A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (Aprolep) afirmou hoje que «a cada dia útil fecha uma exploração» leite em Portugal, exigindo ao Governo que fiscalize o setor e reúna num acordo produtores, indústria e distribuição.
«Não percebemos como é que somos o país da União Europeia, a 28, com o menor preço pago ao produtor. A cada dia útil fecha uma exploração. Este ano já fecharam mais de duas centenas de explorações», disse o presidente da Aprolep, Jorge Oliveira, numa conferência de imprensa que juntou na Maia, distrito do Porto, algumas dezenas de produtores.
O responsável descreveu que o preço da venda ao público do leite «está muito baixo» e alertou que o produto está a ser «desvalorizado», exigindo a intervenção da tutela.
«Encontramos [um litro de] leite à venda por 46 cêntimos com IVA, portanto 43 sem IVA. A nós compram por 31, preço sem IVA. E anunciam 30 para o próximo ano. Como é que é possível vender leite a 43 e pagar-nos a 30 quando só o pacote custa 10 cêntimos? Acresce o preço da recolha e a margem da distribuição. Não é possível estar a este preço», disse Jorge Oliveira.
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A Aprolep fala em «estratégias de venda a perder dinheiro» e aponta que «só o Ministério da Agricultura pode fiscalizar o setor».
«Pedimos que fiscalize para ver o que se passa. Não é possível isto acontecer. Está a existir uma política de desvalorização do leite. Cada vez desvaloriza mais e depois não conseguem pagar-nos um preço justo. É preciso criar um acordo entre os três componentes na cadeia: produção, indústria e distribuição. Para que não sejam só alguns a ganhar um bocadinho de dinheiro e para que daqui a uns anos a produção em Portugal não esteja destruída», disse Jorge Oliveira.
Para a Aprolep «o custo justo é aquele que cobre os custos de produção», os tais 35 cêntimos que têm vindo a ser reivindicados por esta associação que, no que diz respeito ao balanço sobre 2017, não é tão otimista como a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (Fenalac), a qual, na terça-feira, em declarações à Lusa, afirmou que «há uma tendência de estabilização do mercado».
«É verdade que tivemos uma evolução positiva em relação a 2016, mas não foi o que deveria ter sido e que de igual forma ocorreu nos outros países da Europa. Os outros países, principalmente os mais a Norte [da Europa], têm o preço de produção a 40 cêntimos/litro e a média de Portugal não chegava aos 31 em outubro. Com este défice, não me parece que seja motivo para batermos palmas. É motivo para estarmos tristes e preocupados com o futuro», referiu o presidente da Aprolep.
Em jeito de perspetiva sobre o que acontecerá em 2018, o responsável afirmou que «os preços já estão a descer», prevendo que «desçam novamente sem dar a oportunidade aos produtores de conseguir ganhar um bocadinho de margem».
Já confrontado com o facto do consumo do leite estar a diminuir, Jorge Oliveira desvalorizou, referindo que «a quebra que tem acontecido, tem acontecido também nos outros países», pelo que «não sendo caraterística só de Portugal», não é a razão, concluiu, para os «baixos preços nacionais».
https://www.dn.pt/lusa/interior/produtores-de-leite-exigem-que-tutela-fiscalize-setor-8999525.html