Em alguns supermercados já é possível encontrar o produto em promoções, bem abaixo da casa dos R$ 3; queda no consumo explica o preço
O preço do leite caiu até 30% nos últimos dias em Americana e já é possível encontrar na cidade promoções que colocam o litro do produto abaixo dos R$ 3. A boa notícia pegou os especialistas de surpresa, já que a tendência era que os preços continuassem subindo durante o mês de agosto, previsão que chegou a ser publicada pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), após pesquisa com os principais produtores e distribuidores da região.
Para o zootecnista Rafael Ribeiro, da Scot Consultoria, empresa especializada no acompanhamento do setor agropecuário em todo o País, um dos principais motivos para a queda repentina foi justamente a parada no consumo do produto nos últimos meses. “Tínhamos, até mesmo por conta da situação econômica do país, uma demanda que vinha patinando há alguns meses, situação que derrubou o preço do produto tanto no atacado como no varejo e nas negociações do leite spot, que é um cenário de negociação entre empresas. A tendência é que esse preço continue caindo”, garantiu o pesquisador da área.
Outro fator que teria contribuído para a redução nos valores seria a retomada da produção que vinha estagnada por condições climáticas como estiagem e geadas, principalmente no sul do País. “Ainda estamos com um preço teoricamente alto. A produção voltou a crescer, mas é necessário lembrar que estamos 4,6% abaixo do que foi produzido em julho do ano passado. Os custos de produção do leite também continuam altos, principalmente os itens de alimentação dos animais como os farelos e o milho”, pontuou.
A diferença nos preços, no entanto, ainda não está refletindo nos preços dos derivados do leite. A gerente Layla Valadão, que comanda uma indústria de produção de salgadinhos e pães de queijo, diz que o aumento exorbitante dos últimos meses ainda não foi superado pela empresa. “Sofremos muito até mesmo para encontrar os derivados e quando encontramos são em preços altíssimos. Um exemplo é o queijo parmesão que pagávamos cerca de R$ 16 o quilo e hoje não encontramos por menos de R$ 22. Isto impacta na produção e nos obriga a reavaliar a matéria-prima que utilizamos”, lamentou.
Para a gerente, o equilíbrio no mercado só virá a partir de novas reduções de ao menos mais 15%. “Ainda não absorvemos esta queda no leite porque é recente, mas o ideal seria que estes valores caíssem mais 15% para que a gente possa sentir uma real diferença e que impacte em nossos negócios”, finalizou.
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