Leite: Exportação do agronegócio cai em 2014 e não compensa déficit do País

O volume exportado pelo agronegócio em 2014 diminuiu, o que não ocorria desde 2008.
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Conforme índices calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, a queda foi de 6% comparativamente a 2013. O mesmo aconteceu com os preços em dólares, que baixaram em média 1%. No entanto, a desvalorização de 1,4% do Real frente às moedas dos seus principais compradores ainda permitiu ligeiro aumento de 0,3% da atratividade das vendas externas ao longo do ano.

No acumulado de 2014, cálculos do Cepea apontam que o faturamento externo do setor ficou na casa de US$ 98 bilhões, cerca de 3% menor que o obtido em 2013. O superávit da balança comercial do agronegócio também diminuiu, para aproximadamente US$ 80 bilhões, insuficiente para compensar todo o déficit comercial gerado pelos outros setores da economia, de aproximadamente US$ 4 bilhões no agregado.

Conforme o Índice de Volume Exportado do Cepea (IVE/Cepea), entre 2013 e 2014, foram expressivas as quedas de etanol (-51,9%), milho (-22,4%), açúcar (-11,1%) e suco de laranja (-9,06%); outros produtos tiveram reduções menos acentuadas, como frutas (-5,68%), carne de suínos (-4,4%) e celulose (-2,09%). Por outro lado, houve aumento do volume embarcado de café (+16%), madeira (+12%), soja em grão (+6,77%), carne bovina (+3,68), farelo de soja (+2,88%) e carnes de aves (+1,51%).

Em termos de preços de exportação (em dólar), houve recuo para a maior parte dos principais produtos do agronegócio em 2014. Segundo o Índice de Preços de Exportação do Cepea (IPE /Cepea), as retrações mais intensas no comparativo com 2013 foram as do milho (-20%), óleo de soja (-13,66%), açúcar (-10,1%), madeira (-6,6%), suco de laranja (-5,8%), soja em grão (-4,4%), carne de aves (-4,1%) e celulose (-0,6%). Já entre as que tiveram aumento de preços, o destaque é a carne suína (+22,37%); o café (+8,8%), a carne bovina (+4,2%) e frutas (+1,6%) também tiveram avanços no comparativo das médias anuais. As cotações se mostraram praticamente estáveis para farelo de soja (0,18%) e etanol (0,1%). Com a ajuda do câmbio, celulose, farelo de soja e etanol conseguiram ter pequena elevação do seu índice de atratividade (IAT/Cepea) – gráfico no final do texto.

A China se manteve na liderança como principal parceiro comercial do agronegócio brasileiro, respondendo por 22,8% do faturamento total obtido pelo setor. Em segundo lugar, continuaram os países que compõem a Zona do Euro, com participação de 20,9% na receita gerada, percentual ligeiramente superior ao do ano anterior, que foi de 20,7%. Os Estados Unidos se mantiveram em terceiro lugar, com 7,4% do total exportado pelo agronegócio brasileiro. Outros importantes demandantes foram: Rússia, Hong Kong, Venezuela, Japão, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Egito.

A pauta dos produtos exportados para a China se mostrou extremamente concentrada no grupo de cereais, leguminosas e oleaginosas (74,7% do total), em especial a soja em grão – US$ 16,7 bilhões em 2014. Do total exportado pelo agronegócio brasileiro para a Zona do Euro, 37% da receita também foi originada pelo do grupo dos cereais, leguminosas e oleaginosas, cujo valor das vendas somou US$ 7,7 bilhões; o café, as frutas e produtos florestais também tiveram expressiva representatividade nas vendas para os países da Zona do Euro. Para os Estados Unidos, os produtos florestais foram o principal grupo, respondendo por 30,7% do total, seguidos pelo café (19%), carne e outros derivados de bovinos (10,7%), açúcar e outros produtos da cana (9,3%) e frutas (8,5%).

Portanto, o complexo da soja se manteve na liderança das exportações brasileiras de produtos agropecuários, seguido do setor de carnes (bovina, de aves e de suínos); em terceiro lugar, ficou o setor de produtos florestais, que superou o sucroalcooleiro, quarto lugar em 2014, e o do café, em quinto.

Comparativamente a 2013, os produtos do setor de bovinos aumentaram sua participação na pauta de exportações agro de 11,1% para 12,7%. Por outro lado, o setor sucroalcooleiro, que teve um ano difícil, perdeu participação, recuando de 13,6% para 10,6%. O setor do café também teve em 2014 um ano mais positivo do que 2013 e apresentou crescimento de 5,6% para 7,2% no faturamento total do setor. O grupo dos cereais/leguminosas/oleaginosas – com destaque para a soja em grão – teve redução de um ponto percentual, passando de 36,4% para 35,4% por conta das quedas de preços. O grupo de aves e suínos que viveu um ano favorável em 2014 manteve participação praticamente estável, crescendo pouco de 9,3% para 9,6%.

Perspectivas
Projeções do Cepea indicam que a produção agropecuária brasileira deve continuar crescendo em 2015, assim como a demanda da China e Índia, embora a taxas menores. Há crescimento mais robusto vindo dos Estados Unidos e Reino Unido, importantes parceiros comerciais do Brasil. Há, também, expectativas de que o Real continue se desvalorizando. Pesquisadores do Centro consideram que haverá novo aumento dos embarques do complexo da soja, mesmo que os preços se mantenham em patamares inferiores aos de 2014. O setor sucroalcooleiro deve ter alguma recuperação em relação ao ano anterior, e os setores de carne, café e suco de laranja também podem se favorecer de preços mais elevados.

Sendo assim, segundo a equipe Cepea, há fundamentos para que o cenário seja positivo para as exportações agropecuárias brasileiras neste ano, com espaço para recuperação das perdas ocorridas em 2014. Por outro lado, ponderam que a queda dos preços do petróleo, que já tem dificultado as importações dos produtos brasileiros por parceiros relevantes como Rússia e Venezuela, e problemas econômicos generalizados da Argentina e Egito podem limitar a comercialização com esses países. Paralelamente, deve ser levado em conta que eventos climáticos podem comprometer parte da produção agropecuária.

http://www.expressomt.com.br/economia-agronegocio/exportacao-do-agronegocio-cai-em-2014-e–123723.html

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Así lo expresó Domingo Possetto, secretario de la seccional Rafaela, quien además, afirmó que a los productores «habitualmente los ignoran los gobiernos». Además, reconoció la labor de los empresarios de las firmas locales y aseguró que están «esperanzados» con la negociación entre SanCor y Adecoagro.

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