De acordo com presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e diretor da FAEMG, Rodrigo Alvim, em algumas localidades, o valor pago ao pecuarista já recuou até 30%.
Nos últimos 18 meses a produção de leite em Minas está longe da estabilidade, alternando ciclos de baixa e melhor remuneração ao produtor. Em 2015, também em virtude dos custos de produção elevados e da remuneração abaixo da necessária para garantir renda, a produção de leite recuou 2,8%. No primeiro semestre deste ano, a queda chegou a 4,5%. Com menor oferta, houve recuperação dos preços no Estado nos últimos meses. No entanto, um novo ciclo, de baixa, começa a se formar. A queda nos valores pagos pelo leite, registrada ao longo de agosto, vem em um momento desfavorável para o produtor, que ainda trabalha com os custos impulsionados pela alta dos preços do milho e do farelo de soja, principais componentes da ração animal. Em um ano, os preços pagos pela tonelada do milho ao produtor valorizaram 75%, alcançando o valor de R$ 880, em Minas Gerais. No caso do farelo de soja, a elevação ficou próxima a 35%, com a tonelada comercializada a R$ 1,6 mil. “Reclama-se dos preços do leite no varejo, mas as pessoas não sabem o custo para se produzir o leite nas fazendas. Hoje, produzir leite com a soja e o milho sendo negociados em torno de R$ 60 por saca, encarece os custos e não é possível vender o leite a preços baixos, é preciso remunerar os pecuaristas. Os preços mais elevados nos últimos meses, realmente, deram um fôlego para o setor produtivo atravessar o período de custo muito elevado, mas é preciso que os valores sejam mantidos em torno de R$ 1,70 por litro de leite”. Os preços mais altos praticados no mercado final impactaram na demanda, que caiu. Além disso, a aproximação do período de safra, quando a produção tende a crescer em função das chuvas e da recuperação das pastagens, possivelmente em setembro, também interferiu na formação dos preços do leite. De acordo com Alvim, a queda mais substancial verificada no Estado foi de 30%. “Os preços já estão caindo. Em algumas regiões, como no Triângulo, o preço pago ao pecuarista acumula queda de 30%. Se antes o leite era negociado entre R$ 1,70 e 1,80, agora o produtor recebe de R$ 1,30 a R$ 1,40 por litro. Este valor não cobre os custos, tinha que manter nos valores anteriores, pelo menos neste período de custos elevados porque o custo está em torno de R$ 1,40 a R$ 1,50 por litro”. Apesar da queda, a expectativa é que a redução dos valores não seja muito expressiva ao longo dos próximos meses. É o que indica o resultado do último leilão Global Dairy Trade (GDT) da Fonterra (maior importadora de leite em pó e que responde por 40% do mercado mundial), que apresentou alta de 18,9%. Este leilão é o principal balizador dos preços do leite em pó no mercado internacional, refletindo também nas cotações internas do produto. “Isso ameniza bem a preocupação de ter um período baixista de preços muito violento. Mas, como estamos entrando no período de safra não tenha dúvida de que os preços recuem”, explicou Alvim.
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