Pecuária cresce de forma intensiva e sustentável

Pecuaria leitera - Produzir mais em menor espaço parece complicado – mas apenas para quem não investe verdadeiramente em pesquisas e avanços tecnológicos. Tanto na produção de leite como de proteínas Autor:Claudia Silva Jacobs
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Gado de leite na Fazenda da Embrapa, em Juiz de Fora. Fotos: Fernando Maia
Gado de leite na Fazenda da Embrapa, em Juiz de Fora. Fotos: Fernando Maia

Produzir mais em menor espaço parece complicado – mas apenas para quem não investe verdadeiramente em pesquisas e avanços tecnológicos. Tanto na produção de leite como de proteínas, a pecuária brasileira ostenta avanços que levaram a aumento da produção conjugado a maior sustentabilidade econômica, social e ambiental. Hoje, o Brasil está em quarto lugar entre os maiores produtores de leite, e em quinto no ranking da carne bovina. Mas o viés é de alta – contínua e sustentável, como convém. A pecuária está se tornando cada vez mais intensiva no modelo confinamento, enquanto a produção “a pasto” aproveita melhor o uso da terra já existente, com o aumento de animais por hectare. Nesse caso, o setor se aproxima de um aforismo da moda: o menos é mais, muito mais.
Os números comprovam. Em 2000, o rebanho nacional contava 145 milhões de cabeças, espalhadas por 188 milhões de hectares de área para pastagem; em 2017, as cabeças de gado atingiram 218 milhões, com área de 167 milhões de hectares. Os números servem de base ao processo de desenvolvimento e qualificação da produção. A sede da Embrapa Gado de Leite, em Juiz de Fora, é um ótimo exemplo, com o corpo técnico formado por 318 colaboradores, sendo 77 pesquisadores, 76 analistas, 39 técnicos e 126 assistentes, que trabalham na busca por maior produtividade, menor impacto ambiental e aproveitamento mais eficiente da terra. Desemboca em novos números positivos.
Lucimara Chiari, Doutora em Genética e Melhoramento e Pesquisadora na área de Biotecnologia Vegetal, na Embrapa Gado de Corte, ressalta a importância das pesquisas no processo de evolução da pecuária, nos diferentes sistemas de produção: “Trabalhamos muito, junto com outros setores da Embrapa, no melhoramento das forrageiras (grama para pastagens), em diferentes regiões do país. Essa melhoria genética vem propiciando um maior aproveitamento da terra e a intensificação do confinamento. A forrageira de qualidade permite uma engorda maior e resultados economicamente mais positivos. Na pecuária de gado de corte no Brasil, entre 90 a 95% os produtores trabalham com o sistema “a pasto”, ficando o resto em áreas de confinamento, sistema que vem crescendo no país.
O Brasil tem muito a crescer utilizando o espaço já ocupado pela pecuária. Lucimara explicou que o número de animais por hectare ainda é baixo e que facilmente pode ser ampliados. A média, segundo a pesquisadora, é de 0,6 animais hectares, mas em alguns locais já chega a 1,6, com a aplicação de sistemas integrados de uso da terra, suplementação alimentar e melhoramento genético dos animais. E os resultados podem ser melhores. “Em sistemas integrados de agricultura e pecuária já registramos resultados de 4 animais por hectare, mas já tivemos experimentos de 10 animais no mesmo espaço. Temos que fazer isso. Integrados com a agricultura, um compensa o outro e mantém a fazenda ativa, com produção e renda constante”
O gado de leite desponta no cenário mundial
Uma fazenda em Coronel Pacheco, nos arredores de Juiz de Fora, vem chamando a atenção de produtores e estudantes brasileiros e do exterior. São cerca de quatro mil visitantes por ano buscando informações sobre como melhorar a produção. O Campo Experimental José Henrique Bruschi, da Embrapa Gado de Leite, está instalado em 1037 hectares que reúnem desde diferentes sistemas de produção de leite – a pasto e intensiva – as áreas de integração lavoura, pecuária e floresta. Os resultados de todo esse processo é a transformação do Brasil em referência mundial em produção de leite em regiões tropicais.
“Oferecemos aqui uma ajuda aos produtores, dentro das necessidades e do tamanho de cada um. Nós adaptamos a cada realidade. Não existe pacote completo. O importante é adequar as inovações e a tecnologia disponível de forma a garantir uma produção mais intensiva, já que o mercado tem muito potencial de expansão”, explica Pedro Arcuri, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Gado de Leite.

Gado de leite na Fazenda da Embrapa, em Juiz de Fora. Fotos: Fernando Maia
Gado de leite na Fazenda da Embrapa, em Juiz de Fora. Fotos: Fernando Maia

Os dados de 2017 serão apresentados em março pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mas a expectativa é que a produção do ano passado tenha ficado em torno 34,9 bilhões de litros, cerca de 4% a mais do que em 2016, de acordo com as previsões da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Produção total de leite (produção inspecionada + informal) em 2016 foi de 33,6 bilhões de litros, sendo o Brasil o quarto maior produtor mundial de leite de vaca, atrás somente de Estados Unidos, Índia e China.
Rejeitos viram lucro nas fazendas
Produzir leite, gado de corte, soja, feijão e biogás. aproveitando todo o espaço, diversificando as culturas e garantindo maior eficiência e sustentabilidade. Um bom exemplo dessa diversidade é o grupo Bom Retiro, que reúne quatro fazendas no município mineiro de Pouso Alto. Na área de gado de leite, onde 600 vacas são criadas em sistema intensivo, a renda não vem só do leite, em torno de 16,500 litros por dia. Além de combinar a agricultura, que serve como reforço alimentar para os animais, a fazenda consegue transformar os excrementos em biogás, cortando custos com energia elétrica. Hoje, a fazenda já produz cerca de R$ 35 mil mensais em energia, consumindo apenas R$ 17 mil. O resto, fica em créditos que podem ser usados para abater os custos de energia com outras fazendas do grupo.
“A produção do biogás não só ajudou na diminuição como melhorou as condições nas áreas de confinamento. A eliminação dos excrementos de forma intensiva vem diminuindo a incidência de moscas, o que é muito melhor para o ambiente. Além disso, é muito importante dar o destino adequado aos dejetos, cumprindo a lei ambiental, e ajudando na expansão do projeto de produção de leite”, explica Alexandre Fonseca Ribeiro, gerente-geral da Fazenda Bom Retiro.

Usina de produção de Biogás criada a partir dos refeitos do gado. Foto: Fernando Maia
Usina de produção de Biogás criada a partir dos refeitos do gado. Foto: Fernando Maia

O grupo é um bom exemplo do cenário da pecuária brasileira em expansão. As fazendas reúnem gados de corte e leite, produção de adubos, biogás e alimentos usados na alimentação do rebanho. Com isso, além do aumento da produção de leite, o grupo vem conseguindo trabalhar de forma mais intensiva com o gado de corte, a maioria em sistema a pasto. No momento, já conseguem ter cerca de 2,5 animais por hectare, média bem acima do cenário nacional, mas esperam expandir a produção, sem utilizar uma área maior. Para isso, trabalham com melhoria genética, adubação da forragem, produção dos insumos e controle maior da alimentação dos animais. Assim, conseguem maior produtividade, em menor espaço, cumprindo as regras ambientais em um sistema mais sustentável, com as portas abertas para um futuro ainda mais promissor.
https://projetocolabora.com.br/sem-categoria/pecuaria-cresce-de-forma-intensiva-e-sustentavel/

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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