É a primeira vez que a entidade aponta para uma possível melhora nos números este ano.
De janeiro a abril, os supermercados apuraram leve alta de 0,24% nas vendas reais (índice deflacionado pelo IPCA medido pelo IBGE) interrompendo sucessivas retrações verificadas desde o ano passado. Ao se considerar as vendas nominais (sem descontar a inflação), a alta foi de 10,22%, segundo levantamento publicado ontem. «Os números [em valores reais] começam a se estabilizar, após oito meses de queda. Pode ser um indício de fim do ciclo de retração nas vendas verificado no passado. É possível que tenhamos começado a encontrar o caminho do crescimento outra vez», disse Sussumu Honda, presidente do conselho consultivo da entidade.
Honda ressaltou que a Abras deve aguardar os números do acumulado do primeiro semestre para verificar tendência e definir se vai revisar a atual previsão da entidade para 2016, de queda real de 1,8% nas vendas. Em relatório, Guilherme Assis, analista do Brasil Plural, ressaltou que, apesar da retração anunciada, de 2,5% nas vendas reais do setor em abril (em comparação com a base forte de abril de 2015), há sinais que indicam que o processo mais intenso de busca do consumidor por produtos mais baratos pode ter, «finalmente», perdido força e atingido o ponto de inflexão.
Os dados coletados pela Abras envolvem números de redes que também operam no atacarejo, o que pode ajudar a puxar para cima essa taxa de crescimento. A Abras não publica dados de rentabilidade do setor, mas como há um aumento do peso do atacarejo nos resultados (e este segmento opera com margens mais baixas), o varejo alimentar pode voltar a crescer no país, mas com níveis de lucratividade mais baixos, dizem os especialistas.
Ainda há uma cautela por parte das lideranças da Abras em relação a uma análise mais otimista dos indicadores por conta dos efeitos de uma possível piora nos índices de desemprego no país nos próximos meses. A venda de alimentos tem relação mais direta com geração de renda do que com aumento de crédito. Dias atrás, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles disse que a taxa de desemprego no país pode atingir 14% no fim do ano se medidas no campo econômico não forem tomadas.
A partir de fevereiro do ano passado, indicadores da Abras mostraram que a taxa de crescimento do setor começou a diminuir, gradativamente, mês a mês, até que em julho de 2015, o acumulado do ano ficou negativo (em 0,2%), e a retração foi se acentuando. No acumulado do ano passado, o setor registrou queda real de 1,9% nas vendas, pior desempenho desde 2006.
As informações são do jornal Valor Econômico, resumidas pela Equipe MilkPoint.