassem o Banco de Desenvolvimento de Estado da Bahia – Desenbanco, hoje agência de fomento Desenbahia, para financiar 50% dos investimentos, privilegiando assim um banco local que repassaria recursos do BNDES.
O projeto básico foi desenvolvido pela Solvay, em Bruxelas, com acompanhamento feito por engenheiro brasileiro contatado pela Cabo Branco. O detalhamento do projeto foi feito no Brasil pela empresa SB Engenharia. Três anos depois da primeira reunião na Bndespar foi concluída a montagem em Camaçari e o Brasil deixou de importar o bicarbonato de sódio. Um pequeno atraso se deu na aprovação do financiamento pelo Desenbanco, pois o gerente do Desenbanco, não conhecia e não acreditava nos três empresários, apesar das recomendações do BNDES.
A aprovação do financiamento sóse deu após a inauguração da fábrica em Camaçari. A Carbonor foi um sucesso total, funcionou como um relógio e o produto foi especificado no primeiro mês de operação da fábrica.
Muitos projetos, como o da Carbonor, foram desenvolvidos no Brasil na década de 1980, conhecida como década perdida, dentro do modelo de substituição de importações. Procedimentos semelhantes poderiam reativar a economia de hoje, substituindo os tempos difíceis por tempos de esperança e prosperidade.

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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