Produtores estudam alternativa para lidar com a crise

MOBILIZAÇÃO: encontrou reúne mais de 50 produtores de Arroio do Meio, Travesseiro e Capitão para discutir alternativas - Lidiane Mallmann
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MOBILIZAÇÃO: encontrou reúne mais de 50 produtores de Arroio do Meio, Travesseiro e Capitão para discutir alternativas – Lidiane Mallmann
Arroio do Meio – O Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) local, o Conselho Municipal de Agropecuária (Conar) e a Emater/RS-Ascar se reuniram com produtores de leite da região e com representantes de agências de bancárias na tarde ontem. Frente às dificuldades enfrentadas pela cadeia produtiva no RS, o encontro da segunda-feira, no qual estiveram reunidos cerca de 50 produtores de Arroio do Meio, Travesseiro e Capitão, foi um espaço de debate entre quem produz, quem representa os agropecuários e os bancos. Estes esperam que os primeiros consigam quitar parcelas de empréstimos contraídos quando a realidade era promissora.
Um dos produtores foi objetivo ao afirmar, logo no início do encontro: «Não dá mais pra viver só do leite». Garantias adicionais são necessárias a quem produz para poder sobreviver. Outro leiteiro traz números, ao dizer que só em impostos, em Travesseiro, podem deixar de circular R$ 360 mil em um ano em decorrência da oscilação do preço de referência pago ao produtor. O presidente do STR Lajeado, Lauro Baum, se fez presente. «É da cultura da região produzir leite. Se pararmos, estaremos desmontando uma característica regional», opina.
A saída é a pressão política, que pode começar no interior e, caso se espalhe, melhor. É assim que pensam os produtores de leite. «Entre R$ 200 mil e R$ 500 mil é o valor dos investimentos que fizeram», detalha o vice-presidente do STR de Arroio do Meio, Paulo Grassi. E parte dele, acrescido de juros, é o que resta como dívida para muitos empreendedores rurais. Os bancos, que foram convidados à reunião, conseguem esticar algumas condições de pagamento das dívidas, porém os juros permanecem – o que é o ponto mais polêmico da relação com as instituições financeiras. Renegociação e prorrogação podem ser alternativas aos que produzem. No entanto, situações de crise de cadeia carecem de regramento que permita aos bancos oxigenar as perspectivas de quem precisa de suporte. O que difere de situações de, por exemplo, desastres naturais, que resultam de decretos de emergência por parte das autoridades.
Para Elias De Marco, extensionista da Emater/RS-Ascar, entretanto, o panorama já é de emergência. E esse é o caminho que provavelmente será seguido pelos produtores e representantes. Dificuldades sazonais foram vividas em outras searas produtivas. «Mas a mais longa que se deu até agora foi a do leite», revela. Será estudada a possibilidade de, via Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), criação de decreto de situação de emergência que subsidie os produtores. Seria uma espécie de medida emergencial, que já foi aventada antes em outras regiões do RS.
Histórico
Houve um momento que a cadeia leiteira ia bem. Neste contexto, mais produção significou mais investimento. Os empreendedores rurais, estimulados pelo governo e em razão de atender políticas de controle de produção, investiram em qualificação, estrutura e tecnologia em suas propriedades. Naquele tempo, os preços de referência também eram outros.
Hoje, quando o valor pago aos produtores de Arroio do Meio, Capitão e Travesseiro é de, em média, R$ 0,85 – precariamente cobrindo os gastos produtivos -, os fornecedores procuram alternativas para fugir da crise. O presidente do STR Arroio do Meio, Astor Klaus, avalia que é preocupante o momento. «Até então tínhamos recursos. Porém, esses investimentos no longo prazo geraram dificuldades».
Daniel Frohlich produz, em Arroio Grande, interior de Arroio do Meio, entre 17 e 18 mil litros por mês. Presidente do Conselho Municipal de Agropecuária, diz não lembrar de um momento tão severo para a cadeia desde que começou a acompanhar o pai, que também trabalhava com agropecuária. Para ele, a desvalorização do preço do leite faz com que os pequenos produtores vivam com medo da inadimplência. «Tomara que melhore», diz. «Tenho um filho de 12 anos que já se interessa pela área da produção», revela. No entanto, completa, pensando no futuro a partir do que têm vivido: «Do jeito que está não tem como incentivar».
As causas
O clima na audiência era de sensibilidade. O vice-presidente do STR, Paulo Grassi, explicou aos produtores presentes a dinâmica dos números. E também trouxe informações sobre um encontro prévio em Porto Alegre, na Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag), na última sexta, que tratou sobre perspectivas e as causas do colapso. «Em 2017 já trabalhamos com a questão do leite. De lá pra cá, a situação só se agravou», disse, no início de seu pronunciamento. Na avaliação de Grassi, o Brasil mudou de direção, priorizando relações comerciais internacionais e isso prejudicou quem produz. Ele se refere às cotas de importação (especialmente de leite em pó) e exportação (que é menor) e a política externa brasileira. O dirigente do STR também credita à retração do consumo interno o excedente no mercado nacional. Ele chama à ação os produtores. «Já fizemos tanto. Não vamos desistir. Alcançamos uma vida melhor. Não podemos nos acomodar e apenas reclamar.»
Lucas George Wendt
LUCAS GEORGE WENDT
http://www.informativo.com.br/geral/produtores-estudam-alternativa-para-lidar-com-a-crise-,234383.jhtml

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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