Confirmando as expectativas dos colaboradores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, o preço pago ao produtor em maio (pelo leite captado em abril) subiu pelo quarto mês consecutivo. A “média Brasil” (inclui BA, GO, MG, SP, PR, SC e RS) líquida foi de R$ 1,2545/l, alta de 8,4% frente ao mês anterior e de 24,2% no acumulado parcial deste ano. A média de maio também foi a maior desde julho/17, em termos reais, deflacionados pelo IPCA de abril/18.
De abril para maio, os preços subiram em todos os estados que compõem a “média Brasil” do Cepea, com a alta mais intensa, de 10,34%, sendo verificada no Rio Grande do Sul, seguido pela Bahia (8,56%) e Santa Catarina (8,38%).
A alta nos preços reflete o período de entressafra no setor lácteo, com redução de 1,46% no ICAP-L (Índice de Captação de Leite) de abril em relação a março/18, acumulando queda de 11,6% em 2018. Com exceção do Paraná, que registrou estabilidade na variação mensal (0,6%), todos os estados sinalizaram queda na captação. O recuo no volume de leite captado foi menos expressivo comparado ao mês anterior, devido aos altos patamares de preços atingidos nos últimos meses e à maior competitividade entre os agentes de mercado.
Segundo colaboradores do Cepea, a expectativa dos preços segue dividida entre nova alta ou estabilidade para o próximo mês. O momento é delicado para o setor. Ao mesmo tempo em que a menor produção do campo impulsiona os preços do leite, a indústria encontra dificuldade em repassar a valorização da matéria-prima ao consumidor, que continua com o poder de compra fragilizado.
Segundo as pesquisas diárias realizadas pela equipe do Cepea com o apoio financeiro da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), houve ligeira queda de 0,05% nos preços de leite UHT de abril para maio. Durante a primeira quinzena de maio, as cotações oscilaram com mais intensidade, influenciadas pela maior necessidade de promoções para assegurar a liquidez. Já na segunda quinzena do mês, os preços se elevaram, impulsionados pela escassez de oferta de matéria-prima, por conta do avanço da entressafra e redução de estoques. No entanto, agentes continuam relatando a fraca demanda por lácteos.

Greve dos caminhoneiros 

Diante do atual cenário nacional de paralisação dos caminhoneiros, bloqueio das rodovias e desabastecimento dos combustíveis, o fornecimento de matéria-prima aos laticínios e o transporte de derivados aos canais de distribuição estão comprometidos. As paralisações resultam em incalculáveis prejuízos para o setor, que já estava fragilizado. De acordo com pesquisas do Cepea, as atividades industriais estão limitadas ou suspensas, o que inviabilizou transações para a maioria das empresas. Para o produtor, as perdas imediatas têm sido o descarte do leite cru e em racionamento da dieta dos animais, por conta da escassez de insumos – o que pode comprometer o funcionamento fisiológico dos animais, os picos de lactação e a produtividade no longo prazo.
Fonte: Cepea.